Saúde

Dia Nacional de Combate ao Fumo: alerta sobre graves riscos do tabagismo

Tabagismo mata e é uma das principais causas das doenças cardiovasculares. Terapias para abandono do vício são importantes, mas cigarro eletrônico não deve ser usado, pois também é nocivo.

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
O Brasil já adotou todas as  recomendações da OMS para o combate ao tabagismo
O Brasil já adotou todas as recomendações da OMS para o combate ao tabagismo (Segundo estudo da OMS, custo do cigarro é de US$ 1 trilhão ao ano)

São Paulo - Embora o Brasil tenha se tornado a segunda nação a adotar todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o combate ao tabagismo e reduzido o percentual de fumantes, o vício mata 428 pessoas por dia e é a causa de 12,6% de todos os óbitos ocorridos no País, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ao todo, 156.216 vidas seriam preservadas anualmente se o hábito fosse abolido.

"O Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29 de agosto, hoje, é oportuno para lembrarmos a gravidade do tabagismo, que matou 27.833 pessoas de câncer do pulmão, em 2017, e 34.999 de doenças cardiovasculares, em 2015", alerta o médico José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), citando números do Inca.

O cardiologista explica que o tabaco agride o endotélio (parede de células que recobre os vasos sanguíneos) e interfere na produção de óxido nítrico, tornando as artérias mais suscetíveis à formação de placas ateroscleróticas, uma das grandes causas do infarto. "O mecanismo de contração e relaxamento das artérias também é afetado, o que dificulta a circulação sanguínea", afirma o especialista. O cigarro também acelera a oxidação do colesterol e, em associação à pílula anticoncepcional, pode aumentar o risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em mulheres. Nenhuma quantidade de cigarros é segura. Apenas um já pode causar diversos malefícios à saúde.

Terapias antitabagismo e o nocivo cigarro eletrônico
Segundo o Ministério da Saúde, mais de quatro mil unidades de saúde oferecem tratamento contra o tabagismo e, entre 2005 e 2016, cerca de 1,6 milhão de brasileiros adotaram esse recurso terapêutico. É um mito, porém, que o cigarro eletrônico seja uma terapia adequada para o abandono do vício, pois também é nocivo à saúde e não deve ser utilizado. Trabalho mostrando seus malefícios foi apresentado este ano no Congresso da Socesp, em junho, pelo médico Márcio Gonçalves de Sousa, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, especialista em tratamento do tabagismo pela Mayo Clinic (2010) e doutor em Cardiologia pelo INCOR-FMUSP.

O especialista citou estudos que mostram efeitos nocivos do cigarro eletrônico, que é proibido pela Anvisa no Brasil, mas, a despeito de tal restrição, vendido praticamente de modo livre e sem fiscalização. O vapor que ele produz contém substâncias cancerígenas e pode causar danos aos pulmões e ao coração. Lembrando que 90% dos fumantes começam a fumar antes dos 19 anos, o médico salientou que a utilização do cigarro eletrônico pelos jovens é um risco, porque também seduziria os adolescentes e os induziria a um novo vício.

Por outro lado, o tratamento medicamentoso dos fumantes, prescrito e feito com acompanhamento médico, é indicado e contribui para que abandonem o vício. Márcio Gonçalves de Souza afirmou que é muito importante combater o tabagismo, nocivo à saúde, enfatizando que "a indústria da morte adiciona cada vez mais substâncias aos cigarros para tornar mais rápida e eficiente a entrega de nicotina ao cérebro, potencializando o vício".

Boas notícias
José Francisco Kerr Saraiva observa, por outro lado, que se deve comemorar os avanços, citando o fato de o Brasil ter se tornado o segundo país a adotar todas as recomendações da OMS para o combate ao tabagismo, conforme o Relatório Sobre a Epidemia Mundial do Tabaco, divulgado em 26 de julho. Apenas a Turquia havia conquistado tal posição anteriormente. Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) revelam que, em 2018, 9,3% dos brasileiros afirmaram ter o hábito de fumar. Em 2006, ano da primeira edição da pesquisa, esse percentual era de 15,7%. Nos últimos 13 anos, a população entrevistada reduziu em 40% o consumo do tabaco.

"Avanço relevante também foi a entrada em vigor, há dez anos, da Lei Antifumo no Estado de São Paulo, que tem a maior população do País", salienta o presidente da Socesp, afirmando: "Devemos comemorar esse importante aniversário, considerando que, nos primeiros oito anos de vigência da norma, os consumidores de cigarros na capital paulista diminuíram de 18,8% dos paulistanos, em 2009, para 14,2%". A lei, que entrou em vigor no mês de agosto de 2009, proibiu fumar em lugares fechados.

SAIBA MAIS

O tabagismo é o hábito de fumar várias vezes no decorrer do dia e é a principal causa de mortes evitáveis no mundo. Segundo o Instituto do Câncer (INCA), o cigarro é responsável por aproximadamente 156.216 mortes por ano, o que significa 428 mortes por dia. Esses números representam quase 13% do total de mortes que ocorrem no país.

Associado a problemas cardiovasculares, enfisema pulmonar e outras, o tabaco, em qualquer uma de suas formas, causa até 90% de todos os cânceres de pulmão e é um fator de risco significativo para acidentes vasculares cerebrais e ataques cardíacos mortais. São aproximadamente 50 doenças relacionadas com o fumo:

25% das mortes causadas por doenças do coração;
45% das mortes causadas por doenças do coração em pessoas com menos de 60 anos;
45% das mortes por infarto em pessoas abaixo de 65 anos;
85% das mortes causadas por bronquite e enfisema (irritação respiratória crônica);
90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
30% das mortes causadas por outros tipos de câncer (boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga, mama e colo de útero);
25% das doenças vasculares:
Derrame cerebral;

Impotência sexual e infertilidade em homens.

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