Território

Dinamarca rebate suposta intenção de Trump de comprar a Groenlândia

O presidente americano consultou seus assessores sobre a possibilidade de os Estados Unidos comprarem a ilha dinamarquesa, segundo o Wall Street Journal. Ministra disse que o lugar não está à venda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
A Groenlândia é um território dinamarquês autônomo
A Groenlândia é um território dinamarquês autônomo (Divulgação)

GROELÂNDIA - Dinamarca rebateu, nesta sexta-feira (16), uma suposta intenção do presidente americano, Donald Trump, de comprar a Groenlândia, informou a agência de notícias Reuters. A ideia foi ridicularizada por vários políticos do país, como a ministra de Relações Exteriores da ilha e um ex-primeiro ministro dinamarquês.

"Tem que ser uma piada de primeiro de abril", declarou Lars Lokke Rasmussen, ex-primeiro ministro, no Twitter. "Totalmente fora de contexto".

"Estamos abertos a negócios, mas não estamos à venda", delcarou Ane Lone Bagger, ministra de Relações Exteriores da ilha.

"Se ele realmente está contemplando isso, então esta é a prova final de que ele enlouqueceu, disse Soren Espersen, porta-voz de assuntos estrangeiros do Dansk Folkeparti (Partido do Povo Dinamarquês, em português).

"A ideia de a Dinamarca vender 50 mil cidadãos para os Estados Unidos é completamente ridícula", declarou Espersen.

Aaja Chemnitz Larsen, parlamentar dinamarquesa do segundo maior partido da Groenlândia, o Inuit Ataqatigiit (IA), disse à Reuters que tem certeza de que "a maioria da Groenlândia acredita que é melhor ter uma relação com a Dinamarca do que com os Estados Unidos, a longo prazo".

"Meu primeiro pensamento é não, obrigada", disse Chemnitz Larsen.

A ideia também foi criticada do lado americano. Ex-embaixador dos EUA na Dinamarca, Rufus Gifford afirmou que "essa é uma completa e total catástrofe".

O primeiro-ministro dinamarquês, Mette Frederiksen, o ministro das Relações Exteriores, Jeppe Kofod, e a embaixada dos EUA em Copenhague não comentaram o assunto até o momento.

A Groenlândia é uma região autônoma da Dinamarca, que é responsável pela defesa e política externa da ilha. O país nórdico colonizou o lugar no século XVIII, e, hoje, o território de 2 milhões de km quadrados abriga cerca de 57 mil pessoas, a maioria pertencente à comunidade inuit. A ilha tem autonomia sobre seus assuntos domésticos.

Em 1917, a Dinamarca vendeu as então ilhas dinamarquesas das Índias Ocidentais por US$ 25 milhões para os americanos, que as renomearam como Ilhas Virgens dos Estados Unidos.

Interesse

Na quinta-feira,15, o jornal "Wall Street Journal" noticiou que Donald Trump consultou seus assessores sobre a possibilidade de os Estados Unidos comprarem o território dinamarquês autônomo. O presidente tem curiosidade sobre os recursos naturais e a relevância geopolítica da área, disse o jornal.

O americano expressou interesse no lugar - que tem 85% da superfície coberta por gelo -, perguntando a seus conselheiros se era possível que os Estados Unidos o adquirissem, disse o jornal na quinta-feira (15), citando pessoas que sabem dessas deliberações.

Duas fontes familiarizadas com a situação disseram à Reuters que a idéia havia sido tomada por alguns conselheiros como uma piada, mas levada a sério por outros na Casa Branca.

Trump deve visitar Copenhague em setembro, e o Ártico estará em pauta durante reuniões com os primeiros-ministros da Dinamarca e da Groenlândia.

Alguns conselheiros de Trump acreditam que adquirir a Groenlândia pode ser benéfico para os Estados Unidos, enquanto outros consideram a ideia um "fascínio efêmero" do presidente, afirma o Wall Street Journal.

Outros de fora do governo dizem que o interesse de Trump pode ser devido ao desejo de cimentar seu legado, de acordo com o jornal, enquanto seus conselheiros discutem o potencial de maior influência militar dos Estados Unidos. A ilha vem ganhando atenção de superpotências globais devido à sua localização estratégica e recursos minerais.

A base aérea americana de Thule está na Groenlândia há décadas.

Não é a primeira vez que o presidente expressa interesse por propriedades em outros países: em uma ocasião, ele disse que as "fantásticas praias" da Coreia do Norte seriam o local ideal para alguns prédios de apartamentos.


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