Pesquisa

Recém-formados têm dificuldade para inserção no mercado, revela Dieese

Segundo pesquisa do Dieese, em 2014, em torno de 8% deles estavam desocupados após a conclusão dos cursos e outros 13% estavam inativos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Em 2018, estavam sem trabalho quase metade (45%) dos recém-formados
Em 2018, estavam sem trabalho quase metade (45%) dos recém-formados

SÃO LUÍS - A edição de nº 13 do Boletim Emprego em Pauta, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), traz um a realidade das dificuldades encontradas por recém-formados no ensino superior na inserção no mercado de trabalho. Em 2014, em torno de 8% deles estavam desocupados após a conclusão dos cursos e outros 13% estavam inativos (sequer procurando trabalho). Em 2018, os percentuais aumentaram para 14% e 15%, respectivamente.

O estudo do Dieese confirma que embora menor que em 2014, o percentual de recém-formados que, em 2018, conseguiu trabalho ainda era alto: 72% (diante de 79%, em 2014) Contudo, entre os que conseguiram trabalho, diminuiu a proporção dos que estavam em postos que demandavam ensino superior.

Quatro anos atrás, 51% dos jovens recém-formados que estavam trabalhando, com idade entre 25 a 29 anos, ocupavam postos de trabalho que exigiam formação superior, enquanto em 2018, o percentual na mesma posição era de 35%. Para aqueles que tinham entre 30 e 44 anos, o percentual nessas vagas passou de 51% para 18%, entre 2014 e 2018.

Rendimento
Outro ponto que merece destaque é o rendimento médio dos recém-formados, que diminuiu entre 2014 e 2018, principalmente para os que estavam em postos de trabalho que exigiam a formação superior. Segundo o Dieese, isso pode ter ocorrido devido ao aumento da oferta de mão de obra (mais qualificada e experiente) em decorrência da crise do emprego, o que pressiona negativamente os salários. Assim, os recém-formados disputam vagas de trabalho com trabalhadores formados há mais tempo e com mais experiência e, por isso, acabam aceitando salários menores do que os oferecidos em tempos de crescimento econômico.

No mesmo período, a variação dos rendimentos foi menor entre os que estavam em um posto de trabalho que não demandava ensino superior, seguindo a tendência geral do mercado de trabalho. Nessas ocupações, os recém-formados enfrentam também a concorrência de pessoas com menos anos de estudo, o que contribui para que esses trabalhos ofereçam remunerações mais baixas.

Proporção
Em 2018, estavam sem trabalho quase metade (45%) dos recém-formados cujos domicílios tinham rendimentos per capita de até meio salário mínimo. Essa proporção era o dobro da verificada nos domicílios com rendimento per capita de mais de dois salários mínimos (22%).
Entre os formados dos domicílios mais pobres, apenas 19% tinham conseguido um posto de trabalho em que era necessária a formação superior. Já nos domicílios mais ricos, 36% dos recém-formados estavam em ocupações que demandavam ensino superior.

Vários fatores relacionados às desigualdades de oportunidade podem estar por trás desse quadro. Por exemplo, filhos de famílias mais ricas dispõem de relações familiares (e o chamado networking) e de recursos financeiros tanto para poder frequentar cursos mais prestigiados quanto para abrir um negócio próprio (como no caso dos profissionais liberais, que podem abrir e manter consultórios ou escritórios) e isso facilita a inserção ocupacional nas áreas de formação.

Outro fator é que, devido às condições familiares pré-existentes, muitos jovens universitários de menor renda acabam se inserindo no mercado de trabalho em ocupações que não têm relação com a formação universitária. Tais experiências profissionais acabam sendo consideradas pouco relevantes para a maioria das vagas típicas de ensino superior, se comparadas com os estágios na área de formação.

Mais

Desocupação

A taxa de desocupação no país passou de 6,9%, em 2014, para 12,0%, em 2018 e, entre aqueles com ensino superior completo, aumentou de 3,7% para 6,1%. Para os jovens recém-formados no ensino superior, as dificuldades no mercado de trabalho também aumentaram no período, principalmente em postos de trabalho condizentes com o nível de escolaridade que atingiram. Com a crise, aumentou a proporção de recém-formados no ensino superior que não conseguiram trabalho.

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