São Paulo - Imagine não conseguir exercer o grande propósito de sua profissão, se sentindo impotente e sozinho para compartilhar desafios. Esses sentimentos permeiam professores de todo o Brasil e foram expostos por docentes ouvidos em uma pesquisa feita pelo Instituto Península - organização social que atua para aprimorar a formação de professores da rede pública do país - e pela PS2P - Observatório de comportamento e cultura.
O levantamento acompanhou o dia a dia de professores dentro e fora da sala de aula para entender quais são suas angústias, medos e paixões, como agem fora da escola e como se enxergam.
Em mais de três mil horas de entrevistas e encontros, foi constatado o peso que muitos sentem em serem tidos como os únicos responsáveis pela transformação de seus alunos. Além disso, os relatos mostram que falta um ambiente para o diálogo entre os colegas, tanto para a troca de experiências e desafios quanto para a construção de um projeto comum de educação.
A pesquisa ouviu 30 professores em conversas aprofundadas sobre suas rotinas. Além disso, foram 10 vivências de 48 horas com os docentes, dentro e fora da sala de aula. O Observatório também contou com o acompanhamento de suas redes sociais para saberem o que pensam e compartilham.
Os resultados mostram que o professor se sente sozinho e sem espaço para diálogo e troca de experiências com os colegas; que ele não se sente preparado para lidar com questões pessoais que envolvem seus alunos e que lida com estudantes em contextos sociais muito diferentes dos seus, o que provoca um choque cultural.
Esse é um dos pontos de destaque do Observatório do Professor. Muitas vezes, as realidades dos alunos são tão diferentes que dificultam a relação de confiança dentro da sala de aula, como relata a professora Lorena Costa, de Salvador (BA). “Eu percebi a violência muito de perto. Tive alunos assassinados, familiares assassinados, me choquei muito, me deprimi nesse período”.
Para a diretora executiva do Instituto Península, Heloisa Morel, “é preciso, entre outras soluções, fortalecer o papel do professor a partir da autorreflexão e autoconhecimento. Quando eles se desenvolvem integralmente, conhecendo suas emoções, corpo, mente e propósito, compreendem suas qualidades e fraquezas e são capazes de olhar os problemas que afetam suas relações e buscar soluções”.
A pesquisa completa do Observatório do Professor pode ser acessada no hotsite: http://www.institutopeninsula.org.br/observatoriodoprofessor/.l
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