Reconhecimento

Homenagem a Luiza Lobo

Pesquisadora receberá o título de cidadã maranhense em solenidade a ser realizada na Assembleia Legislativa do Maranhão, amanhã, às 11h

Ceres Costa Fernandes* / Especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Luiza Lobo receberá o título de cidadã maranhense
Luiza Lobo receberá o título de cidadã maranhense (alternativo)

São Luís - Sopra, do Sudeste, um vento sousandradino e, no seu bojo, traz, mais uma vez a esta terra, Luiza Lobo. A vez primeira que este vento literário soprou foi no ano de 1979, movido pela paixão poética que consumia a jovem escritora. Veio, então, à cidade em que o bardo da Quinta da Vitória viveu, para o lançamento do seu livro “Tradição e ruptura: O Guesa de Sousândrade”. Jomar Moraes, outro sousandradino, ao ter em suas mãos o original de Luiza, entendeu o valor da obra e, como diretor do SIOGE (Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado), imediatamente a edita e publica, em 1979.

Ventos continuam a soprar. Em 1982, no Sesquicentenário de Sousândrade, Luiza vem ministrar um curso sobre Romantismo no Brasil. Já conquistada pelas praias e integrada ao espírito de São Luís, ela nos conta: “Caminhava pela rua das Hortas e ouvia um ensaio do músico Turíbio Santos, que tocaria à noite no Teatro Artur Azevedo. O som do violão, na rua ensolarada, me fazia lembrar Gonçalves Dias.”

Os anos passam, Luiza mundo afora, distante, mas não distanciada de São Luís. O contato literário se fazia intenso com a publicação de “Épica e modernidade em Sousândrade” (1986), “Crítica sem juízo” (1993) e de outras produções em que o bardo de “O Guesa” comparece. Em 2000, Luiza é eleita sócia-correspondente da Academia Maranhense de Letras, oficializando o que, de fato, já acontecia; em 2013, é correspondente também da Academia Ludovicense de Letras.

A relação literária com o Maranhão prossegue ao travar conhecimento com os estudos de Nascimento Moraes Filho sobre Maria Firmina, a primeira mulher romancista brasileira, com “Úrsula” (em 1859). Fez inúmeras conferências e artigos sobre os dois escritores.

Jomar Morais e Frederick G. Williams publicam as obras completas de Sousândrade, em 2003. Em 2012, sai uma nova edição com a ortografia atualizada de “O Guesa”, organizada por Luiza, uma edição definitiva, com introdução, notas, glossário. Uma edição completa, primorosa e, segundo a opinião abalizada de Jomar Moraes, a melhor de quantas foram feitas. Poderíamos chamar a obsessão de Luiza pelo poeta de uma lúcida e saudável obsessão. Ou melhor, poderíamos fazer do jeito que ela fez ao nomear Jomar Moraes de JOMAR SOUZÂNDRADE MORAES, na edição comemorativa dos 50 anos do Mestre, organizada por Pergentino Holanda. Acho que ela está a merecer de nós o mesmo honroso epíteto: LUIZA SOUSÂNDRADE LOBO.

Trajetória

Professora aposentada da pós-graduação da Faculdade de Letras da UFRJ; Pesquisadora associada da Universidade de Poitiers, na França - 2009-2010; Membro da Academia Brasileira de Filologia e do Pen Clube do Brasil.

Formada em Filosofia, UFRJ; licenciada em Didática Inglesa, na Santa Úrsula; mestre em Letras na PUC/RJ; doutora em Literatura comparada na Universidade de South Carolina; pós-doutora em Literatura comparada na NY University e na FU-Berlim.

Desde 1968, publica contos em revistas e antologias e a primeira tradução, e inicia-se como ensaísta, resenhista e crítica, em revistas especializadas e jornais.

Publicou 20 obras, a maioria já em segunda edição.

Entre seus livros de contos, citam-se “Por trás dos muros: arte-fábulas” (1976), “Voo livre” (1982); “Maçã mordida” (1992); “Sexameron: novelas sobre casamentos” (1997); “Estranha aparição” (2000); e o romance: “Terras proibidas: a saga do café no vale do Paraíba do Sul” (2011).

Entre os livros de ensaios, destacam-se “Épica e modernidade em Sousândrade” (1986; 2005); “Teorias poéticas do Romantismo” (1987; 2007); “Crítica sem juízo” (1993); “Cânone e renovação na literatura” (2018); e a edição atualizada de “O Guesa” (2012).

*Ceres Costa Fernandes é escritora e membro das Academias Maranhense e Ludovicense de Letras

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