Sabores do Maranhão

Releituras inusitadas fecham Festival Mercado das Tulhas

Objetivo principal foi incentivar o potencial e as peculiaridades da culinária de origem maranhense; chefe Dolores Manzarra deu dicas de cozinha sustentável; o evento ocorreu de 26 a 28 de agosto, gratuitamente, no Centro Histórico

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]SÃO LUÍS - O último dia de programação do Festival Mercado das Tulhas levou grandes experiências e conhecimento aos amantes da gastronomia. Entre várias facetas da cozinha e no que ela pode se transformar. O destaque dos ensinamentos proporcionados no Grand São Luís Hotel, no Centro Histórico da capital maranhense, na manhã de on­tem, 28, foram os ingredientes locais. No espaço Água na Brasa, quem reinou foi a pescada amarela, abundantemente encontrada no litoral do estado.

Tão fértil quanto qualquer litoral de outro estado do país, o Maranhão não desaponta quando o assunto é peixe. Em se tratando dessa iguaria, que faz parte da mesa de muitos maranhenses, no dia a dia, o segredo está em inovar, e a chefe Dolores Manzarra ensinou uma receita especial, pautada, sobretudo, numa ideia de cozinha sustentável, ao que ela arrisca dizer: "Na cozinha, nada se perde, tudo se transforma!"

"Nasci na praia. Vi pescadores arrastarem peixes o tempo todo. Comi peixe a minha vida inteira, e 30 anos que tenho de Brasil, morando numa costa e vendo que muitas vezes o peixe não é aproveitado como poderia ser, surgiu o meu interesse em estudar e trabalhar com os peixes daqui e trazer alternativas, uma vez que a gente vai ao supermercado e se depara com peixes tão caros. Assim, a gente pode aproveitar os peixes pequenos, aqueles que ninguém quer, e fazer deles uma releitura de várias receitas, parecidas, inclusive, com aquelas em que se utiliza o bacalhau", pontuou Manzarra, nascida em Lisboa, Portugal.

E quem acredita que o bacalhau é uma espécie de peixe que só pode estar na mesa de quem possui dinheiro - uma vez que, na peixaria dos mercados, ele costuma estar com preço nas alturas -, está enganado. A propósito, bacalhau não se trata de um espécie marinha, mas, sim, de um processo de salga e secura, que pode ser feito com qualquer outro peixe, inclusive de água doce. Ou seja, aqueles que costumam ser descartados por acharem que não se pode aproveitá-los para receitas nobres e consideradas caras, são os personagens principais das releituras de Dolores Manzarra, desde que se mudou para o Brasil.

"Muita coisa pode ser aproveitada numa costa desse tamanho, com tanto peixe. Ao invés de fazer um bolinho do peixe que se conhece por bacalhau que custe 30 reais, a gente pode fazer um bolinho com outro peixe, passado por um processo de salga e cura, que custe 3 reais e todo mundo possa ter em casa. Já não existe essa de que não se pode utilizar determinados ingredientes para fazer determinadas receitas", conta.

Cozinha alternativa
Quem dividiu a bancada com a chefe Manzarra no espaço Água na Brasa, no Grand São Luís Hotel, foi a chef argentina, atualmente morando no Rio de Janeiro, Alejandra Maidana.

Segundo ela, a cozinha alternativa é a mais contemporânea, e o intuito dos ensinamentos durante o Festival Mercado das Tulhas foi passar aos receptores hábitos sustentáveis, como o da utilização de ingredientes antes nunca ousados em pratos que seguem padrões, como o tradicional limãozinho maranhense no ceviche ou o quiabo na pizza.

"A ideia é, também, de ser sustentável economicamente. Há muitos ingredientes baratos que a gente pode aproveitar para fazer coisas deliciosas. A cozinha pode e deve utilizar de todos produtos. Precisamos entender que não é preciso ter caviar para cozinhar. A gente deve ousar, precisa utilizar da memória afetiva para a elaboração das novas invenções, tudo isso com produtos que a gente tem no dia a dia", frisa Alejandra.

Nos espaços que se dividiram entre a sede do mercado das Tulhas e o Grand São Luís Hotel, am­bos no Centro de São Luís, o que não faltou, nesta edição, foi criatividade e sabor.
Frutas, verduras e legumes, dentre diversos outros ingredientes se transformaram em pratos e releituras inusitadas, todos acompanhados, ou protagonizados, por aquilo que há de melhor na culinária do Maranhão.

[e-s001]O festival
Apresentando uma nova tendência de eventos gastronômicos do Maranhão, o Festival Mercado das Tulhas ocorreu de 26 a 28 de agosto, gratuitamente, no Centro Histórico. Com o tema “Maranhão: Da Semente ao Sorriso”, o evento impulsionou a cultura, o turismo, a arte e a gastronomia maranhense.

Esta foi a 2ª edição do Festival – promovido pela Associação Maranhense de Artesãos Culinários (AMAC) –, e o objetivo principal foi incentivar o potencial e as peculiaridades da culinária de origem maranhense, tornando-se um elo entre o produtor, a cozinha tradicional e o consumidor final a fim de promover um verdadeiro festival de sabores para turistas, visitantes, professores, estudantes e comunidade em gera

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