Sem punição

EUA oferecem anistia a Maduro se ele deixar o poder

Mas enviado especial para Venezuela diz que presidente não dá sinais de que vá renunciar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Maduro e seus apoiadores são acusados de tomar o poder e de manipular as eleições do ano passado
Maduro e seus apoiadores são acusados de tomar o poder e de manipular as eleições do ano passado (Reuters)

WASHINGTON — Um alto diplomata americano disse que os Estados Unidos não vão processar ou buscar outra forma de punir o presidente Nicolás Maduro se ele voluntariamente deixar o poder, apesar de ter levado o país a beira do colapso econômico e do desastre humanitário.

Elliott Abrams, enviado especial para a Venezuela, diz não ver indício de que Maduro deseje renunciar. Mas sua oferta de anistia era uma mensagem a Maduro depois do que os dois líderes falaram sobre conversas envolvendo integrantes do alto escalão, algo que Abrams disse que não aconteceu.

"Não é perseguição", disse Abrams sobre Maduro em uma entrevista na terça-feira,27. "Não estamos atrás dele. Queremos que ele tenha uma saída digna e se vá. Não queremos processá-lo, queremos que deixe o poder".

O Departamento do Tesouro, no ano passado, acusou Maduro de lucrar com o tráfico de drogas ilegais na Venezuela, mas não quis apresentar uma denúncia. O apelo mais suave, talvez pragmático, contrasta com os oito meses de sanções, isolamento internacional e ameaças do governo Trump de uma intervenção militar contra Maduro e seus apoiadores, acusados de tomar o poder e de manipular as eleições do ano passado.

Líderes de oposição na Venezuela não ofereceram imunidade a Maduro, a quem acusam de prosperar em um governo corrupto que deixou muitos venezuelanos sem comida, eletricidade ou remédios.

Na entrevista, Abrams tenta esclarecer a confusão generalizada em torno dos esforços do governo americano para tentar afastar Maduro da Presidência.

Negociações

Na semana passada, quando questionado sobre as notícias de negociações secretas entre Washington e Caracas, Trump disse que a Casa Branca estava em contato com o governo da Venezuela "nos mais altos escalões". Horas depois, Maduro confirmou ter autorizado diretamente os encontros secretos com enviados dos EUA.

"Claro, houve contato e continuaremos a manter contato", disse ao vivo na televisão.

Na terça-feira, 27, Abrams disse que não era verdade.

"A ideia de que estamos negociando está totalmente errada", disse Abrams. "A noção de que há um padrão de comunicações está errada. Há mensagens intermitentes e acho que as pessoas vão achar a mensagem que vem de Washington totalmente previsível: você precisa voltar ao regime democrático, Maduro precisa deixar o poder, ele não pode concorrer em uma eleição, as sanções continuam até ele sair do poder".

Os comentários servem para amenizar o clima entre os líderes da oposição venezuelana, que disseram, em privado que as declarações de Trump são um risco às próprias negociações internas. Uma delegação liderada pelo principal negociador da oposição, Stalin González, foi a Washington na semana passada para tentar pressionar o governo sobre as politicas para a Venezuela.

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