Releituras inusitadas fecham Festival Mercado das Tulhas
Objetivo principal foi incentivar o potencial e as peculiaridades da culinária de origem maranhense; chefe Dolores Manzarra deu dicas de cozinha sustentável; o evento ocorreu de 26 a 28 de agosto, gratuitamente, no Centro Histórico
[e-s001]SÃO LUÍS - O último dia de programação do Festival Mercado das Tulhas levou grandes experiências e conhecimento aos amantes da gastronomia. Entre várias facetas da cozinha e no que ela pode se transformar. O destaque dos ensinamentos proporcionados no Grand São Luís Hotel, no Centro Histórico da capital maranhense, na manhã de ontem, 28, foram os ingredientes locais. No espaço Água na Brasa, quem reinou foi a pescada amarela, abundantemente encontrada no litoral do estado.
Tão fértil quanto qualquer litoral de outro estado do país, o Maranhão não desaponta quando o assunto é peixe. Em se tratando dessa iguaria, que faz parte da mesa de muitos maranhenses, no dia a dia, o segredo está em inovar, e a chefe Dolores Manzarra ensinou uma receita especial, pautada, sobretudo, numa ideia de cozinha sustentável, ao que ela arrisca dizer: "Na cozinha, nada se perde, tudo se transforma!"
"Nasci na praia. Vi pescadores arrastarem peixes o tempo todo. Comi peixe a minha vida inteira, e 30 anos que tenho de Brasil, morando numa costa e vendo que muitas vezes o peixe não é aproveitado como poderia ser, surgiu o meu interesse em estudar e trabalhar com os peixes daqui e trazer alternativas, uma vez que a gente vai ao supermercado e se depara com peixes tão caros. Assim, a gente pode aproveitar os peixes pequenos, aqueles que ninguém quer, e fazer deles uma releitura de várias receitas, parecidas, inclusive, com aquelas em que se utiliza o bacalhau", pontuou Manzarra, nascida em Lisboa, Portugal.
E quem acredita que o bacalhau é uma espécie de peixe que só pode estar na mesa de quem possui dinheiro - uma vez que, na peixaria dos mercados, ele costuma estar com preço nas alturas -, está enganado. A propósito, bacalhau não se trata de um espécie marinha, mas, sim, de um processo de salga e secura, que pode ser feito com qualquer outro peixe, inclusive de água doce. Ou seja, aqueles que costumam ser descartados por acharem que não se pode aproveitá-los para receitas nobres e consideradas caras, são os personagens principais das releituras de Dolores Manzarra, desde que se mudou para o Brasil.
"Muita coisa pode ser aproveitada numa costa desse tamanho, com tanto peixe. Ao invés de fazer um bolinho do peixe que se conhece por bacalhau que custe 30 reais, a gente pode fazer um bolinho com outro peixe, passado por um processo de salga e cura, que custe 3 reais e todo mundo possa ter em casa. Já não existe essa de que não se pode utilizar determinados ingredientes para fazer determinadas receitas", conta.
Cozinha alternativa
Quem dividiu a bancada com a chefe Manzarra no espaço Água na Brasa, no Grand São Luís Hotel, foi a chef argentina, atualmente morando no Rio de Janeiro, Alejandra Maidana.
Segundo ela, a cozinha alternativa é a mais contemporânea, e o intuito dos ensinamentos durante o Festival Mercado das Tulhas foi passar aos receptores hábitos sustentáveis, como o da utilização de ingredientes antes nunca ousados em pratos que seguem padrões, como o tradicional limãozinho maranhense no ceviche ou o quiabo na pizza.
"A ideia é, também, de ser sustentável economicamente. Há muitos ingredientes baratos que a gente pode aproveitar para fazer coisas deliciosas. A cozinha pode e deve utilizar de todos produtos. Precisamos entender que não é preciso ter caviar para cozinhar. A gente deve ousar, precisa utilizar da memória afetiva para a elaboração das novas invenções, tudo isso com produtos que a gente tem no dia a dia", frisa Alejandra.
Nos espaços que se dividiram entre a sede do mercado das Tulhas e o Grand São Luís Hotel, ambos no Centro de São Luís, o que não faltou, nesta edição, foi criatividade e sabor.
Frutas, verduras e legumes, dentre diversos outros ingredientes se transformaram em pratos e releituras inusitadas, todos acompanhados, ou protagonizados, por aquilo que há de melhor na culinária do Maranhão.
[e-s001]O festival
Apresentando uma nova tendência de eventos gastronômicos do Maranhão, o Festival Mercado das Tulhas ocorreu de 26 a 28 de agosto, gratuitamente, no Centro Histórico. Com o tema “Maranhão: Da Semente ao Sorriso”, o evento impulsionou a cultura, o turismo, a arte e a gastronomia maranhense.
Esta foi a 2ª edição do Festival – promovido pela Associação Maranhense de Artesãos Culinários (AMAC) –, e o objetivo principal foi incentivar o potencial e as peculiaridades da culinária de origem maranhense, tornando-se um elo entre o produtor, a cozinha tradicional e o consumidor final a fim de promover um verdadeiro festival de sabores para turistas, visitantes, professores, estudantes e comunidade em gera
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