Meio ambiente

Alemanha fecha pacote climático bilionário para alcançar metas

Governo reagiu aos protestos em centenas de cidades alemãs e aprovou medidas que podem fazer com que país alcance objetivos previstos até 2030

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Greve pelo Clima: Em Berlim, na Alemanha, manifestantes tomaram as ruas pedindo medidas contra o aquecimento global
Greve pelo Clima: Em Berlim, na Alemanha, manifestantes tomaram as ruas pedindo medidas contra o aquecimento global (Reuters)

BERLIM - Sob pressão de manifestações por toda a Alemanha, os partidos da frágil coalizão governamental de Angela Merkel finalmente concordaram, na sexta-feira,20, com os pontos-chave de uma estratégia para fazer frente às mudanças climáticas e alcançar as metas traçadas pelo país até 2030. Segundo a imprensa alemã, somente até 2023, o governo alemão deve investir 54 bilhões de euros nas medidas fechadas após intensas negociações.

O anúncio ocorreu enquanto dezenas de milhares de manifestantes se reuniram em Berlim, no icônico Portão de Brandenburgo, numa ação global em defesa do clima.

Os pontos importantes do acordo, conforme informado pelo diário alemão 'Sueddeutsche Zeitung' são:

- Preço do dióxido de carbono: o dióxido de carbono deve receber um preço e tornar a gasolina e o diesel, o óleo de aquecimento e o gás natural mais caros. Isso deve ser implementado de forma moderada inicialmente. Em 2021 deve ser instituído um preço fixo para os direitos de poluição de 10 euros por tonelada emitida. Até 2025, o preço deverá subir gradualmente para 35 euros. Somente então o preço dos direitos de poluição devem ser estabelecido pelo mercado e determinado dentro de um sistema de créditos de oferta e demanda. Esses direitos de poluição não serão transacionados pelos clientes finais, mas pelas empresas que fornecem combustíveis.

- Trem mais barato e passagens aéreas mais caras: a coalizão também acordou tornar as viagens de trem mais baratas e as de avião, mais caras. O imposto sobre passagens de trem de longa distância deverá cair de 19% para 7%. Já as taxas de tráfego aéreo para decolagens em aeroportos alemães devem ser aumentadas a partir de 1 de janeiro de 2020.

- Carros elétricos: para impulsionar a demanda por carros elétricos, o subsídio de compra oferecido pelo governo federal e pelos fabricantes deve ser aumentado para carros com preço inferior a 40.000 euros. O imposto sobre veículos na Alemanha deve ser mais direcionado para as emissões de carbono do que anteriormente. Os carros elétricos ficam isentos do imposto sobre veículos automotores até 2025.

- Aquecimento com óleo: qualquer alemão que substitua um aquecedor de óleo antigo por um modelo menos poluente vai receber um "prêmio de troca" de até 40%. A instalação de novos aquecedores a óleo deve ser proibida a partir de 2026 em edifícios onde a geração de calor sustentável é possível. Está previsto um incentivo fiscal para a reforma de edifícios para deixá-los mais eficientes na manutenção da temperatura.

- Eletricidade verde: para aumentar a aceitação de novas turbinas eólicas pelos municípios, as cidades devem receber no futuro um incentivo financeiro na operação desse tipo de instalação.

Pressão popular

A questão do financiamento é extremamente complicada pelo fato de o governo se recusar a contrair novas dívidas, de acordo com sua política orçamentária ortodoxa.

As negociações tropeçaram, em particular, em um modelo de tarifação das emissões de CO2, em que a gasolina, o diesel, gás de aquecimento ou óleo combustível poderiam ver seu preço subir.

A pressão sobre o governo de Merkel era grande: ela precisava responder às expectativas dos manifestantes, ao mesmo tempo que um acordo parece indispensável para a própria sobrevivência da coalizão.

O ministro social-democrata das Finanças, Olaf Scholz, relacionou diretamente a continuidade da coalizão à elaboração de "um grande projeto climático".

No início do ano, a Alemanha decidiu abandonar o carvão até 2038, mas ainda não programou o fechamentos das minas e centrais. Outro ponto delicado que deve ser resolvido até 2022 é o abandono da energia nuclear, decidido em 2011 após o desastre de Fukushima.

E, enquanto a poderosa indústria automobilística privilegiou por muito tempo veículos movidos a gasolina ou diesel, agora deve se dirigir para o elétrico.

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