Fora da Rua Grande, ambulantes aguardam um espaço adequado
Trabalhadores do mercado informal acumulam prejuízos desde que foram remanejados da principal via do comércio de São Luís; situação divide opiniões entre a população, e vendedores buscam alternativas com a Prefeitura
[e-s001]A realocação dos vendedores ambulantes que antes atuavam na Rua Grande - no centro de São Luís - para as vias transversais foi uma das medidas adotadas após a requalificação da área, prestes a ser inaugurada. A decisão, tomada em acordo entre a Prefeitura de São Luís, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os ambulantes, visa garantir a qualidade dos serviços realizados e as características paisagísticas da região. No entanto, a queda nas vendas e os prejuízos calculados pelos vendedores têm intensificado o desejo pela entrega do espaço dedicado aos camelôs.
Um cenário diferente é facilmente percebido por quem caminha pela nova Rua Grande, agora revitalizada, sem fiação exposta ou mesmo aglomeração de comércio informal em sua extensão. Para garantir a estética do local, entretanto, os vendedores ambulantes têm sido prejudicados, uma vez que, agora com as barracas localizadas nas ruas transversais, o fluxo de consumidores tem reduzido significativamente e, como consequência, as vendas, conforme esclareceu José de Ribamar Ferreira, presidente do Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes de São Luís.
“Os ambulantes não concordaram com as alterações, porém entenderam que deveria ser liberada a rua para a inauguração. Essa modificação impactou negativamente no setor, pois todos que foram removidos estão registrando prejuízos, vendendo praticamente nada. Alguns vendedores relatam que para voltar no dia seguinte precisam pedir passagem para o colega que, por ventura, conseguiu vender alguma coisa”, declarou.
Para garantir que não sejam instaladas bancas do comércio informal na Rua Grande, fiscais da Prefeitura percorrem a via diariamente. Os ambulantes podem comercializar na via somente se levarem os produtos nas mãos, o que é uma alternativa usada por muitos, para conseguir vender alguma coisa, uma vez que nas transversais a movimentação é quase nula.
Opiniões
O tema divide opiniões entre a população e gera insatisfação de alguns frequentadores da principal via de comércio a céu aberto da capital. “Como cidadã, eu fico muito feliz que tenham enxergado a necessidade de requalificar a Rua Grande. Agora, a gente tem um espaço ainda mais atrativo, melhor. Mas como alguém que tem família, e contas para pagar, entendo que seja muito complicado para quem tirava o sustento daqui e já se prejudicaram tanto durante o período de obras”, lamentou a artesã Astrid Veras.
Posicionamento diferente do engenheiro Henrique Barreto, que defende a readaptação dos ambulantes às mudanças vindas com a requalificação da Rua Grande. “Eu acho positivo, a obra trouxe melhorias pra região e está atraindo mais vendas para os varejistas da área que, por sua vez, geram empregos. Os ambulantes precisam buscar alternativas para suprir essa diminuição das vendas, o mercado é assim”, opinou.
Para solucionar o impasse e atender tanto às necessidades do comércio informal quanto às exigências para a manutenção dos serviços realizados na área, a saída adotada pela Prefeitura de São Luís foi oferecer um espaço adequado para a atuação dos ambulantes. A alternativa foi apresentada à categoria durante reuniões realizadas em julho deste ano.
O projeto do Shopping do Comércio Informal conta com nove lojas âncoras, 987 boxes e 270 vagas de estacionamentos. O espaço será construído próximo ao Ginásio Costa Rodrigues, no Centro, custeado por meio de Parceria Público-Privada (PPP), com contrapartida da Prefeitura de São Luís.
[e-s001]A solução agrada aos trabalhadores do comércio ambulante da Rua Grande, no entanto, segundo o presidente do sindicato que representa a categoria, é preciso que o local ofereça outros atrativos para garantir a movimentação de consumidores. “O shopping é a alternativa ideal desde que seja feito com todas as adaptações devidas, localização, terminal de ônibus no local, caixas eletrônicos, casa lotérica, praça de alimentação e outros recursos que chamem a população. Enquanto isso, estamos buscando o diálogo para tentar o retorno para a Rua Grande com barracas padronizadas, até que o espaço prometido seja construído e entregue”, afirmou Ferreira.
O Estado procurou a Prefeitura de São Luís para se posicionar acerca dos assuntos expostos na reportagem, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.
SAIBA MAIS
RETIRADA
A retirada dos vendedores do logradouro foi determinada para garantir a originalidade no projeto executado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de reforma da Rua Grande, cujas obras devem ser concluídas até o fim deste mês. De acordo com o Município, a inclusão dos vendedores no shopping popular faz parte do projeto macro do Complexo Deodoro que inclui intervenções na Rua Grande e adjacências. Em relação à principal via comercial da cidade, foram aplicados R$ 31 milhões oriundos do PAC Cidades Históricas. Segundo a Prefeitura, no local, os trabalhadores terão – além de espaço padrão – barracas com dimensão única. Dos recursos do PAC na Rua Grande, R$ 6 milhões foram aplicados ainda no fim do ano passado. Além de readequação do piso para pedestres, as obras também contemplaram a inclusão das redes subterrâneas de eletricidade, drenagem profunda e esgotamento sanitário.
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