Transporte público

Motoristas estão sobrecarregados após a demissão de cobradores

Entidade que apoia usuários de ônibus, alega que passageiros reclamam da demora na saída dos ônibus por conta da ausência dos cobradores; SET rebateu e disse que o GPS e relatório de bilhetagem mostram o contrário

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Ônibus sem cobrador, segundo Paulo da Silva, estariam atrasando viagens e causando transtornos a usuários
Ônibus sem cobrador, segundo Paulo da Silva, estariam atrasando viagens e causando transtornos a usuários (sem cobrador)

A retirada dos cobradores dos ônibus que circulam em São Luís continua sendo discutida em diversas camadas da sociedade, por causa dos impactos que causam na dinâmica do transporte coletivo da capital. O Sindicato dos Usuários do Transporte Coletivo Urbano e Semiurbano do Maranhão retomou o debate com a denúncia de que cerca de 350 trabalhadores foram demitidos e que os motoristas estão acumulando funções, com grande risco de provocar uma tragédia no trânsito.

Presidente do sindicato, Paulo Henrique da Silva, disse que a entidade já se reuniu várias vezes com os consórcios sobre a saída dos cobradores. Até então, havia a ideia consolidada de que um acor­do teria sido feito para a retirada de 30% desses trabalhadores das linhas alimentadoras – que trafegam dos bairros até os terminais de integração sem passar pela região central da cidade. “Mas os cobradores estão saindo, na verdade, das linhas troncais, que fazem o percurso no sentido bairro-Centro, como está ocorrendo na Vila Janaína, Gapara e Fumacê”, reclamou.

A demissão em massa dos cobradores, segundo Paulo da Silva, está causando diversos transtornos à população de São Luís. “Quem esperava três minutos para subir nos ônibus, agora está aguardando de cinco a oito minutos, porque o motorista está acumulando funções”, comentou. Ele declarou que o rodoviário verifica os elevadores dos ônibus, usa os botões para as plataformas, dá troco e ainda tem de olhar para os retrovisores. “Não vai demorar, mas ainda po­de ocorrer uma tragédia. A gente não quer que isso aconteça, cla­ro”, expressou Paulo da Silva.

Reclamações
O presidente do Sindicato dos Usuários do Transporte Coletivo Urbano e Semiurbano do Maranhão aproveitou a ocasião para denunciar as péssimas condições dos terminais de integração de São Luís, que, nas palavras dele, estão sendo pintados com as cores do Procon. “A principal reforma que estamos exigindo é a do Terminal da Praia Grande, que já foi condenado por diversos órgãos. A Prefeitura não toma nenhuma providência. Nós vamos fechar aquele terminal se nada for feito para melhorar a estrutura do local”, manifestou o presidente.

Segundo ele, as principais vias por onde os ônibus passam estão precárias, com muitos buracos e outros problemas. “Devido às condições terríveis da pista, a comunidade que reside na Estiva está há quatro dias sem coletivos, justamente por conta do acesso, que está intrafegável”, declarou o presidente do sindicato.

SET rebate denúncias do sindicato
Procurado por O Estado, José Gilson Caldas Neto, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), rebateu as denúncias feitas pelo Sindicato dos Usuários do Transporte Coletivo e disse que os critérios que foram levados em consideração para a retirada dos cobradores foram a quantidade de dinheiro em espécie que é movimentado nos ônibus e de passageiros. “Para essa decisão, não importou se a linha é alimentadora ou troncal. Isso não tem nem sentido. Na linha que entra na UFMA, por exemplo, cerca de 97% dos passageiros utilizam cartões para passar a catraca”, esclareceu ele.

Ainda de acordo com Gilson Caldas, há linhas alimentadoras que movimentam muito dinheiro em espécie, assim como há linhas troncais que movimentam pouca moeda. O presidente do SET também retrucou a informação de que estaria ocorrendo demora nos ônibus, por causa da ausência do cobrador. “Isso não é verdade. Os relatórios de bilhetagem dos coletivos e do GPS mostram que não houve alterações nesse sentido”, afirmou José, que explicou que um estudo minucioso foi realizado justamente para evitar atos que prejudicariam a população.

SMTT fora da discussão
A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), ao ser questionada sobre o assunto, disse que questões trabalhistas não são tratadas pelo órgão, sendo resolvidas entre o sindicato patronal e o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Maranhão (Sttrema).

“A SMTT informa que mantém fiscalização e monitoramento permanente, por meio do Centro de Controle Operacional, com intuito de garantir o bom funcionamento do sistema de transporte urbano da capital, tanto relacionada à questão dos ônibus que operam com cobradores quanto dos que não contam mais com esses profissionais, bem como a qualquer outra questão da frota, com o objetivo de evitar perda de qualidade nos serviços de transporte coletivo para a comunidade”, diz o texto.

“Por fim, a SMTT ressaltou que na atual gestão 80% da frota operante já foi renovada; e que, desse total, 300 veículos possuem ar-condicionado”, segundo a nota enviada pelo órgão da Prefeitura de São Luís.

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