Exposição

Arte que vem das águas do Maranhão

Exposição destaca o design dos artefatos de pesca produzidos no estado do Maranhão; abertura será hoje, às 19h e visitação pode ser feita até 30 de novembro no Centro Cultural Vale Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Pescador usa artefato de pesca confeccionado por artesão maranhense
Pescador usa artefato de pesca confeccionado por artesão maranhense (Pesca)

São Luís - Cerca de 120 peças criadas por 80 artesãos, de 41 municípios maranhenses estarão expostas na mostra “Choque, landruá, sucubé, munzuá... O Design da Pesca no Maranhão” que será aberta hoje, às 19h, no Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM - Praia Grande). Entre as peças estão redes, armadilhas, viveiros, itens de armazenamento e de transporte, além de remos e agulhas de tecer rede, com nomes que variam de região para região e funcionalidades adequadas ao tipo e à profundidade das águas para as quais foram criados. A visitação é gratuita e pode ser feita até o dia 31 de novembro.

As peças foram coletadas pelos pesquisadores do projeto de Mapeamento do Artesanato Maranhense - Mapearte, que já passou por 70 cidades, buscando os artesãos em atividade e registrando seu trabalho com o objetivo de torná-lo mais conhecido e valorizado. O projeto foi iniciado em janeiro de 2017, sob coordenação da curadora do Centro Cultural Vale Maranhão, Paula Porta e conta com o apoio do Governo do Maranhão e o patrocínio da Vale. Até o momento, identificou 3.600 artesãos.

A exposição disponibiliza ao público um catálogo com o nome, a foto, os contatos e as indicações sobre a produção de 515 artesãos da pesca, de 70 municípios, entre eles estão os criadores das peças expostas. A intenção é incentivar as pessoas a ter contato com os artefatos, a fazer uso deles de diferentes e criativas maneiras e ajudar a divulgar e valorizar essa produção artesanal. A curadora do CCVM enfatiza que “o contato com o artesão é sempre enriquecedor, pelo senso de observação, pela visão de mundo, pelos conhecimentos que em geral possui, vale a pena viajar por esses interiores encontrando essas pessoas e trazendo peças especiais”.

Experiência

Chico Lima é pescador há mais de 30 anos, nasceu à beira do rio Mearim e confecciona gaiolas com materiais que encontra na natureza: marajá, flecha e espinho papa-terra. “A gente usa a experiência dos antigos, a gente tira os espinhos com a lua de três dias de escuro, para ter durabilidade boa. Achei ótima a exposição, por que é uma divulgação do trabalho da gente, do pescador artesanal, que sabe fazer os apetrechos de pesca. Sou um apaixonado pelas águas dos rios e pela preservação do meio ambiente”, conta o artesão, que tem duas peças na exposição e estará em São Luís para a abertura.

O pescador e artesão Dogerval Pestana, da cidade de Axixá, pescava de anzol e rede, mas encontrou mais facilidade na pesca com manzuá. Hoje faz as próprias armadilhas e só trabalha com elas. “Meu pai fazia e eu comecei a fazer olhando os outros fazerem. Uso vara de pina ou de remela de cachorro e cipó de titica. A gente coloca o manzuá um dia e tira no outro. Aqui no rio Munim pego traíra, cascudo, camarão cascudo e lagosta.” O pescador vê a exposição como uma importante divulgação de seu trabalho, “nunca imaginei participar de uma exposição, é mais um incentivo para a gente!”, se alegra.

Convidado como curador associado da exposição, Jandir Gonçalves, pesquisa a cultura popular maranhense desde o final dos anos 1980 e é um grande conhecedor das armadilhas de pesca. Ele lembra que a sua diversidade se deve muito à geografia das águas do estado e a inteligência dos pescadores. “Na baixinha, na baixa e baixão, no riacho e nos rios, na baixada com campos inundáveis, nas reentrâncias, nas baías ou ainda no Golfão Maranhense, lá estão elas, grandes e pequenas armadilhas de pesca engendradas por mãos habilidosas e mentes extraordinárias, capazes de construir utensílios e estratégias de pesca adaptando-se às especificidades do que pretendem pescar”, observa o pesquisador.

Artesanato, patrimônio imaterial, água, meio ambiente, sustentabilidade, conhecimentos tradicionais, design popular são alguns dos temas que a exposição instiga a discutir e que serão abordados pela equipe de monitores nas visitas dos cerca de 400 estudantes da rede pública que diariamente são recebidos no Centro Cultural Vale Maranhão.

Serviço

O quê

Exposição “Choque, landruá, sucubé, munzuá... O Design na Pesca no Maranhão”

Quando

De hoje até 30 de novembro

Onde

Centro Cultural Vale Maranhão - Av. Henrique Leal, 149- Praia Grande

Entrada gratuita

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