Vandalismo

Imagem de Santuário em São José de Ribamar é depredada

Santa Bernadette e Jesus, cujas imagens localizadas na gruta do santo padroeiro, foram danificas no último domingo,15; relatos de testemunhas apontam dependente química, em situação de rua, como autora de vandalismo

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

SÃO LUÍS - Os festejos de São José de Ribamar, este ano, na cidade que leva o nome do padroeiro maranhense, ocorrem, desde o último domingo, 15, com a ausência de uma imagem simbólica para os devotos. Isto porque a imagem de Santa Bernadette, que há mais de 60 anos permanecia na gruta do Santuário, como parte do acervo dedicado ao santo, foi destruída. Além da santa, a imagem de Jesus também foi danificada e teve as partes quebradas furtadas. De acordo com testemunhas, o ato foi causado por uma dependente química em situação de rua, durante uma crise.

Deparar-se com a imagem de Santa Bernadette, que há 62 anos recebia fiéis na gruta – ao lado das imagens de Jesus e Nossa Senhora de Lourdes –, literalmente em cacos foi uma situação lamentável para o pescador aposentado Ivan Rabelo, de 83 anos, que dedicou, pelo menos, 50 deles ao cuidado e manutenção do espaço que integra o Santuário de São José de Ribamar.

“Desde os meus trinta anos, sempre que voltava da pescaria passava pela gruta para limpar as imagens, cuidar do que fosse preciso para manter tudo em ordem. Fiquei chocado quando cheguei aqui segunda-feira de manhã e me deparei com isso, a imagem de Santa Bernadete em pedaços, e ainda levaram a mão da imagem de Jesus. Só Nossa Senhora de Lourdes não foi danificada”, contou.

Danificadas por uma mulher
Segundo ele, que, igual a outros moradores, aproveita o período de festejos dedicado a São José para obter renda extra com venda de artigos religiosos, entre outras coisas, as imagens foram danificadas por uma mulher, dependente química e em situação de rua, que dorme na praça onde a gruta está localizada. No entanto, não houve nenhum tipo de intervenção, tanto por quem testemunhou quanto pelos agentes da Guarda Municipal, conforme afirmou o padre e pároco solidário da igreja de São José de Ribamar, Iranilson Barbosa, que é responsável pela segurança do local.
“O que nós apuramos, baseado no que foi presenciado por alguns moradores, foi que uma usuária de drogas, já conhecida por aqui, em uma crise, acabou fazendo isso. Nós temos uma parceria com a Prefeitura, e eles sempre mantêm uma equipe de guarda para proteger os monumentos. Foi até estranho. Eu já estou aqui há seis anos e essa foi a primeira vez que registramos esse tipo de ocorrência, porque a Guarda Municipal sempre mantém uma viatura em ronda, sem contar com a frequência da Polícia Militar. Da nossa parte, buscaremos consertar os monumentos que foram danificados para garantir, justamente, a apreciação e expressão de fé dos fiéis e visitantes”, esclareceu o padre.

Procurada para comentar o assunto, a Prefeitura de São José de Ribamar informou, por meio de nota, que a manutenção e conservação do Santuário, com todos os monumentos que o compõem, são de responsabilidade da Igreja Católica. Entretanto, diante dos compromissos do órgão no auxílio à segurança pública e na preservação do patrimônio religioso, com cunho turístico, são feitas rondas permanentes na região do Santuário, dentro dos horários de funcionamento da Guarda Civil Municipal.

A gestão municipal destacou ainda, que, até onde foi apurado, o vandalismo foi praticado em horário estranho ao da ronda da Guarda. Por isso, não houve intervenção dos agentes. Por fim, a Prefeitura de São José de Ribamar lamentou profundamente o “ato marginal” e se colocou à disposição da Igreja para contribuir, dentro dos limites da probidade administrativa, com a restauração do patrimônio religioso, vítima do ataque

SAIBA MAIS

Santa Bernadette

Maria Bernadette Soubirous, nasceu em Lourdes, uma pequena cidade da França, em 1844. Era a filha mais velha de nove filhos e sua infância foi marcada pela vida no trabalho doméstico, sobretudo como pastora. Devido às condições financeiras de sua família, eles viviam em condições de miséria, morando em uma péssima habitação, e Bernadette tinha a saúde bastante debilitada, além de ter dificuldades de aprendizagem e catequese e, por isso, fez a primeira comunhão fora da faixa etária normal, além de não frequentar a escola também por este motivo.

No dia 11 de fevereiro de 1858, Bernadette passava perto da gruta chamada de Massabielle, junto às margens do rio Garve, e escuta um chamado de uma Senhora muito bonita e vestida de branco. Segundo seus relatos, a Senhora “no topo de cada pé havia uma rosa pálida da mesma cor das contas do rosário que ela segurava. Eu queria fazer o sinal da cruz, mas eu não conseguia e minha mão ficava para baixo. Aí a Senhora fez o sinal da cruz ela mesma e na segunda tentativa eu consegui fazer o sinal da cruz embora minhas mãos tremessem. Então eu comecei a dizer o rosário enquanto ela movia as contas com os dedos sem mover os lábios. Quando eu terminei a Ave Maria, ela desapareceu.”

Voltou lá nos próximos 15 dias, a pedido da Virgem, que a pediu que falasse aos padres para fazerem uma capela ali. Em uma das aparições, a Virgem apresentou-se como sendo a "Imaculada Conceição".

Enquanto o assunto era investigado pela Igreja, encontrando muitas pessoas contrárias aos relatos de Bernadette, que sofria humilhações e intimidações pelas autoridades civis, enfermos foram, inexplicavelmente, curadas na gruta. Em 25 de fevereiro de 1858, na presença de uma multidão, uma fonte de água jorra do local das aparições, sob as mãos de Bernadette, e até hoje essa fonte jorra água abundantemente lá.

De acordo com a Igreja local, pelo fato de Bernadette ser analfabeta, era difícil que ela soubesse que havia sido declarado o dogma da Imaculada Conceição. A aparição era como uma forma de confirmação desta atitude tomada pelo Papa.

Bernadette teve, ao todo, 18 visões da Virgem Maria, entre Fevereiro e Julho de 1858. A jovem nunca vacilou em suas afirmações, e sua convicção comprovou a autenticidade das aparições. Em 1860, ingressou na vida religiosa na ordem das Irmãs da Caridade de Nevers, em Lourdes, onde recebeu a instrução e escreve os relatos das aparições. Em 1878, adoeceu e faleceu no dia 19 de abril de 1879. Foi canonizada em 8 de Dezembro de 1933, na festa da Imaculada Conceição, pelo Papa Pio XI como Santa Bernadete de Lourdes, depois de terem sido reconhecidas, pela Igreja, suas virtudes heroicas e pessoais e após as curas milagrosas a ela atribuídas.

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