Política do Irã

Governo iraniano descarta negociações com os EUA

Khamenei afirma que Teerã só voltará à mesa de negociações se americanos retornarem ao acordo nuclear; Estados apontam envolvimento do Irã em ataques, ocorridos sábado, 14, na Arábia Saudita

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Governo do Irã mostra o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, discursando durante evento ontem em Teerã
Governo do Irã mostra o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, discursando durante evento ontem em Teerã (Reuters)

DUBAI E WASHINGTON – O supremo líder do Irã , aiatolá Ali Khamenei, descartou ontem, 17, a possibilidade de retomar negociações com os EUA após o presidente Donald Trump sugerir o envolvimento do país nos ataques de sábado contra duas das principais instalações de processamento de petróleo da Arábia Saudita . Em entrevista na segunda,Trump afirmou que o Irã “parece ser” responsável pela ação que cortou pela metade a produção do reino, o equivalente a cerca de 5% do fornecimento mundial.

"Autoridades iranianas, de qualquer escalão, jamais negociarão com autoridades americanas. Isto é parte de sua política (de Trump) de aplicar pressão máxima sobre o Irã", disse Khamenei, citado pela TV estatal iraniana.

O aiatolá acrescentou que o Irã só voltará a negociar com os EUA se os americanos retornarem ao acordo nuclear fechado em 2015 e que abandonaram unilateralmente no ano passado. As relações entre Washington e Teerã se deterioraram enormemente após a decisão de Trump de retirar seu país do acerto envolvendo ainda outras potências ocidentais para limitar o programa de desenvolvimento de tecnologia nuclear dos iranianos, reimpondo sanções contra a nação persa. Trump também quer que o Irã pare de apoiar grupos na região, como o movimento xiita libanês Hezbollah e os rebeldes houthis no Iêmen, que assumiram a autoria dos ataques na Arábia Saudita.

Depois de afirmar no domingo,15, que os EUA estavam “com armas preparadas” para responder à ação de sábado contra os sauditas, Trump adotou um tom mais brando nesta segunda, dizendo “não ter pressa”, pois ainda quer determinar “com certeza” o responsável pelos ataques e “evitar” uma guerra com Teerã.

Aliado dos EUA e apoiado por Trump, o regime saudita informou nesta segunda, sem apresentar provas, que conclusões preliminares de suas investigações indicam que as armas usadas no ataque às instalações de petróleo teriam vindo do Irã. O país persa nega qualquer envolvimento na ação .

Preço do petróleo dispara

O ataque provocou a maior disparada pontual no preço do produto em quase 30 anos, desde que o ex-ditador iraquiano Saddam Husseinincendiou os poços do Kuwai t na Guerra do Golfo (1990-1991), com o barril do tipo Brent, referência internacional, chegando a subir quase 20% para mais de US$ 71 na abertura das negociações no mercado asiático nesta segunda. A alta foi contida para cerca de 12% depois que Trump anunciou que, se necessário, os EUA usariam suas reservas estratégicas e os demais grandes produtores globais informaram ter estoques suficientes para suprir a demanda.

O ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid A. Al-Falih, dará uma entrevista coletiva nesta terça para informar sobre os trabalhos da estatal Saudi Aramco para retomar a produção de cerca de 5,7 milhões de barris diários instalações atingidas em Abqaiq e Khurais. Fontes ligadas às operações da empresa adiantaram à agência Reuters que os trabalhos devem levar meses para serem concluídos, no lugar das estimativas iniciais de que durariam algumas semanas.

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