Devastação

Macron diz que há outros países para ajudar na Amazônia

Francês disse que há líderes que confundem soberania e agressividade. Donald Trump afirmou que Bolsonaro está fazendo um bom trabalho: ''apoio total e completo dos EUA''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Presidente Emmanuel Macron falou ontem em conferência de embaixadores em Paris
Presidente Emmanuel Macron falou ontem em conferência de embaixadores em Paris (Reuters)

PARIS - Dando continuidade à polêmica entre Brasil e França em relação às queimadas na Amazônia, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse ontem, 27, numa conferência de embaixadores em Paris, que há outros países a serem ajudados na região amazônica.

"Notei que as inquietudes são sobretudo a falta de tato de alguns dirigentes que consideram que a soberania é, no fundo, agressividade, o que acredito profundamente ser um erro. Somos um país soberano, quando temos grandes acontecimentos, aceitamos com alegria e bons olhos a solidariedade internacional, porque é um símbolo de amizade", declarou Macron.

"Mas, sobretudo, há 9 países na Amazônia. Há muitos outros países que solicitaram nossa ajuda e então é importante mobilizá-la rápido para que a Colômbia, a Bolívia e todas as regiões brasileiras que desejarem ter acesso a essa ajuda internacional possam tê-la e possam reflorestá-la rapidamente", prosseguiu o francês.

A fala de Macron foi aproximadamente concomitante com as declarações de Jair Bolsonaro em Brasília segundo as quais o francês terá de "retirar insultos" contra ele e o Brasil antes de considerar aceitar a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 82 milhões) dos países do G7 para combater queimadas na Amazônia.

Um pouco mais tarde, Bolsonaro disse que a postura de Macron tem a ver com a baixa popularidade do presidente francês com a população de seu país.

“Pessoas com o pensamento como o senhor Macron, ele deve pensar duas, três vezes, antes de querer sair de uma situação complicada que se encontra, uma rejeição enorme no seu país, até mesmo, cerrando conosco. Ninguém é contra aqui dialogar com a França, em hipótese alguma", afirmou Bolsonaro.

Também na manhã de ontem, o presidente americano, Donald Trump, voltou a fazer um post favorável a Bolsonaro no Twitter.

"Conheci o presidente Bolsonaro bem em nossas negociações com o Brasil. Ele está trabalhando duro em relação aos incêndios na Amazônia e em todos os aspectos, fazendo um ótimo trabalho para o povo do Brasil -- o que não é fácil. Ele e seu país têm o apoio total e completo dos EUA!", escreveu.

'Status internacional'

Ontem, Bolsonaro disse que Macron o chamou de "mentiroso" e ameaçou a soberania da Amazônia ao falar sobre a definição de um "status internacional" da Amazônia (leia mais abaixo).

A palavra francesa que Macron usou, "statut", tem dois significados, e isso gerou confusão na imprensa internacional e até mesmo na França. Alguns jornalistas entenderam que ele estava propondo definir "um status internacional para a Amazônia"; outros entenderam tratar-se de "um estatuto internacional para a Amazônia", que seria um marco regulatório definindo regras para proteger a floresta.

Bolsonaro deu as novas declarações ao ser questionado sobre o motivo de o país não aceitar a ajuda oferecida pelo G7, conforme disseram o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e a assessoria do Planalto.

"Eu falei isso? Eu falei? Jair Bolsonaro falou?", indagou Bolsonaro sobre a recusa em aceitar ajuda do G7. Após a fala, os jornalistas presentes citaram que Onyx e o próprio Planalto disseram que o governo brasileiro não aceitaria o auxílio financeiro. Bolsonaro, então, apresentou condições para conversar sobre o tema.

O embaixador brasileiro na França, Luis Fernando Serra, disse à rede de TV francesa RMC, que o Brasil poderia rejeitar a ajuda do G7 "porque há mecanismos das Nações Unidas que estão em vigor que prometem bilhões de dólares em créditos de carbono, etc que não são utilizados".

Ele disse ainda que a oferta do G7 seria uma forma de ingerência estrangeira: "Uma ajuda que nós não pedimos. A ajuda do G7 foi decidida sem o Brasil. O G7 se reuniu sem o Brasil".

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