Disputa presidencial

Fernández amplia vantagem sobre Macri na Argentina

Novas pesquisas indicam chapa peronista que tem Cristina Kirchner como vice com até mais de 20 pontos à frente de Macri

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Alberto Fernández teria uma vantagem ainda maior hoje sobre o atual presidente Mauricio Macri
Alberto Fernández teria uma vantagem ainda maior hoje sobre o atual presidente Mauricio Macri (Reuters)

BUENOS AIRES – O candidato oposicionista Alberto Fernández , cabeça da chapa peronista que conta com a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, derrotaria o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, na eleição de outubro por uma vantagem ainda maior do que a grande diferença que obteve nas primárias realizadas no mês passado, apontam as mais recentes pesquisas de intenção de voto no país.

Os dados dos levantamentos foram divulgados após semanas de “silêncio” das empresas de pesquisa de opinião depois de fracassarem em detectar a acachapante vitória de Fernández nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) do último dia 11 de agosto, em que conquistou 47,78% dos votos contra 31,79% de Macri , numa diferença de quase 16 pontos percentuais.

De acordo com a pesquisa da empresa Ricardo Rouvier & Associados, porém, se a eleição fosse agora a chapa de Fernández e Cristina Kirchner venceria com 51,5% contra 34,9% de Macri, uma vantagem de 16,6 pontos. Já levantamento da consultoria Trespuntozero aponta uma diferença ainda maior: 17,9 pontos, com 51,9% dos votos para Fernández frente a 34% para Macri. Por fim, a empresa de pesquisas Clivajes indica a chapa peronista mais de 20 pontos à frente de Macri, com 52,6% a 32,5%.

"O que vejo é uma consolidação do resultado (das primárias)", disse à Reuters o analista Julio Burdman, cuja consultoria Observatorio Electoral ainda está concluindo sua própria pesquisa de opinião.

Com isso, crescem ainda mais as chances da chapa de Fernández e Cristina levarem a eleição para a Presidência da Argentina ainda no primeiro turno marcado para 27 de outubro próximo. No país, para vencer no primeiro turno é necessário ter 45% dos votos, ou 40% com uma diferença de ao menos 10 pontos sobre o segundo colocado.

Mercado

A perspectiva de vitória peronista desagrada o mercado e está provocando abalos na economia do país, com forte desvalorização do peso, queda na bolsa e aumento do risco-país. A crise financeira foi deflagrada tanto por temores de que Macri enfrente um vazio de poder até a eleição quanto pelo temor de que Fernández reinstaure controles sobre a economia uma vez que seja eleito e assuma o poder em dezembro.

Antes das primárias, os mercados da Argentina subiam com otimismo frente ao que prometia ser uma disputa acirrada, mas após o resultado do pleito muitas empresas de pesquisa foram duramente criticadas por errar nos seus prognósticos, com uma chegando inclusive a vaticinar uma vitória de Macri.

Entre os possíveis erros nos levantamentos, especialistas destacam a falta de pesquisas cara a cara — que são mais custosas — de forma a chegar aos bairros mais pobres das cidades argentinas, bem como a dificuldade de pesquisas telefônicas em alcançar a população mais jovem. As classes mais baixas e os mais jovens foram justamente dois dos segmentos demográficos que mais se inclinaram para a candidatura de Fernández.

Os novos levantamentos, no entanto, devem trazer um retrato mais acurado da atual situação, considera o chefe de uma empresa de pesquisas que pediu para permanecer anônimo.

"É uma ciência que não é exata. Mas agora está muito mais difícil para uma empresa de pesquisas se equivocar. As Paso deram uma foto mais certeira para corrigir os dados", disse ele à Reuters. "Na última semana (antes das primárias), houve uma virada muito forte de indecisos para Fernández e uma queda do governo de mais de 3 pontos. Mas havia um clima de opiniões favoráveis ao governo que trazia dúvidas sobre os dados positivos para Fernández", acrescentou.

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