Comportamento

Estar em meio à natureza pode ser uma solução para o vício em redes sociais

O psicólogo e empreendedor Teuler Reis relata sua experiência em Lapinha da Serra, interior de Minas Gerais, e como o contato com a natureza pode ajudar a amenizar o vício em internet

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
É necessário priorizar a conexão com a vida fora da internet para encontrar um equilíbrio e uma solução para o vício em internet e celular
É necessário priorizar a conexão com a vida fora da internet para encontrar um equilíbrio e uma solução para o vício em internet e celular (natureza)

Para muitos, pode ser difícil resistir a dar aquela olhada no Facebook ou no Instagram na metade do expediente. A vontade de compartilhar fotos, notícias, músicas, memes engraçados ou até mesmo um textão de protesto pode surgir a qualquer momento. Afinal, a rede social é para isso, certo? Porém, mais do que locais para trocar informações, as redes sociais permitem ver e ser visto, mas também podem ser viciantes e comprometer a vida no mundo real pelo excesso.

A chamada nomofobia (abreviatura de no mobile, sem celular em inglês), embora seja comportamental, é uma condição que, para algumas pessoas, causa a mesma sensação de necessidade, fissura e abstinência que a dependência química.

Linha tênue
O psicólogo e empreendedor Teuler Reis acredita que é preciso estabelecer limites para o uso da tecnologia: “Não tem como ficar imune ao encantamento provocado pelas mídias sociais. A transformação dos meios de comunicação é sem dúvida uma das maiores conquistas da humanidade. Porém, a linha que divide o saudável e o doentio ficou tênue quando o assunto é o uso indiscriminado das redes sociais. Até mesmo para os especialistas fica difícil estabelecer o que é saudável. Fato é que uma pequena observação já é suficiente para ver que algo não vai bem. Não há controle”.

Nomofobia
Teuler aponta que certos gestos e hábitos do cotidiano mostram claramente a que ponto muitos chegaram nesta dependência: “É comum ver pessoas almoçando, caminhando pelas ruas, até mesmo quando se reúnem com amigos com o telefone na mão, ficam conectadas 24 horas. Para alguns a simples ideia de ficarem desconectados já é motivo de pânico. Vejo isso com certa frequência no meu trabalho com a pousada. Muitas vezes, é a primeira pergunta que fazem é se tem internet”.

Conecte-se com a Natureza
O psicólogo acredita que para minimizar a dependência das redes sociais é preciso se conectar mais com a natureza e menos com a internet. Há alguns anos, Teuler deixou Belo Horizonte para viver na Lapinha da Serra, no interior de Minas Gerais, e abriu a Casa do Teuler, que é uma pousada que busca proporcionar aos hóspedes paz interior e contato com as maravilhas naturais da região. O local atrai centenas de pessoas todos os anos e até famosos, como Lulu Santos e Samuel Rosa da banda Skank: "Em Lapinha da Serra não tem nenhum sinal de operadora de telefonia. O que temos é apenas uma internet via rádio. Logo, aqui as pessoas são quase obrigadas a desconectarem-se, ainda que isso cause em um primeiro momento um certo desespero. Mas, por sua vez, essa “imposição” de desconectar aqui é uma possibilidade de se conectar com a natureza, conectar consigo mesmo e com o outro”.

Como amenizar a dependência das redes sociais
Teuler acredita que devemos priorizar a conexão com a vida fora da internet para encontrar um equilíbrio e uma solução para o vício em internet e celular: "me pergunto se não deveria ser o contrário, se estar conectado não seria, na verdade, estar desligado de todas redes sociais. O momento em que nos permitimos uma interação silenciosa com nosso interior e a natureza. Assim estaríamos desconectados quando mergulhamos nas redes sociais, onde o pano de fundo é, ao meu ver, a solidão.

O psicólogo apela para o que todo ser humano tem dentro de si, que é a voz interior do bom senso, como meio de se chegar a um equilíbrio: “É preciso chamar o senso crítico interno e repensar a relação com as mídias sociais, com essa conexão que mais nos desconecta. Não vou me estender nas possíveis implicações advindas do excesso, do mau uso das redes sociais. Que fique como uma provocação a reflexão, dilatar um pouco mais esse incômodo que paira sobre essa questão”.

SINTOMAS DO VÍCIO EM REDES

O uso excessivo das mídias sociais pode ser definido como um vício comportamental, ou seja, o indivíduo altera suas atividades diárias para ficar conectado. Esse tipo de conduta compromete compromissos básicos do cotidiano, como trabalho, estudo, vida social e alimentação.
Sendo assim, o vício em redes sociais desencadeia uma série de desordens. O levantamento relaciona o uso das redes sociais e o comportamento de pessoas viciadas.
A conclusão: o excesso de redes sociais afeta a capacidade de julgamento das pessoas no momento de escolhas mais benéficas para si mesmas, assim como ocorre com dependentes químicos.
Além da mudança de comportamento e a dificuldade em tomar decisões, também é válido citar outros sintomas causados pelo vício em redes sociais. Entre os mais comuns, estão:
— ansiedade;
— mal-estar;
— irritabilidade;
— angústia por ficar desconectado;
— síndrome de pânico (tremores, tontura, falta de ar, aceleração do batimento cardíaco, quadro semelhante à abstinência de um dependente químico);
— obsessão compulsiva;
— fobia social

É importante mencionar ainda que a pessoa viciada em redes sociais pode sofrer ainda com as “chamadas fantasmas”. Ela sente ou ouve o celular vibrar/tocar quando, na verdade, nada está acontecendo.

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