Ato cívico

Meio ambiente e valorização da vida no desfile do Dia da Raça em São Luís

Alunos de várias escolas e integrantes de organização não-governamental participaram do ato cívico, em alguns bairros da capital, como na Ilhinha, São Francisco e Cohatrac, levando temas à reflexão da população

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]A preservação do meio ambiente, o combate ao suicídio, valorização da vida, compromisso com a educação e a evolução da ciência e da tecnologia foram alguns dos temas que crianças e jovens de escolas públicas, privadas, e de organizações não go­vernamentais apresentaram durante o desfile cívico do Dia da Raça, dia 5, ocorrido nas ruas e avenidas de São Luís.

Na praça da rua Rio Anil, do bairro Ilhinha, serviu ontem co­mo um dos pontos desse ato cívico, reunindo mais de 100 crianças, com cartazes nas mãos, em que havia mensagens relacionadas a preservação da natureza. Outras, representaram animais, inclusive, alguns em extinção, e ainda era possível observar grupos que representaram a simbologia do civismo. Alguns, carregando bandeiras.

Antes de saírem desfilando pelas ruas da localidade ocorreu todo um ritual, com o hasteamento da Bandeira do Brasil, canto do Hino Nacional e a encenação de uma coreografia que tinha como mensagem central a preservação do meio ambiente.
Perla Silva, uma das organizadoras do desfile, disse que é a primeira vez que é o evento estava sendo realizado nessa região e tinha como um dos objetivos, além de resgatar os valores cívicos, também chamar a atenção das autoridades sobre o proble­ma que está afetando diretamen­te o “verde” do país.

[e-s001]Ela ainda informou que o even­to conta com a participação das crianças do 29º Grupo de Escoteiros do Ar Josué Montello, do Clube de Desbravadores Alpha, a Unidade de Ensino Básico (UEB) Monsenhor Frederico Chaves, a UEB Criança Feliz, a UE João Pereira Martins e as Obras Sociais, do Bairro do São Francisco e da Ilhinha. “Na data em que enaltecemos a identidade cultural brasileira, pois também devemos aproveitar para chamar a atenção das problemáticas do país”, explicou Perla Silva.

Caio Souza, de 8 anos, disse que era a primeira vez que desfilava no Dia da Raça. “Acordei cedo para participar do desfile e dizer para as nossas autoridades que as nossas matas estão precisando ser preservadas e evitar as queimadas”, declarou.
A moradora da Ilhinha, Maria de Jesus da Paz, de 45 anos, comentou que, antes, o desfile do Dia da Raça na capital tinha mais glamour. Os alunos das escolas e os integrantes das bandas de fanfarras eram vistos na Avenida Vitorino Freire, no bairro Areinha. “Esse evento reunia um grande público e movimentava toda a cidade, mas isso para no passado”, disse.

[e-s001]Os alunos e professores da Escola São Francisco de Assis desfilaram pelas ruas do São Francisco e também trataram sobre a preservação do meio ambiente e as queimadas da região da Amazônia. “Queremos as nossas ma­tas vivas, para as futuras gerações”, afirmou o estudante Mar­cos Vinícius.

Tradição
O desfile estudantil, no Dia da Raça, no Cohatrac, já é considerado como tradição. Há 21 anos, os alunos e professores das escolas realizam esse ato cívico pela Avenida Principal do bairro. On­tem, Uma das primeiras a se apresentar foi o colégio Shalom e trouxe como mensagem a preservação da natureza. Em seguida foi o colégio Sagrado Coração de Jesus e levou para a comunidade o tema sobre a evolução da ciência e tecnologia. “Tivemos um grande avanço tecnológico com o período globalizado”, disse a aluna Maria Helena Frazão, de 14 anos.

A UBE Padre Newton Pereira levou para as ruas da comunidade o tema que “todo sonho tem etapas”. A professora Conceição Simeão disse que o ser humano deve enfrentar e saber que há etapas na vida que precisam ser rigorosamente cumpridas e uma delas é a educação.

Os alunos do Centro de Ensino Professora Maria Pinho trataram também sobre a importância da educação. Dois alunos dessa escola carregaram durante o desfile um cartão que trazia como mensagem que a “Educação é compromisso transformador”.

A alguns alunos da Unidade Básica Primavera desfilaram vestidos de preto e, segundo a diretora Ivone Aragão, para declararem o luto da morte do verde da Amazônia. “As nossas matas estão sendo destruídas, e deve mudar de forma urgente esse quadro”, desabafou a diretora da escola.

O colégio Alternativo Maranhense, além de falarem sobre a destruição do verde, também trataram durante o desfile sobre a violência contra a mulher. “A mulher está sendo violentada, seja fisicamente ou psicologicamente. A quantidade de casos de feminicídios é considerado alto”, alertou o diretor da escola, João Lobão.

O desfile foi encerrado pelos alunos e professores do Centro Educacional Nossa Senhora de Nazaré (Cenaza) e trataram sobre a valorização da vida. Os alunos trouxeram cartazes, fizeram coreografias no meio da via e alguns estavam fantasiados de super-heróis. Um deles era Pedro Lucas Martins, de 4 anos. Ele desfilou fantasiado de Capitão América na cadeira de rodas e acompanhado da professora. Havia até mesmo um grupo de alunos que traziam as bandeiras dos estados brasileiros.

[e-s001]Extinção
Realizado há mais de meio século em São Luís, o tradicional e histórico desfile estudantil no Dia da Raça foi extinto em 2015, pelo governo estadual. A extinção do desfile acabou prejudicando o segmento de bandas e fanfarras da capital maranhense e de todo o estado. No dia 5 de setembro, as bandas acompanhavam o desfile dos alunos, na avenida Vitorino Freire, no bairro Areinha.

Alunos de diversas escolas da capital faziam parte desse evento cívico, com apoio da população. Além disso, havia pessoas, que aproveitavam para ganhar um dinheiro extra para o sustento da família. A desempregada Maria Alves, de 45 anos, disse que todos os anos vendia água e refrigeran­te durante o desfile e geralmente rendia um bom lucro.

SAIBA MAIS

O Dia da Raça tem o intuito de celebrar a identidade cultural do povo brasileiro, que é rica em diversidade. Formada por uma grande miscigenação, a população tem origem indígena e, graças ao movimento imigratório que ocorreu desde a descoberta do Brasil, conta com diversas outras etnias.
Como a expressão também é usada para dividir a população de acordo com a sua origem e cor da pele, a data se vale ainda para a discussão da igualdade racial. Apesar das conquistas e avanços nos últimos anos, ainda existem intolerância e preconceito no país.

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