Artigo

A hora de investir

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

A taxa básica de juros da economia, conhecida como taxa Selic, estabelecida periodicamente pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, chegou a um número histórico no Brasil. Caiu ao menor patamar desde a criação do regime de metas da inflação, em 1999, e também ao valor mais baixo de sua série histórica, iniciada em 1986. No final de julho, após estagnação de 16 meses, foi cortada de 6,5% para 6%. No caminho deste corte, esbarramos em uma agenda econômica inédita: liberal, pró-mercado, pró-negócios, que promete desregulamentar, desburocratizar, simplificar e otimizar a vida de quem tem um negócio no país. Além disso, a estagnação da economia ainda permite a compra ou o aluguel de imóveis por preços defasados, que devem ser corrigidos a partir do momento em que a economia ganhar tração. Na prática, o que isso significa?

Significa que, para quem sonha em empreender, é hora de começar a se planejar. A queda na taxa de juros traz duas implicações imediatas: a certeza de que a inflação está dentro da meta estipulada para o ano (em suma, a valoração de bens de consumo e serviços não está flutuando em alta e pesando além do previsto no bolso do consumidor) e, ainda mais importante para este caso, as linhas bancárias de crédito para empréstimos de qualquer natureza acompanham a tendência de retração, ou seja, emprestar dinheiro do banco para tornar o sonho realidade fica mais acessível ao futuro empreendedor.

Junte-se, ainda, à equação, as projeções futuras anunciadas pelo Copom (de que deve derrubar a taxa Selic para 5,5% ao ano em setembro e, já em dezembro, novamente, para 5,25%), e o resultado dos fatores passa a revelar um cenário ainda mais positivo no mundo dos negócios. Por quê?

A razão é simples: em uma economia estabilizada - e com um prognóstico de melhora ainda a curto prazo -, aliada a consumidores aptos a serem sujeitos ativos no mercado e no varejo, a chance de novos negócios funcionarem aumenta substancialmente. E, na atual perspectiva, é possível já sonhar, mas sem tirar os pés do chão.

Tomemos, como exemplo, a economia dos Estados Unidos. O país sustenta uma das menores taxas de juros do planeta, com índice de apenas 2,25% ao ano. E, segundo levantamento do Instituto de Desenvolvimento para Empreendedorismo local, o crescimento anual de abertura de empresas – de qualquer porte – está na ordem de 3,13%: a cada ano surgem mais de 900 mil novas organizações comerciais. Claro, não estamos levando em consideração a taxa de sucesso e relativizando “abertura vs. encerramento” dos negócios.

No caso, estamos olhando e enaltecendo a questão da oportunidade. Embora tenhamos o impressionante número de 2,5 milhões de novas empresas no Brasil em 2018 (segundo dados do Indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas), “apenas” 500 mil fugiram da categoria MEI (Microempreendedor Individual), que é a saída encontrada por muitos trabalhadores para seguirem ativos após a Reforma Trabalhista, ainda mais com a dificuldade de encontrar emprego com carteira assinada.

Agora, a oportunidade pode realmente aparecer ao verdadeiro empreendedor. O novo horizonte apontado pelas projeções do Copom, somado à nova agenda econômica, deve ampliar as possibilidades de investimento em negócios próprios. E, como uma cadeia de ações e reações, podemos sonhar, vislumbrar, planejar, investir e fazer acontecer. Os efeitos? Aumento do PIB (Produto Interno Bruto), geração de empregos formais, possibilidade de um futuro mais próspero, e, voltando ao início do ciclo, mais confiança. E a confiança no sucesso é o primeiro grande passo para a tomada de decisões.

Ricardo José Alves

CEO da Halipar (Holding de Alimentação e Participações), foi diretor da Regional Interior de São Paulo da ABF (2017/2018)

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