Transporte

Terminal da Praia Grande é fechado em protesto por melhor estrutura

Manifestação foi por melhorias na estrutura do terminal e nos ônibus; Consórcio Central diz que questões são responsabilidade da Prefeitura

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Terminal da Praia Grande tem sérios problemas estruturais
Terminal da Praia Grande tem sérios problemas estruturais (Terminal da Praia Grande)

SÃO LUÍS - Um grupo de usuários do transporte público realizou um protesto, na ma­nhã de quinta-feira, 15, nos dois pontos de acesso ao Terminal de Integração da Praia Grande, na região central de São Luís. Os manifestantes impediram a entrada e saída de ônibus do local, o que gerou um longo congestionamento. Eles reivindicavam vários itens, incluindo melhorias na estrutura do terminal, acessibilidade e renovação da frota de ônibus.

Segundo o tenente-coronel Wellington, comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM), o protesto, realizado por usuários do transporte urbano, começou por volta das 8h e teve pouca duração. O oficial disse que guarnições seguiram pela Avenida Beira-Mar após serem informadas pelo Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) sobre a manifestação. “Não houve nenhuma anormalidade na contenção do ato, porque o grupo liberou os acessos depois de negociação com os militares”, declarou.

O tenente-coronel comunicou que o Comando de Policiamento da Unidade (CPU) do 9º BPM esteve no terminal, por meio do tenente Maurício, e conseguiu contornar a situação com a viatura do Anel Viário. Os manifestantes, sob organização do Sindicato dos Usuários do Transporte Coletivo Urbano e Semiurbano de São Luís, pretendiam chamar a atenção das autoridades para os problemas que enfrentam, diariamente, no Terminal da Praia Grande.

Engarrafamento
De acordo com informações apuradas por O Estado, os manifestantes protestavam contra as péssimas condições do Terminal da Praia Grande, a superlotação, a precariedade dos ônibus e sobre o Consórcio Central, que administra o terminal. Por causa da situação, um quilométrico engarrafamento se formou na avenida, o que causou diversos transtornos na região central de São Luís.

Vários passageiros desceram dos ônibus e seguiram seus destinos a pé. O trânsito começou a fluir depois que os manifestantes desbloquearam a avenida após negociação com a Polícia Militar e agentes de trânsito.

Problemas no terminal
Inaugurado no dia 8 de agosto de 1996, o Terminal da Praia Grande está sendo alvo de reclamação há alguns anos devido às condições em que se encontra, com buracos na entrada e na área interna. Uma das plataformas, inclusive, esteve interditada durante vários meses para reparos, o que levou a administração a fazer modificações nas guias, acrescentando linhas em guias. Isso levou à formação de pequenos engarrafamentos dentro do próprio local.

Outro ponto exigido pelos usuários é a acessibilidade no sistema de transporte coletivo de São Luís. Isso inclui não apenas ônibus, como os próprios terminais de integração. Em março deste ano, uma sentença do juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos, obrigou essa adaptação. O prazo para o cumprimento é de 6 meses.
Desde julho de 2016, os terminais de integração localizados em São Luís são administrados pelos consórcios vencedores da licitação do transporte público realizada pela Prefeitura.

Consórcio Central
Procurado por O Estado, o presidente do Consórcio Central, José Gilson Caldas Neto, informou que não se pode tratar de problemas no Terminal da Praia Grande sem que se retorne à sua fundação, em 1996. “Ele foi feito em cima de uma barragem, com maresia e salitre. O fundo do terminal está sendo invadido pela maré. E o Município é o dono do terminal. O consórcio está apenas utilizando o local durante a concessão”, declarou.

Gilson Neto frisou que o consórcio apenas é responsável pela manutenção e conservação do terminal. “Uma lâmpada queimada, um vaso sanitário danificado, ou uma torneira com defeitos. Agora, querer que o consórcio faça obras estruturantes. A questão dos pilares, das vigas, isso é responsabilidade da Prefeitura de São Luís. O consórcio, inclusive, fez uma perícia e notificou o Município, mostrando as condições do terminal, que realmente são graves. São problemas estruturais ao longo dos anos e de responsabilidade da Prefeitura”, esclareceu o presidente do Consórcio Central.

José Gilson Neto disse, ainda, que todos os veículos que operam no Consórcio Central (que opera no Lote 1) estão dentro do contrato de concessão, que permite idade máxima de 10 anos. “Nenhum ônibus em circulação no Lote 1 está com idade superior a 10 anos. Então, uma vez que estejamos cumprindo as obrigações com relação à idade da frota, essa reivindicação cai por terra. Quando um ônibus ultrapassa a idade máxima permitida por lei e pela concessão, a própria Prefeitura bloqueia os ônibus, que ficam proibidos de circular”, explicou o empresário.

Com relação à acessibilidade, Gilson Neto enfatizou que toda a frota de São Luís é equipada com elevadores para portadores de necessidades especiais. “O que acontece é que as vias de São Luís – as estruturas de paradas, buracos, lama, terra – fazem com que a vida útil dos elevadores seja muito curta. A gente faz a manutenção do elevador, mas, em menos de 48 horas ou 72 horas de funcionamento, ele empena ou quebra. Isso é em decorrência da estrutura viária e das paradas de ônibus. O deficiente físico não consegue nem sair de casa e chegar à parada de ônibus mais próxima. É um assunto bastante delicado, que não se resume ao elevador do ônibus. É bem mais amplo do que isso”, expressou José Gilson.

“O Consórcio Central entende que toda manifestação é válida. Mas o meu direito termina onde começa o do ou­tro. Uma coisa é manifestar sua insatisfação. Outra é interferir no direito de ir e vir do cidadão. O que aconteceu lá foi que a saída do terminal foi obstruída”, analisou o empresário José Gilson Neto, que também é presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET).

O Estado solicitou uma nota da Prefeitura de São Luís acerca das condições estruturais do Terminal da Praia Grande e sobre as outras reivindicações dos usuários, mas, até o fechamento desta edição, não houve resposta.

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