Governo britânico

Pressionado, Boris Johnson diz que não quer eleição antecipada

Boris Johnson faz depoimento para dizer que não haverá eleição geral e que data do Brexit segue inalterada. Ele enfrenta a insatisfação da oposição e também de alguns colegas do Partido Conservador

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Boris Johnson durante pronunciamento do lado de fora da sede do governo, em Londres
Boris Johnson durante pronunciamento do lado de fora da sede do governo, em Londres (Reuters)

LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fez um pronunciamento ontem, 2, para dizer que não pretende mudar a data de saída do Reino Unido da União Europeia (31 de outubro) e que não pretende convocar eleições gerais.

Durante o dia, a mídia inglesa noticiou que havia especulações sobre uma possível convocação de uma eleição geral. Johnson está sendo pressionado por membros do Partido Conservador que se rebelaram após a polêmica decisão de Johnson suspender as atividades do Parlamento, que levou a fortes críticas ao líder conservador, mesmo dentro de seu partido.

Johnson chegou ao cargo no final de julho, em substituição a Theresa May, e assegurou que vai retirar o país da União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo.

Ele afirmou hoje,3, que os europeus notam que os britânicos querem um acordo e que ele não vai adiar a data. “Eu não quero uma eleição e vocês também não querem uma”, disse ele.

Suspensão polêmica

Na semana passada, ele anunciou a suspensão do Parlamento entre a segunda semana de setembro e 14 de outubro, oficialmente para permitir que o novo Executivo apresente seu programa de política nacional, mas que seus detratores denunciaram como uma manobra para impedir qualquer ação contra um Brexit brutal.

A decisão desencadeou uma onda de indignação e protestos em massa em todo o país durante o fim de semana sob o lema "Parem o golpe de Estado".

A Câmara dos Comuns retorna do recesso de verão na terça-feira e vários deputados conservadores declararam-se dispostos a votar com a oposição para aprovar uma lei urgente obrigando o Executivo a solicitar um novo adiamento se não houver acordo no final de outubro.

O governo tem uma maioria parlamentar de apenas um deputado - contando com os 10 do partido unionista norte-irlandês DUP -, então a ameaça alimentou especulações sobre a iminência de eleições legislativas antecipadas.

"Francamente, não parece haver um grande esforço para convencer (os rebeldes) a apoiar o governo nesta semana. Acho que estão preparados para uma rebelião e expurgo", comentou à rádio BBC o ex-ministro da Justiça David Gauke, um dos conservadores que se opõe a um Brexit sem acordo.

Os Tories que votarem contra o governo, como ele mesmo e vários de seus ministros fizeram este ano contra Theresa May, não vão poder disputar novas eleições, alertou Johnson.

Pesquisa

De acordo com uma nova pesquisa do YouGov, realizada após a decisão de suspender o Parlamento, 62% dos eleitores classificaram Johnson como "determinado", 23 pontos a mais que no mês anterior -- bem acima dos 5% de May -- e 40% como "competente", um aumento de 11 pontos.

Quanto às intenções de voto, os conservadores têm 33% contra 22% para os trabalhistas, 21% para os liberais-democratas e 12% para o Partido do Brexit.

Preparando-se para a sessão parlamentar de terça-feira, o líder do Partido Trabalhista -- a principal formação de oposição -- Jeremy Corbyn reuniu seus colaboradores mais próximos nesta segunda-feira em Salford, no noroeste da Inglaterra.

Enquanto isso, Johnson acelerou os contatos com Bruxelas em uma renegociação do acordo assinado por May.

"Não estou otimista sobre a possibilidade de evitar um Brexit sem acordo", escreveu no domingo o negociador-chefe europeu, Michel Barnier, em um artigo publicado no Sunday Telegraph.

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