Operação Constelação

Câmara: Astro nega crimes sexuais e renuncia a cargo na Comissão de Ética

Vereador falou na Câmara pela primeira vez após a Operação Constelação, se diz perseguido e afirmou ser frágil o inquérito que o investiga por pedofilia

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Astro de Ogum falou pela primeira vez na Câmara de São Luís, após Operação Constelação da Polícia Civil
Astro de Ogum falou pela primeira vez na Câmara de São Luís, após Operação Constelação da Polícia Civil (Astro de Ogum)

O 1º vice-presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Astro de Ogum (PL), manifestou-se ontem, em discurso na Casa, sobre a recente operação da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic), em sua residência no Olho d’Água, que culminou com a prisão de dois de seus assessores, além da confirmação de que ele é um dos investigados no âmbito da Operação Constelação.

O parlamentar disse que não queria parecer uma vítima diante dos pares, mas se disse “angustiado” ao ver seu nome vinculado a denúncia de pedofilia.

“Não estou aqui para ser vítima e nem quero que ninguém me olhe dessa forma. Resta a mim lutar pela minha inocência daquilo que fui acusado. Pesou-me muito quando determinado delegado chamou o nome pedófilo. Foi pesado, foi angustiante. Foi o que mais pesou”, declarou.

Ogum acrescentou que, ao ser preso – ele pagou fiança e acabou liberado no mesmo dia –, lembrou das denúncias do delegado Ney Anderson Gaspar contra o Sistema de Segurança estadual. “Naquela época [das revelações do delegado], nem quis acreditar”, disse. Gaspar foi quem denunciou que Astro estaria sendo investigado a partir de um grampo ilegal.

Sem pedofilia

Ainda de acordo com o vereador, o que inicialmente era investigado como crime de pedofilia passou a ser apurado como crime tecnológico, em virtude do uso de perfil falso em rede social para atrair supostas vítimas.

O parlamentar, no entanto, também negou que tenha qualquer participação nesse caso. “Um personagem criado, que eu nunca participei, não sei quem é”, disse.

Ogum acrescentou que tem pouca intimidade com “mundo tecnológico” que usa um site apenas para jogar poker.
“No mundo tecnológico, eu tenho as minhas limitações, não me adequei ainda ao sistema do novo mundo tecnológico. Tenho um site no meu notebook, que eu jogo Pokerstars. Jogo assim que tenho um tempo. Então, na tecnologia, não tenho nada a ver com essa história”, reiterou.

Num momento de maior exaltação, voltou a negar envolvimento em “falcatruas”, se disse perseguido e renunciou ao cargo que ocupava na Comissão de Ética da Câmara. “Eu não tenho falcatruas, eu não cometo falcatruas. Sou perseguido. Hoje venho prestar contas e aproveito o momento para renunciar à Comissão de Ética que faço parte nessa Cassa. Que seja cumprido o meu pedido”, destacou.
Segundo ele, a decisão foi tomada para que o colegiado possa acompanhar com isenção as investigações da Operação Constelação. Astro, no entanto, insinuou que até agora, a Comissão não funcionou como deveria.

“Se a Comissão de Ética deve acompanhar o inquérito contra mim, que sejam tomadas as providências necessárias. De mim, não haverá um pedido à Comissão de Ética para encobrir qualquer coisa da minha pessoa. Eu espero que ela funcione bem nesse caso, e que passe a funcionar bem também para muitas coisas que já estão por aí e que devem chegar muito mais. Não faço mais parte da Comissão de Ética dentro da Câmara Municipal de São Luís”, acrescentou.

Perfil fake era usado para atrair alvos, diz polícia

Quando do desencadeamento da fase ostensiva da Operação Constelação, no início do mês de setembro, homens da Polícia Civil cumpriram, na residência de Astro de Ogum, mandados de busca e apreensão e de prisão contra dois assessores do parlamentar - identificados como Raimundo Costa e Raíssa Mendonça. Eles acabaram levando também o vereador após encontrar um revólver na casa.

Astro foi ouvido, pagou fiança de dois salários mínimos e deixou a Seic. Ele nega qualquer participação em crimes supostamente cometidos pelos seus auxiliares.

O caso começou a ser investigado após um jovem denunciar que teria sido vítima de extorsão por parte dos dois assessores de Astro. O rapaz revelou ter sido atraído pela dupla por meio de um perfil fake de uma mulher no Instagram. Após conversas iniciais, ele encaminhou nudes (fo­tos íntimas sem roupa) e, então, começou a ser pressionado a manter relações sexuais com Raimundo Costa e Raíssa Mendonça, sob pena de ter suas fotos íntimas expostas.

Segundo o delegado Armando Pacheco, superintendente da Seic, a vítima também citou Astro de Ogum.

“A vítima não tinha histórico de homossexualismo e, para não ter essas fotos divulgadas, ela manteve relação sexual com os dois presos, a Raíssa e com o Raimundo Costa, conhecido como ‘Filho’, e também aponta em seu depoimento que foi obrigado a manter relações sexuais com o vereador Astro de Ogum”, declarou o delegado, que confirmou, ainda, que Astro de Ogum também figura como investigado no caso – ele seria ouvido nos próximos dias pela polícia.

Ainda de acordo com o inquérito, no curso da investigação descobriu-se uma rede de agenciamento de menores, com cobrança de percentuais por programas realizados. Festas organizadas por WhatsApp também eram realizadas com as vítimas em motéis da cidade.

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