Onda criminosa

Criminosos desafiam segurança pública na cidade de Imperatriz

Policiamento é reforçado na segunda maior cidade do Maranhão, para tentar conter onda de crimes; nesta quinta-feira, mais dois homicídios e três tentativas

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Fernanda Lopes, que foi morta a tiros na cidade de Imperatriz
Fernanda Lopes, que foi morta a tiros na cidade de Imperatriz (Fernanda)

IMPERATRIZ - As forças de segurança pública deflagraram guerra de combate a onda de violência instalada em Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão. Somente neste mês, vinte pessoas foram assassinadas no município, a maioria com características de execução. No mês passado, ocorreram apenas oito mortes violentas. Para a polícia, este mês é considerado o mais violento de 2019.

O rastros de criminalidade foi evidenciado na noite de quinta-feira, 26, com o registro de duas execuções e três tentativas de assassinatos ocorridos em pontos diferentes da cidade. Uma das vítimas dessa noite sangrenta foi Fernanda Lopes de Oliveira, de 25 anos.

A polícia informou que ela tinha passagem pelo Poder Judiciário por envolvimento com a venda de droga. Fernanda Lopes levou três tiros por homens não identificados, no bairro do Bacuri, e morreu dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) quando era levada para o hospital. Há possibilidade de esse crime ter sido praticado por faccionados e está sendo investigado pela Polícia Civil.

A outra vítima foi Dorian dos Santos Lopes, idade não revelada, que segundo a polícia, também tinha passagem pela Justiça. Ele foi baleado na cabeça e no tórax no centro da cidade. A vítima recebeu atendimento dos socorristas do Samu ainda no local, mas morreu ao dar entrada no Hospital Municipal de Imperatriz (HMI).

Ato de criminalidade também foi registrado no loteamento Colinas Parque. A vítima foi Davi Feitosa da Silva, de 33 anos, baleado no pescoço e corre risco de morte no HMI. O outro caso de tentativa de homicídio ocorreu no residencial Sebastião Regis. Eduardo Ferreira dos Santos, de 22 anos, foi alvejado no braço e no abdômen.

A terceira tentativa de assassinato ocorreu no bairro Aírton Sena e teve como vítima Guilherme Gomes da Silva, de 22 anos. Ele levou um golpe de faca no pescoço e o acusado fugiu após o crime. A vítima está internada no HMI e o seu estado continua grave.

Operação

A cidade de Imperatriz, São Luís e Vitória do Mearim e na capital do Estado do Tocantins e em cidades do Mato Grosso do Sul, como Dourados e Três Lagos, foram locais onde a Polícia Federal realizou, nesta sexta-feira, 27, a operação Letum.

Essa diligência tinha como objetivo desarticular uma organização criminosa, comandada por presidiários, especializada no tráfico de droga, comércio de armas de grosso calibre e de assassinar membros de facções rivais, policiais, agentes penitenciários e demais integrantes da segurança pública que entendam serem contrários aos seus objetivos. “As lideranças desse grupo estavam na cidade de Imperatriz”, explicou o delegado Sandro Jansen.

Mais de 100 policiais federais cumpriram durante a operação 30 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão. O delegado informou que as investigações foram iniciadas em razão da apuração de um homicídio, ocorrido no dia 3 de junho deste ano, que resultou na identificação de um braço da organização criminosa responsável por eliminar rivais.

Ainda durante a investigação ficou constatado que o bando criminoso era dividido de forma bem estruturado e cada integrante era responsável por uma determinada missão. Um deles tinha a função de planejar os assassinatos, enquanto outros apenas executavam.

A polícia identificou mais de 20 casos de homicídios consumados e tentados realizados por esses quadrilheiros ocorridos de junho até setembro deste ano nos estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso do Sul. “Os internos por meio do telefone passavam as determinações e determinavam quem seria executado”, disse o delegado.

Policiamento reforçado

“o número de pessoas mortas em Imperatriz aumentou após a saída de presos da unidade prisional da cidade”, afirmou o coronel Heron dos Santos, comandante do Policiamento do Interior da Polícia Militar, em entrevista à Mirante AM. Ele frisou que a maioria das vítimas tinha ligação com facções criminosas e o tráfico de droga.

O coronel informou que o policiamento ostensivo tem sido realizado na Região Tocantina, principalmente por meio de barreiras e incursões em vários pontos da cidade. Ainda nesta sexta-feira, 27, os oficiais da corporação militar estavam reunidos, planejando novas estratégias e ações de segurança para a cidade e discutiam, ainda, o reforço policial, principalmente nas áreas consideradas de risco. “A polícia trabalha dentro da legalidade e estamos na busca de reestabelecer a sensação de segurança na região”, disse Heron dos Santos.

Operações

O tenente-coronel Renato Campos, comandante do 14ª Batalhão da Polícia Militar, declarou que, pelo menos, três operações são realizadas diariamente em Imperatriz e áreas adjacentes. Uma delas a operação Tornado, que no decorrer de uma semana apreendeu 11 armas de fogo, mais de 20 motocicletas recuperadas e estourado três locais de fabricação de armas para faccionados.

A outra operação é a Inquietação, que segundo Renato Campos, é realizada em Imperatriz e nas regiões adjacentes, que tem como foco, combater o tráfico de droga e tirar foragidos de circulação. Também está sendo realizada a operação Alvorada da Paz com início nas primeiras horas do dia. “Essa operação tem como objetivo proporcionar segurança para as pessoas que circulam na cidade no começo da manhã”, explicou o tenente-coronel.

Número

20

é o número de assassinatos registrados este mês em Imperatriz, segundo dados da secretaria de Segurança Pública.

Entenda

Vítimas da noite de quinta-feira, 26, em Imperatriz

Bacuri: Fernanda Lopes de Oliveira morta a tiros;

No Centro: Dorian dos Santos Lopes;

Colinas Parque: Davi Feitosa da Silva baleado no pescoço;

Sebastião Regis: Eduardo Ferreira dos Santos, alvejado no braço e abdômen;

Aírton Sena: Guilherme Gomes da Silva, golpeado de faca no pescoço

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