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Dia Mundial do Turismo: reflexões e considerações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

No primeiro semestre desse ano, o turismo internacional cresceu 4%. Os números apontam para a manutenção da tendência, que já se repete há oito anos, de crescimento do setor bastante acima das taxas de elevação do PIB mundial.

Nos últimos cinco anos, de todos os empregos criados no mundo, 20% foram no turismo. Estamos falando de um setor que é responsável por 10% da economia global e que tem demonstrado fortíssima resiliência, crescendo de maneira consistente mesmo diante das incertezas internacionais, sejam elas econômicas ou políticas.

Isso é motivo, sim, para muitos países comemorarem, mas, infelizmente, parece que o Brasil resolveu não participar dessa festa.

Enquanto a Europa, os Estados Unidos e os países asiáticos reconhecem o papel do turismo no fortalecimento dos seus PIBs, na geração de emprego de qualidade, na movimentação de riquezas e de culturas, nós temos que nos conformar com a pequenez do turismo internacional em nossas terras.

Enquanto globalmente o crescimento é nítido, as viagens internacionais destinadas ao Brasil tiveram queda de 5% nos primeiros seis meses de 2019.

Apesar de sermos líderes mundiais em biodiversidade e campeões globais de atrativos naturais, seguimos sendo apenas figurantes no Dia Mundial do Turismo, comemorado na última sexta feira, 27 de setembro, por uma série de razões internas.

Nunca foi tão fácil viajar como hoje. Mas o estrangeiro que quer conhecer o Cristo tem medo de ser apresentado também a uma arma de fogo e de acabar voltando para casa num caixão. Ele tem medo de chegar aqui e não conseguir se deslocar no nosso território, gigantesco, escassamente conectado e com poucos habitantes bilíngues. O empresário internacional do turismo teme explorar o Brasil, porque não sabe se vai conseguir se situar e pagar as contas nesse nosso enorme labirinto logístico e fiscal.

Em um índice, que analisa 136 países no quesito priorização do turismo, ocupamos a posição 106, lá no final da fila. A escolha de colocar ou não o setor em primeiro plano está em nossas mãos. Podemos optar por seguirmos nos afastando das melhores práticas mundiais, mas temos que estar cientes de que isso equivale a continuar jogando dólar pelo ralo dos nossos aeroportos e portos.

Vamos falar também de coisa boa. Vamos comemorar a alta de quase 4% do turismo doméstico em 2018. Vamos festejar o fato de que, conforme uma pesquisa do Ministério do Turismo, no fim da viagem, 95% dos turistas estrangeiros demonstram intenção de voltar ao Brasil.

Gostaríamos de ter mais motivos para comemorar. Mas enquanto essas razões não aparecem por aqui, usemos o Dia Mundial para refletir sobre como o turismo, para além de todos esses benefícios econômicos, provoca um exercício de respeito à alteridade, de conhecimento da história dos povos, de admiração por outras culturas, aspectos tão centrais nesses tempos de migrações e de naturalização das reações xenofóbicas.

Dizem que as viagens continuam por muito tempo presentes no espírito dos viajantes depois de os movimentos no espaço e no tempo terem cessado. Esperamos que, desfeitas as malas dessas viagens pelo Brasil, os turistas continuem encantados e ecoando, aqui dentro e lá fora, nossa cultura, nossas praias, nossas florestas, nossas cachoeiras, nossa fauna e nosso povo. Nosso País precisa disso e é exatamente isso que cada brasileiro merece. Viva o Dia Mundial do Turismo.

Hildo Rocha

Deputado federal pelo MDB

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