Contra o governo

Multidão volta às ruas de Hong Kong para protestar

É a 11ª semana de manifestações, que começaram contra um projeto de lei que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a China continental; reação contrária da população fez com que o governo recuasse e suspendesse a proposta.

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Sob forte chuva, multidão voltou ontem às ruas de Hong Kong para protestar contra o governo
Sob forte chuva, multidão voltou ontem às ruas de Hong Kong para protestar contra o governo (Reuters)

HONG KONG - Pelo menos 100 mil manifestantes contrários ao governo, segundo estimativas de jornalistas da agência de notícias Reuters, participaram de um grande protesto em Hong Kong ontem, 18, lotando as principais vias de baixo de forte chuva. É a 11ª semana de manifestações no centro financeiro asiático, muitas delas violentas.

A multidão que compareceu ontem, 18, demonstra que o movimento ainda tem um grande apoio da população, apesar de cenas de violência testemunhadas durante a última semana, quando manifestantes ocuparam o aeroporto da cidade – alguns ativistas pediram desculpas pelas cenas.

"Está muito quente e está chovendo. É uma tortura participar, honestamente. Mas precisamos estar aqui porque não temos escolha", disse à Reuters o estudante chamado Jonathan, um dos participantes do protesto que começou no Parque Victoria, na Baía Causeway, um distrito da ilha de Hong Kong.

"Temos que continuar até o governo finalmente nos mostrar o respeito que merecemos", disse ele.

Projeto de lei suspenso

Os protestos começaram em junho por causa de um projeto de lei que permitiria a extradição de cidadãos de Hong Kong para a Chinacontinental. A reação contrária da população fez com que o governo recuasse e suspendesse a proposta.

No entanto, a mobilização cresceu, alimentada por preocupações mais amplas sobre a erosão das liberdades garantidas pela fórmula "um país, dois sistemas", que foi colocada em prática em 1997, quando Hong Kong deixou de ser domínio britânico e voltou a formar parte da China. Eles também exigem que o projeto de lei, apesar de suspenso, seja engavetado em definitivo.

Protesto sub chuva

Ontem, 18, além de cartazes com dizeres como "Hong Kong Livre!" e "Democracia já!", os manifestantes também levaram guarda-chuvas para se protegerem da chuva. A multidão no Parque Victoria era pacífica e incluiu pessoas idosas, além de manifestantes de meia idade, jovens e famílias – alguns pais levaram seus filhos pequenos a tiracolo.

Apesar de os organizadores do protesto não tevem permissão para o ato, o parque não conseguiu fazer caber toda a multidão, que se espalhou pelas ruas adjacentes.

Muitos manifestantes se dirigiram ao centro financeiro de Hong Kong, gritando palavras de ordem e pedindo a renúncia de Carrie Lam, a líder do governo, apoiada pela China.

Exercícios militares

Na semana passada, o governo chinês enviou tanques para a cidade de Shenzhen, na fronteira com Hong Kong, onde realizaram exercícios militares.

No contexto do exercício, a mídia estatal chinesa aludiu à existência de "uma clara advertência aos desordeiros em Hong Kong". Além disso, foi observado que as tarefas das tropas incluem intervenções em tumultos civis e ataques terroristas.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas."

Para as duas regiões administrativas especiais chinesas foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, em nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

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