Contra Teerã

Sauditas acusam Irã por ataque e Trump anuncia novas sanções

Riad divulga imagens de destroços de drones que supostamente teriam origem na República Islâmica; Pompeo afirma que ação foi um ''ato de guerra'' e Trump promete novas sanções até amanhã, 20

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Restos dos mísseis que foram usados nos ataques às instalações petrolíferas sauditas
Restos dos mísseis que foram usados nos ataques às instalações petrolíferas sauditas (Reuters)

WASHINGTON e RIAD — A Arábia Saudita afirmou, pela primeira vez, que o Irã está por trás dos ataques às suas instalações de petróleo no final de semana, exibindo destroços de drones que "inegavelmente" comprovariam a participação da República Islâmica nos incidentes. O anúncio aconteceu pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump , informar pelo Twitter que endurecerá ainda mais as sanções contra o Irã, sem explicar quais seriam as novas restrições.

Em uma entrevista coletiva em Riad, o porta-voz do Ministério da Defesa saudita mostrou destroços de drones e mísseis que alegou provarem a agressão iraniana. Segundo o representante do governo, um total de 25 drones e mísseis teriam sido utilizados nos ataques.

"As evidências que vocês têm à sua frente, elas fazem com que isso [a responsabilidade iraniana] seja inegável".

Lançamento

O coronel Turki al-Maliki disse ainda que os artefatos teriam sido lançados do norte — e não do Iêmen, no sul — e que a localização exata dos pontos de lançamento ainda está sendo investigada.

"A precisão do impacto do míssil de cruzeiro indica capacidade avançada, bem além da que os grupos aliados do Irã possuem ", afirmou al-Maliki, se referindo aos rebeldes houthis iemenitas, apoiados pelo Irã, que desde 2015 enfrentam uma ofensiva militar liderada pelos sauditas para desalojá-los do poder. Eles reivindicaram a autoria dos ataques.

Atos de guerra

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que chegou ontem a Riad para se reunir com o príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, endossou a versão saudita e chamou os ataques às refinarias de " atos de guerra ". No sábado, Pompeo foi o primeiro representante do alto escalão do governo americano a culpar o Irã diretamente pelos ataques. Nesta quarta, disse que as explosões "têm as digitais" do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.

Pouco antes, o presidente iraniano Hassan Rouhani disse que seu país não quer um conflito no Golfo Pérsico.

"Eles [EUA] querem impor uma pressão máxima contra o Irã através de calúnias. Não queremos conflito na região...quem deu início a esse conflito?", afirmou, se referindo à longa guerra travada no Iêmen, que conta com participação direta dos sauditas e indireta dos iranianos.

Embora Trump tenha afirmado que pediu ao secretário do Tesouro novas sanções contra os iranianos, não está claro como os Estados Unidos poderiam aumentar as punições a Teerã, que já é alvo de uma política de "pressão máxima" do governo americano, com o objetivo de reduzir a zero as exportações de petróleo da República Islâmica. A repórteres, disse que iria detalhar essas medidas nas " próximas 48 horas ". Em seguida, disse que há muitas opções e que há uma " última opção ", no caso, uma ação armada. Mas o próprio Trump sinalizou que não está nem um pouco disposto a isso.

Acordo nuclear

Desde maio de 2018, quando abandonou o acordo nuclear assinado entre o Irã e as principais potências globais, o governo Trump passou a sancionar todas as transações financeiras e comerciais com o país persa, exceto as que envolvem o comércio de remédios e alimentos. O chanceler do país, Mohammad Javad Zarif, e o líder espiritual, aiatolá Ali Khamenei, também foram alvos de sanções.

Ontem, em uma mensagem enviada a Washington por meio da embaixada da Suíça em Teerã, o Irã voltou a negar envolvimento nos ataques às refinarias sauditas e disse que qualquer ação militar contra o país terá resposta proporcional. O governo iraniano também informou que, até agora, os Estados Unidos não forneceram o visto para que o presidente Hassan Rouhani, possa participar da Assembleia Geral da ONU, que começa nesta semana em Nova York e onde os chefes de Estado e governo discursarão a partir da próxima terça-feira.

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