Processo de impeachment

Denúncia contra Donald Trump é ''sem precedentes'' , diz Maguire

Em testemunho à Comissão de Inteligência da Câmara, o diretor interino da Inteligência Nacional, Joseph Maguire, disse que seguiu os procedimentos estabelecidos pela lei; ele negou ter preferências políticas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Joseph Maguire participa de sessão da Comissão de Inteligência da Câmara
Joseph Maguire participa de sessão da Comissão de Inteligência da Câmara (Reuters)

WASHINGTON - O diretor interino da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Joseph Maguire , disse que a denúncia contra o presidente Donald Trump é "importante" e "caso único e sem precedentes", mas que não era legalmente obrigado a compartilhá-la com o Congresso. Durante testemunho à Comissão de Inteligência da Câmara, Maguire disse ainda acreditar que o informante que realizou a queixa contra o presidente agiu de "boa-fé, de acordo com a lei e seguindo procedimentos".

"Eu acredito que tudo aqui é sem precedentes", disse Maguire, que negou ter preferências políticas. "É [uma denúncia] urgente e importante, mas meu trabalho era cumprir a lei".

Por mais de três horas, Maguire, um almirante reformado que assumiu o cargo há pouco mais de um mês, respondeu a perguntas dos deputados, defendendo a forma como lidou com o caso e se justificando por não ter encaminhado a queixa para a comissão, como é de praxe.

Quando questionado se era prudente falar com a Casa Branca sobre uma denúncia contra o presidente, Maguire afirmou que este é o procedimento padrão. Somente o governo dos EUA, ele alegou, poderia determinar se havia ou não privilégio executivo no conteúdo do telefonema entre Trump e Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia — conversa central relatada na denúncia do informante , um funcionário da Inteligência de identidade desconhecida.

O chefe da Inteligência esquivou-se ainda de afirmar se teria ou não conversado com Trump sobre a denúncia, afirmando que suas conversas com o presidente são sigilosas. Ele disse também que, em nenhum momento, foi orientado pela Casa Branca para não enviar a queixa para o Congresso.

" Minhas conversas com o presidente, porque eu sou diretor da Inteligência Nacional, são sigilosas", disse Maguire. "Seria impróprio para mim, porque destruiria minha relação com o presidente em questões de inteligência, divulgar o conteúdo de nossas conversas".

Em seu depoimento, o chefe da Inteligência disse em diversas oportunidades que o informante seguiu os procedimentos corretos para denunciar algo que achou impróprio e que acredita que esta pessoa tenha agido de "boa-fé".

Ele disse ainda não conhecer a identidade do informante, mas que está trabalhando com sua defesa para garantir que esta pessoa possa testemunhar ao Congresso. Segundo Maguire, nem o presidente nem a Casa Branca pediram maiores detalhes sobre quem seria o funcionário.

Perguntado sobre o conteúdo da denúncia, que acusa Trump de tentar fazer a Ucrânia interferir nas eleições de 2020, Maguire disse que a maior preocupação da Inteligência, neste momento, "é manter a integridade do sistema eleitoral americano".

De acordo com a lei

No centro do processo, a denúncia anônima diz respeito a uma ligação entre Donald Trump e Zelensky, na qual Trump pediu para o ucraniano investigar denúncias contra Joe Biden, ex-vice-presidente dos EUA e candidato à nomeação democrata para a eleição presidencial.

O informante, que não presenciou pessoalmente o telefonema, temendo que o presidente americano tivesse violado a lei, notificou o inspetor-geral da Inteligência Nacional, Michael Atkins.

Atkins, por sua vez, determinou que a queixa tratava de uma "questão urgente" — algo definido pela lei americana como "um problema sério ou flagrante, abuso ou violações da lei" — e aparentava ter credibilidade.

Seguindo o procedimento padrão, a queixa foi encaminhada para Maguire que, segundo a legislação, teria sete dias para encaminhá-la para as Comissões de Inteligência do Senado e da Câmara.

O escritório do diretor, no entanto, afirmou ao inspetor-geral que a questão não estava dentro dos termos que estabelecem uma "questão urgente" por não envolverem um membro da Inteligência. Atkinson, em resposta, disse não concordar com a decisão, mas que era obrigado a respeitá-la. O caso acabou vindo à tona após denúncias nos jornais Washington Post e Wall Street Journal.

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