Cultura popular

Bumba meu boi e o universo indígena em montagem

Grupo Cupuaçu, fundado pelo maranhense Tião Carvalho, estreará em outubro novo espetáculo com agenda de apresentações em São Paulo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Tião Carvalho assina a direção geral do espetáculo
Tião Carvalho assina a direção geral do espetáculo (Tião Carvalho)

São Luís - “Brasil Terreiro” é o nome do novo espetáculo que o Cupuaçu de Danças Brasileiras se prepara para estrear em outubro em São Paulo. A montagem tem direção geral do cantor e compositor maranhense Tião Carvalho. O grupo, que é sediado naquela cidade, onde faz a tradicional Festa do Boi no Morro do Querosene, une o universo do bumba meu boi e suas raízes africanas e canta a chegada dos indígenas na dança, música e ritmo que formam esta festa popular.

O grupo Cupuaçu de Danças Brasileiras, com o novo espetáculo pensado para ser apresentado tanto na rua quanto no palco, avança para conhecer outras matrizes migrantes que dançam, no caso, a dos índios que estão integrados no folguedo do bumba meu boi.

O espetáculo “Brasil Terreiro” narrará, dentro do universo de danças do bumba meu boi - que inclui o lelê, cacuriá, tambor de crioula, além do próprio auto do boi - o nascimento do folguedo desde a África até a chegada dos indígenas no auto e sua influência na dança.

O cantor, músico e fundador do grupo Cupuaçu, Tião Carvalho, que assina a direção geral deste espetáculo, explica que o grupo esteve, nos últimos meses, em encontros brincantes com migrantes sul-africanos, senegaleses e na casa de povos originários guaranis. “Nossa pesquisa brincada nos leva ao espetáculo. Todos esses personagens dançam em nosso espetáculo, com o que chamamos de ‘técnica ritual de dança’, contemplada pela 25ª Edição do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo. Teremos também representantes de outras matrizes dançantes: africanos refugiados e Guaranis com os quais estivemos brincando e dançando nos últimos meses. Os Guaranis da aldeia Tokoa Yvi Porâ, do Jaraguá; o senegalês muçulmano Carballa, além da sul-africana Nduduzo Godensia Dlamini estarão no espetáculo”, diz.

Para ele, o bumba meu boi é como um teatro de rua que traz uma pequena orquestra de instrumentos e esta reproduz um universo de sons de uma manada de bois avançando, assim como vaqueiros encantados dançando entre fitas coloridas e criando outro corpo que dança. Traz também personagens misteriosos indígenas que dançam protegendo o boi. “Nosso espetáculo, manifestação popular, traz, em seu núcleo, palhaços de cara preta que reproduzem as condições trabalhistas ainda no tempo da escravatura. Um amo cantador que é o maestro da orquestra. Enfim, o bumba meu boi existe em muitos lugares no mundo, pois acompanhou o homem escravizado em sua trajetória desde a África até a América Latina”, pontua Carvalho.

Serão 15 apresentações em lugares mais distantes do centro de São Paulo e também no centro velho da cidade, onde circulam os trabalhadores. Compõem o elenco cerca de 20 pessoas entre antigos brincantes e novos, além de migrantes que tocam e dançam e de aprendizes no apoio do espetáculo. O espetáculo é amparado pelo Fomento à Dança da Cidade de São Paulo e tem agenda fechada para até novembro, em São Paulo.

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