Diagnóstico

Teste do Olhinho já é obrigatório nas maternidades do Maranhão

O teste deverá ser feito em até 48 horas de vida da criança; caso não seja realizado nesse período, poderá ocorrer em até 30 dias, que é o período neonatal; médico Álvaro Bruno Botentuit elaborou texto da lei

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Oftalmologista Álvaro Bruno Botentuit mostra a necessidade dos recém-nascidos se submeterem ao exames
Oftalmologista Álvaro Bruno Botentuit mostra a necessidade dos recém-nascidos se submeterem ao exames (Olhinho)

SÃO LUÍS - Desde o dia 4 de agosto, tornou-se obrigatória a realização do Teste do Reflexo Vermelho, conhecido como Teste do Olhinho, em todas as 67 maternidades, municipais e estaduais, no Maranhão. A Lei 11.018/2019 foi sugerida pelo médico oftalmologista Álvaro Bruno Botentuit, que também é professor da Universidade Federal do Maranhão (Ufma). Até então, o teste era opcional. Com a obrigatoriedade, espera-se detectar logo cedo problemas na visão das crianças.

Ao Jornal O Estado, Álvaro Bruno disse que a lei é o resultado de uma percepção dele acerca de diagnósticos de seus pacientes com relação à visão. Segundo o médico, apareceram em seu consultório crianças de 5, 7 e 8 anos com problemas relacionadas à catarata, glaucoma e outras doenças. “Inclusive, tem até um tumor maligno que ocorre dentro do olho. Percebi que as crianças não faziam o teste básico e que deve ser realizado em qualquer paciente que nasce, em qualquer estado do Brasil”, comentou o oftalmologista.

Álvaro explicou que, segundo sua pesquisa, o Teste do Olhinho ainda não era obrigatório no Maranhão, o que o deixou preocupado. Então, o médico construiu o texto para o projeto de lei, sendo que o deputado estadual Arnaldo Melo (MDB) deu entrada na Assembleia Legislativa. “Eu fiz a lei e o Arnaldo foi o autor. A lei foi aprovada por unanimidade. Ainda bem, porque, até então, o Teste do Olhinho era feito apenas por quem quisesse, por uma recomendação do Ministério da Saúde, mas não era uma lei”, assinalou o professor da Ufma.

Aprovação do projeto

De acordo com Botentuit, o Projeto de Lei, de nº 131/2019, foi votado em abril deste ano e foi aprovado na Assembleia Legislativa. Em seguida, foi sancionada pelo Poder Executivo estadual. No dia 3 de maio, a lei foi publicada no Diário Oficial do Estado do Maranhão. “A lei teria de entrar em vigência em até 90 dias. No último dia 4 de agosto, completou esse período de implementação da lei”, descreveu Álvaro, que foi entrevistado no Centro de Olhos Maranhense, na Rua Rio Branco, região central de São Luís.

Reunião com gestores

Na quarta-feira, 28, houve o lançamento e apresentação da Lei 11.018/19, no auditório da Secretaria de Estado da Saúde (SES), no Calhau, em São Luís. Durante o encontro, que contou com a participação de 67 gestores de maternidades existentes no Maranhão, o médico Álvaro Botentuit ofereceu um treinamento sobre o uso do oftalmoscópio direto, aparelho que será utilizado no Teste do Olhinho. “Eu dei uma capacitação aos gestores para que saibam utilizar o aparelho, que vai ser usado por cada médico responsável pela realização do exame em cada maternidade”, completou o professor.

O teste

Como explicou Álvaro, o teste consiste na aplicação de um feixe de luz, emitido pelo aparelho, a uma distância de 40 a 50 centímetros dos olhos do bebê. Mas tudo deve ser realizado em ambiente de baixa luminosidade. “A partir dali, ele vai observar o reflexo emitido pelos olhos da criança. Esse reflexo deve ser simétrico, parecido entre um olho e outro. Qualquer diferença, qualquer alteração, será dada como suspeito. Pode ser glaucoma, catarata, doenças da retina, da córnea, ou um tumor maligno chamado retinoblastoma, que é um câncer no olho que acomete algumas crianças que nascem no mundo”, esclareceu Botentuit.

Ainda conforme o médico, a recomendação é que o teste seja feito em até 48 horas de vida da criança, ainda na maternidade. “Caso não seja feito nesse período, por algum motivo, pode ser feito em até 30 dias, que é o período neonatal. Lembrando que quem faz o teste não é o oftalmologista. Quem faz é o médico assistente, um clínico geral ou um pediatra. Se tiver tudo normal, ele vai anotar na caderneta da criança. Se tiver anormal, ele vai encaminhar ao oftalmologista. O teste não é de diagnóstico. O teste é de rastreio, que serve para triagem, para selecionar casos alterados”, salientou Álvaro Bruno.

O oftalmologista disse que a Secretaria de Saúde do Maranhão garantiu que já foi realizada a licitação para a compra dos aparelhos utilizados no Teste do Olhinho.

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