AMBULANTES

Fora da Rua Grande, ambulantes aguardam um espaço adequado

Trabalhadores do mercado informal acumulam prejuízos desde que foram remanejados da principal via do comércio de São Luís; situação divide opiniões entre a população, e vendedores buscam alternativas com a Prefeitura

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]A realocação dos vendedores ambulantes que antes atuavam na Rua Grande - no centro de São Luís - para as vias transversais foi uma das medidas adotadas após a requalificação da área, prestes a ser inaugurada. A decisão, tomada em acordo entre a Prefeitura de São Luís, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e os ambulantes, visa garantir a qualidade dos serviços realizados e as características paisagísticas da região. No entanto, a queda nas vendas e os prejuízos calculados pelos vendedores têm intensificado o desejo pela entrega do espaço dedicado aos camelôs.

Um cenário diferente é facilmente percebido por quem caminha pela nova Rua Grande, agora revitalizada, sem fiação exposta ou mesmo aglomeração de comércio informal em sua extensão. Para garantir a estética do local, entretanto, os vendedores ambulantes têm sido prejudicados, uma vez que, agora com as barracas localizadas nas ruas transversais, o fluxo de consumidores tem reduzido significativamente e, como consequên­cia, as vendas, conforme esclareceu José de Ribamar Ferreira, presidente do Sindicato do Comércio de Vendedores Ambulantes de São Luís.

“Os ambulantes não concordaram com as alterações, porém entenderam que deveria ser liberada a rua para a inauguração. Essa modificação impactou negativamente no setor, pois todos que foram removidos estão registrando prejuízos, vendendo praticamente nada. Alguns vendedores relatam que para voltar no dia seguinte precisam pedir passagem para o colega que, por ventura, conseguiu vender algu­ma coisa”, declarou.

Para garantir que não sejam instaladas bancas do comércio informal na Rua Grande, fiscais da Prefeitura percorrem a via diariamente. Os ambulantes podem comercializar na via somente se levarem os produtos nas mãos, o que é uma alternativa usada por muitos, para conseguir vender alguma coisa, uma vez que nas transversais a movimentação é quase nula.

Opiniões
O tema divide opiniões entre a população e gera insatisfação de alguns frequentadores da principal via de comércio a céu aber­to da capital. “Como cidadã, eu fico muito feliz que tenham enxergado a necessidade de requalificar a Rua Grande. Agora, a gente tem um espaço ainda mais atrativo, melhor. Mas como alguém que tem família, e contas para pagar, entendo que seja muito complicado para quem tirava o sustento daqui e já se prejudicaram tanto durante o período de obras”, lamentou a artesã Astrid Veras.

Posicionamento diferente do engenheiro Henrique Barreto, que defende a readaptação dos ambulantes às mudanças vindas com a requalificação da Rua Grande. “Eu acho positivo, a obra trouxe melhorias pra região e está atraindo mais vendas para os varejistas da área que, por sua vez, geram empregos. Os ambulantes precisam buscar alternativas para suprir essa diminuição das vendas, o mercado é assim”, opinou.

Para solucionar o impasse e atender tanto às necessidades do comércio informal quanto às exigências para a manutenção dos serviços realizados na área, a saída adotada pela Prefeitura de São Luís foi oferecer um espaço adequado para a atuação dos ambulantes. A alternativa foi apresentada à categoria durante reuniões realizadas em julho deste ano.

O projeto do Shopping do Comércio Informal conta com nove lojas âncoras, 987 boxes e 270 vagas de estacionamentos. O espaço será construído próximo ao Ginásio Costa Rodrigues, no Centro, custeado por meio de Parceria Público-Privada (PPP), com contrapartida da Prefeitura de São Luís.

[e-s001]A solução agrada aos trabalhadores do comércio ambulante da Rua Grande, no entanto, segundo o presidente do sindicato que representa a categoria, é preciso que o local ofereça outros atrativos para garantir a movimentação de consumidores. “O shopping é a alternativa ideal desde que seja feito com todas as adaptações devidas, localização, terminal de ônibus no local, caixas eletrônicos, casa lotérica, praça de alimentação e outros recursos que chamem a população. Enquanto isso, estamos buscan­do o diálogo para tentar o retor­no para a Rua Grande com barracas padronizadas, até que o espaço prometido seja construído e entregue”, afirmou Ferreira.

O Estado procurou a Prefeitura de São Luís para se posicionar acerca dos assuntos expostos na reportagem, mas até o fechamento desta edição não ob­teve retorno.

SAIBA MAIS

RETIRADA

A retirada dos vendedores do logradouro foi determinada para garantir a originalidade no projeto executado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de reforma da Rua Grande, cujas obras devem ser concluídas até o fim deste mês. De acordo com o Município, a inclusão dos vendedores no shopping popular faz parte do projeto macro do Complexo Deodoro que inclui intervenções na Rua Grande e adjacências. Em relação à principal via comercial da cidade, foram aplicados R$ 31 milhões oriundos do PAC Cidades Históricas. Segundo a Prefeitura, no local, os trabalhadores terão – além de espaço padrão – barracas com dimensão única. Dos recursos do PAC na Rua Grande, R$ 6 milhões foram aplicados ainda no fim do ano passado. Além de readequação do piso para pedestres, as obras também contemplaram a inclusão das redes subterrâneas de eletricidade, drenagem profunda e esgotamento sanitário.

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