Ataques

Após drones, preços de combustíveis podem aumentar no mundo

Petrolífera saudita Aramco disse que produção cairá 50%; especialistas preveem que redução baixará a oferta de petróleo no mercado mundial, que pode sofrer uma quebra de até 5%

Daniel Matos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Refinaria da maior petrolífera saudita em chamas após ataque de drones suicidas
Refinaria da maior petrolífera saudita em chamas após ataque de drones suicidas (Drones)

RIAD - A companhia petrolífera saudita Aramco admitiu que, após os ataques de sábado por drones dos rebeldes iemenitas, terá de reduzir a sua produção para a metade.

Os ataques e os incêndios resultantes deles só não causaram um abalo nas bolsas de valores porque elas estavam fechadas. Mas, esta segunda-feira deve ser um dia movimentado para os negociantes de derivados, corretores e especuladores. Os preços, admitem os especialistas, podem disparar já nesta segunda-feira em US$ 5 a US$ 10 por cada barril de 159 litros.

É que, segundo os especialistas, devido à redução da produção da Aramco, a oferta de petróleo no mercado mundial pode sofrer uma quebra de até 5%. Um desses especialistas, Bob McNally, da consultora Rapidian Energy, calcula que se a redução durar uma semana os preços poderão mesmo subir de US$ 15 a US$ 20 dólares por barril e voltar, assim, a superar a emblemática marca dos US$ 100.

O chefe do Departamento de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ignorou a responsabilidade no ataque de ontem admitida por parte dos rebeldes houthis e acusou o Irã. Acrescentou mesmo uma ameaçadora advertência de que o Irã deve pagar o preço das suas agressões.

Em Teerã, Pompeo obteve uma resposta dura, acusando-o de mentir e negando envolvimento iraniano na ação dos houthis, que beneficiam do seu apoio genérico mas não necessariamente em cada uma das operações que empreendem.

Contudo, Christyan Malek, um analista do JP Morgan Bank citado pela Reuters, sugere que a escalada retórica não corresponde a danos reais causados aos interesses norte-americanos e, portanto, poderá não constituir prova segura de que tenha falhado o projeto de uma cúpula entre Donald Trump e o líder iraniano Rohani.

Segundo Malek, o golpe sofrido pela Arábia Saudita, até agora o maior produtor do mundo e o detentor das maiores reservas, coloca os Estados Unidos, atualmente com cerca de 15% da produção mundial, na posição de fiel da balança e de único país que pode efetivamente dosar a sua oferta com um intuito estabilizador do mercado mundial.

Mesmo que os EUA só temporariamente fiquem com a "faca e o queijo na mão", isto poderá trazer às suas petrolíferas ganhos astronómicos, tanto mais que os dois outros países com reservas capazes de beneficiarem da situação - Venezuela e Irã - são objeto de um embargo que lhes levanta grandes dificuldades.

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