Hong Kong

Carrie Lam diz que China apoia cancelamento de lei de extradição

Comentário veio um dia após governo da ex-colônia anunciar que atenderia a uma das demandas dos manifestantes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong, durante entrevista coletiva
Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong, durante entrevista coletiva (Reuters)

HONG KONG — A chefe do Executivo de Hong Kong , Carrie Lam , disse ontem, 5, que a China "respeita e apoia" sua decisão de cancelar formalmente o projeto de lei de extradição que deu origem aos protestos que acontecem desde junho na ex-colônia britânica.

"Durante todo o processo, o Governo Central assumiu a posição de que entendia por que precisávamos retirar a lei. Eles respeitam minha opinião, e me apoiam totalmente", disse Lam, durante entrevista coletiva.

Na semana passada, vieram à tona relatos de que o governo de Hong Kong teria enviado a Pequim no mês passado uma proposta para cancelar formalmente a lei de extradição — estratégia que teria sido rejeitada por autoridades chinesas.

Na segunda-feira, Lam ficou ainda mais enfraquecida após a agência Reuters divulgar uma fala que a chefe do Executivo fez durante umareunião fechada com empresários, na qual disse que se demitiria se pudesse e que se via de mãos atadas ao ter que, constitucionalmente, servir a dois senhores: Pequim e o povo de Hong Kong.

No dia 15 de junho, Lam já havia anunciado a suspensão da polêmica medida, que permitiria a extradição de pessoas para a China continental. Os manifestantes, contudo, temendo que a lei fosse ressuscitada e utilizada para fins políticos, defendiam que ela devia ser cancelada por completo.

Questionada sobre a razão pela qual demorou tanto para atender ao pedido dos opositores, Lam saiu pela tangente, afirmando que "não é exatamente correto" descrever sua posição como "uma mudança de opinião".

Tarde demais

A concessão de Lam, entretanto, aparenta ter vindo tarde demais. Ao longo dos últimos três meses, em meio à escalada de violência, os manifestantes assumiram novas demandas para além do cancelamento da lei: o estabelecimento de um inquérito independente sobre a violência policial; a libertação dos presos durante os protestos; que os atos de oposição não sejam classificados como "motins" (algo que deixaria seus participantes sujeitos a até dez anos de prisão); e eleições diretas para o cargo de chefe do Executivo, atualmente eleito por uma comissão de 1.200 pessoas majoritariamente favoráveis a Pequim.

Na quarta-feira, 4, Lam anunciou a criação de um conselho para apurar as queixas contra a polícia — grupo que ela insiste "ter credibilidade suficiente" para liderar as investigações, mas que não atende, essencialmente, à demanda dos manifestantes por um inquérito. A chefe do Executivo também anunciou a abertura de uma plataforma de diálogo com a sociedade para tentar tratar de problemas econômicos, sociais e políticos que, segundo ela, contribuem para a crise atual.

Segundo lideranças da oposição, entretanto, os protestos continuarão até que todas suas demandas sejam atendidas, indicando que a pior crise política não tem previsão de acabar. Novas manifestações estão programadas para o final de semana em diversos pontos da cidade, incluindo o aeroporto.

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