Saúde

Denúncia: sindicato diz que 128 funcionários foram demitidos de UPAs

Maior número de demissões aconteceu na UPA do Itaqui-Bacanga, com 30 funcionários excluídos; Secretaria de Estado da Saúde nega demissões em massa

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem e Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Maranhão (Sindsaúde/MA) está denunciando a demissão em massa de funcionários das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em São Luís e no interior do estado. A entidade denuncia a exclusão de 128 pessoas, de vários setores, do quadro de pessoal dessas unidades. A UPA do Itaqui-Bacanga foi a mais atingida, com 30 demissões. A Secretaria de Estado da Saúde (SES) negou as demissões em massa.

A série de demissões começou em agosto, conforme dados divulgados pela categoria e pelo Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Estado do Maranhão (Sintaema). Diante da situação, os demitidos se reuniram na tarde de ontem, 10, na sede do Sindsaúde, na Rua das Flores, centro de São Luís. “Pelo que a gente tem conhecimento, se iniciaram em agosto, mas, antes, já estavam acontecendo essas demissões, de maneira sutil”, declarou Dulce Mary dos Santos Sarmento, presidente do Sindsaúde. Ela disse que, na UPA da Vila Luizão, foram demitidos 10 funcionários, mesmo número de demitidos na UPA do Araçagi.

Na UPA da Cidade Operária, 14 pessoas foram demitidas. Na da área Itaqui-Bacanga, 30, e na do Parque Vitória, quatro. “E ainda têm as demissões no interior, como em Caxias, Timon, Itapecuru-Mirim, Timbiras, Monção, Alto Alegre do Maranhão e Codó. No total, já são 128 pessoas demitidas”, descreveu Dulce Mary dos Santos. De acordo com a presidente do sindicato, o Governo do Estado alega uma crise financeira para reduzir o quadro de pessoal.

“É uma tristeza a gente ver nosso estado tão desassistido com relação à saúde. Os diálogos com o governo foram tratados justamente sobre as alterações da jornada de trabalho e reajuste para os trabalhadores. Desde 2015 os trabalhadores estão com salários quase mínimos. As convenções coletivas não estão sendo aplicadas. Ainda estamos tratando disso. Mas estão ocorrendo essas demissões em todos os setores. A gente tem de dar um jeito de parar. Em cima de alegações de dificuldade financeira do governo, não pode repercutir só dentro da saúde”, ponderou Dulce Sarmento.

Mais demissões
Ela acredita que mais pessoas se­jam demitidas nos próximos dias, quando o trabalhador chega ao serviço com toda a empolgação para executar suas tarefas e é surpreendido pela notícia da demissão. Dul­ce Mary contou que a categoria já discutiu com a SES sobre a jornada de trabalho. “Inclusive, no dia 2 de setembro, ocorreu um desses diálogos. O que aconteceu é que as horas trabalhadas foram aumentadas e não houve nenhum tipo de ganho financeiro para os funcionários. No momento em que começou esse aumento da jornada, começaram as demissões. Se você aumenta a jornada do trabalhador, claro que eles vão reduzir o quadro”, esclareceu.

Ela denunciou que a situação está caótica na assistência em saú­de. “Essa assistência já é precária, porque temos um quadro reduzido de pessoas, sobretudo na enfermagem. Além dos técnicos e auxiliares em enfermagem, foram demitidos outros profissionais, como maqueiros, motoristas de ambulância, recepcionistas, serviços gerais e da hotelaria. É um conjunto de saídas que vai resultar em prejuízo para a população”, expressou a presidente do sindicato.

Relato de demitida
Uma dessas funcionárias demitidas, Maria Dilma Melo de Sousa, disse a O Estado, durante a reunião na sede do Sindsaúde, que trabalhou durante seis anos na UPA do Itaqui-Bacanga e simplesmente foi demitida há dois meses. “Eu não poderia ter sido demitida, porque sofri acidente de trabalho duas ve­zes. Fui fazer exame há seis dias e fui proibida de fazer o exame, porque não trabalhava mais lá. Não ganhei nada. Só recebi um salário e R$ 1 mil”, contou.

A fim de discutir o assunto, tanto das demissões como das jornadas de trabalho, o Sindsaúde fará uma assembleia no próximo dia 17 de setembro, na sede da entidade.

SES nega demissões
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde informou que não há demissão em massa de profissionais, como está sendo divulgado pelo sindicato que representa a categoria. Conforme o órgão do Governo do Estado, os institutos e a Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares (Emserh) realizam a avaliação de desempenho de seus colaboradores periodicamente.

“E, a partir desta análise, há possibilidade de medida episódica e pontual de demissão. Ainda assim, a SES garante que a medida em nada prejudica a assistência ofertada aos usuários da rede estadual de saúde”, frisa a secretaria.

ÍNTEGRA DA NOTA

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que não há demissão em massa de profissionais. Esclarece que os Institutos e a Emserh realizam, periodicamente, a avaliação de desempenho de seus colaboradores, e, a partir desta análise, há possibilidade de medida episódica e pontual de demissão. Ainda assim, a SES garante que a medida em nada prejudica a assistência ofertada aos usuários da rede estadual de saúde.

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