Peça

Uma voz pela justiça social

Espetáculo "Luiz Gama: uma voz pela liberdade", será apresentado de hoje a domingo no Teatro Arthur Azevedo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Ator maranhense Déo Garcez em cena do o espetáculo “Luiz Gama: uma voz pela liberdade”
Ator maranhense Déo Garcez em cena do o espetáculo “Luiz Gama: uma voz pela liberdade” (luiz gama espetáculo)

São Luís - Estrelado e concebido pelo ator maranhense Déo Garcez e dirigido por Ricardo Torres, o espetáculo “Luiz Gama: uma voz pela liberdade” será apresentado hoje e amanhã, às 20h e domingo, às 19h, no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol,Centro).

Com um enfoque histórico sobre o advogado que viveu entre 1830 e 1882, sofrendo todas as mazelas de uma época em que o preconceito racial ainda era muito acentuado e a cor era sinônimo de servidão. Mesmo nascido livre, pois seu pai era branco e sua mãe escrava alforriada, foi vendido como escravo, aos 10 anos, pelo próprio pai para pagar uma dívida de jogo. Ele mudou seu destino aprendendo a ler, escrever e, já na condição de advogado, mesmo sem ter o diploma, atuou em defesa dos negros, libertando mais de 500 escravos. Vítima de exclusão histórica, Luiz Gama recebeu em 3 de novembro de 2015, após 133 anos de sua morte, o título de Advogado da OAB.

O espetáculo, que tem no elenco, a atriz Soraia Arnoni, que interpreta diversos personagens, , mescla dados históricos sobre a biografia do advogado com escritos de sua autoria. Em muitas cenas, Déo Garcez, que interpreta o advogado, recita poemas e textos de Luiz Gama. Além disso, os atos formam um constante jogo entre uma reflexão sobre a discriminação no passado, levando o público a uma reflexão sobre a discriminação na contemporaneidade. Os diálogos evocam a luta contra o racismo e a discriminação presente na sociedade brasileira de sua época e, que, até hoje ainda são presentes no contexto brasileiro. A atriz Soraia Arnoni, tem várias funções na trajetória narrada no espetáculo. Ela, por vezes, interpreta a mãe do advogado, a narradora onipresente, musa inspiradora e também sua consciência.

A cenografia remete a uma ambientação clássica e intimista. Com uma mesa de canto e duas cadeiras antigas, o ator trabalha a dualidade das expressões teatrais; ora está sentado lendo, encenando momentos de produção textual e ora levanta-se para denunciar as mazelas da sociedade escravocrata. Seu movimento corporal é parte do jogo de revolta e embate envolvendo o advogado e a sociedade.

Inspiração

O advogado abolicionista Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 21 de julho de 1830. Era filho de um português e de Luiza Mahin, negra acusada de se envolver com a Revolta dos Malês, na Bahia – a primeira grande rebelião urbana de escravos da história do Brasil. Aos 10 anos, tornou-se cativo, vendido pelo próprio pai.

Luiz Gama morou com a mãe em Salvador até os oito anos. Quando a líder rebelde teve que fugir para o Rio de Janeiro, buscando escapar da forte perseguição policial, Luiz foi entregue ao pai, um fidalgo português. Jogador compulsivo e afogado em dívidas, seu pai lhe vendeu a um traficante e Luiz Gama virou escravo doméstico em São Paulo.

Aos 18 anos, sabendo ler e escrever, conseguiu provas irrefutáveis da ilegalidade de sua condição, pois era filho de uma mulher livre. Já liberto, em 1848 assentou praça na Força Pública da Província. Em 1854 teve baixa da Força Pública por insubordinação e em 1856 foi nomeado escrevente da Secretaria de Polícia.

Foi nesse período, que teve acesso à biblioteca do delegado, então professor de Direito. Autodidata e dono de uma memória excepcional, Luiz Gama se tornaria um grande advogado (rábula). Foi um dos abolicionistas mais atuantes de São Paulo. Com seu trabalho nos tribunais, conseguiu a libertação de centenas de negros mantidos injustamente em cativeiro ou acusados de crimes contra os senhores. Especializou-se nessa área.

Três anos depois, publicou seu único livro de poesias. Seu célebre poema A Bodarrada ironizava os que tentavam negar a influência africana na formação da nossa identidade nacional. Ao admitir no poema que também era bode – termo pejorativo usado para ridicularizar os negros –, Gama tornou-se o primeiro escritor brasileiro a assumir explicitamente sua identidade negra, sendo assim o fundador da literatura de militância dos negros no Brasil.

Serviço

O quê: “Luiz Gama: uma voz pela liberdade”

Quando: Hoje e sábado, às 20h e domingo, às 19h

Onde: Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol, Centro)

A produção não informou o preço do ingresso

Ficha técnica

Dramaturgia: Deo Garcez
Direção, figurino e cenografia: Ricardo Torres
Elenco: Deo Garcez e Soraia Arnoni
Áudio de apresentação (voz): Milton Gonçalves
Trilha sonora: Deo Garcez e Ricardo Torres
Iluminador: Vinícius Gaspar e Alan Leite
Operador de luz: André Calazans
Operador de som: Ricardo Torres
Produção: MS Events
Produção executiva: Alan de Jesus e Mário Seixas
Coprodução: Olhos D´Água e Nova Criativa Social
Programação Visual: Mário Seixas
Caracterização [barba] – Márcia Elias
Assessoria de imprensa: Alan de Jesus e Márcia Araújo
Fotos: Jean Yoshii, Vivian Fernández, Maurício Code, Valmyr Ferreira e Helena Mallet

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