Calor

Temperaturas elevadas no sul do estado aumentam risco de queimadas

Temperatura chegou a 40ºC na cidade de Carolina nesta segunda-feira, 23; Núcleo Geoambiental da Uema informou que as chuvas só começarão na região sul a partir de outubro; em São Luís, a temperatura varia de 25ºC a 34ºC

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Altas temperaturas  podem provocar surgimento de queimadas
Altas temperaturas podem provocar surgimento de queimadas (alta temperatura)

A previsão do tempo para a segunda-feira, 23, no Maranhão, variou de 21ºC para 40ºC, como indicou o Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). A temperatura máxima atingiu a região sul, alcançando municípios como Balsas, Carolina, Riachão e Loreto. Com o forte calor, o risco de queimadas aumenta consideravelmente, sendo favorecido pela vegetação seca, como está ocorrendo naquela parte do estado.
Cabe ressaltar que, em São Luís, a temperatura variou ontem de 25ºC para 34ºC. O céu ficou parcialmente nublado, segundo a previsão do Laboratório de Meteorologia da Uema.

O professor Gunter de Azevedo Reschke, chefe do Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Uema, esclareceu que, embora a previsão mostrasse 40ºC como a máxima para a cidade de Carolina, no sul do Maranhão, essa temperatura elevada é comum para aquela parte do estado nesta época do ano. Segundo ele, a temperatura pode até alcançar 41ºC, dependendo de algumas circunstâncias.

“Naquela região, como Balsas, Loreto, Riachão e Carolina, isso é comum neste período do ano. Não é alarmante. Nesse período que a gente está atravessando no Maranhão, sempre acontece. Pega 39ºC, 39,5ºC e até 41ºC. Aquela região está muito seca. E quando fica 40ºC, está dando até abaixo de 20% da umidade relativa do ar”, explicou Gunter. O professor contou que as temperaturas ficam elevadas nos meses de junho, julho, agosto e setembro.

“É típico desta época. A partir de outubro, sobretudo da segunda quinzena, talvez esta situação seja revertida, quando as temperaturas ficam mais amenas e a umidade relativa do ar tende a aumentar”, pontuou o chefe do Labmet. Segundo ele, a vegetação fica muito seca, e o solo passa por um fenômeno que é conhecido como estresse hídrico, ou seja, não há água. Ademais, a radiação atinge o ambiente o tempo todo, do nascer ao pôr do sol.

“A radiação não para. Parte desse calor, que nós chamamos de calor sensível, é utilizado para aquecer o ar. A temperatura do ar, então, tende a aumentar, logicamente”, frisou o professor Gunter, ressaltando que a temperatura fica mínima na região sul entre 5h e 6h. Já entre 14h e 15h, atinge 40ºC. “No fim da madrugada, cai muito. A amplitude térmica chega a mais de 25ºC. As primeiras chuvas só começarão de novo ali a partir de outubro. Mas não no Centro-Norte, onde as chuvas começarão no início de 2020”, assinalou ele.

Com o aumento da temperatura, as pessoas tentam se proteger de qualquer forma. Nas ruas, utilizam guarda-chuvas, com o intuito de evitar a luz solar. É comum esta cena, tanto na capital como no interior maranhense.

Risco de queimadas
Conforme o professor Gunter de Azevedo, esse fenômeno de aumento da temperatura acontece todos os anos. A vegetação fica seca. A umidade relativa do ar despenca. Nesse cenário, as áreas cobertas pelo mato ficam vulneráveis às queimadas. “Uma garrafa de vidro jogada em terreno baldio, com vegetação rasteira seca, pode gerar combustão, com a luminosidade solar. Não é preciso bituca de cigarro para isso. Com o vento, o fogo se alastra muito rápido”, observou.
Com o solo em estresse hídrico, toda a água vai para atmosfera na evaporização, como o professor explicou. “Assim, qualquer faísca pega fogo”, enfatizou ele.

Operações
Equipes do Exército e do CBM continuam no interior maranhense realizando ações de combate às queimadas na operação “Maranhão Sem Queimadas” e “Operação Verde Brasil”. Os militares do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS) estão concentrados no município de Mirador, devido à demanda. Mas estavam atuando, também, em Humberto de Campos e na Região dos Cocais em parceria com os bombeiros militares, Centro Tático Aéreo (CTA) e Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).

“Os militares permanecem em Mirador. Só é deslocada uma outra fração de militares quando se apresentam focos de queimadas graves em determinada região. Naquela cidade, o nosso efetivo é de 35 homens”, disse o capitão George, chefe da Comunicação Social do 24º BIS. A atuação dessas equipes já conseguiu, recentemente, reduzir em 90% os índices de focos de incêndios florestais no Maranhão, durante 12 dias de operação conjunta.

O CBM informou, em nota, que o Maranhão encontra-se em 6º lugar no ranking nacional de focos de calor, conforme banco de dados do Inpe. Os municípios com maior número de focos são: Alto Parnaíba, Barra do Corda, Grajaú, Jenipapo dos Vieiras e Mirador.

O Corpo de Bombeiros reforça que, a partir do dia 26, realizará uma sequência de ações, em parceria com diversos órgãos e secretarias, para promover o Dia D de Combate às Queimadas e ao Uso do Fogo Irregular com palestras, instruções, práticas e informações com objetivo de orientar as comunidades dos municípios que vivenciam a problemática de incêndio em vegetação por todo o Maranhão.

SAIBA MAIS

Causas para as queimadas
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além da ação humana, as queimadas também podem ser causadas pelo tempo seco nas regiões. Conforme o órgão, 80% do território nacional fica sem chuva nesta época do ano, o que propicia ao fogo se espalhar na vegetação.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) diz que os efeitos desses incêndios são muitos, como a destruição da fauna e da flora, o empobrecimento do solo e a redução da penetração de água no subsolo. Regionalmente, as queimadas causam poluição atmosférica e alteram ou destroem o ecossistema, modificam a composição química da atmosfera e até mesmo do clima no planeta.

Desmatamentos
Outro problema que também contribui para as queimadas são os desmatamentos, que consistem na retirada parcial ou total da cobertura vegetal de um determinado lugar. A região sul do Maranhão não está isenta desse prática, que causa um enorme prejuízo para o meio ambiente. Segundo o BPA, para combater essa atividade ilegal, existe um trabalho conjunto com outros órgãos, como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Fundação Nacional do Índio (Funai). “O desmatamento é um combustível para as queimadas, alcançando folhas e galhos, por exemplo. O nosso efetivo, quando necessário, sai de São Luís. Mas sempre temos policiais militares do BPA no interior. Hoje, temos um grupo em Mirador e outro com o Ibama”, disse o tenente-coronel Juarez Medeiros, subcomandante do Batalhão de Polícia Ambiental.

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