Acidente

Índice de mortes no trânsito continua alto na Grande Ilha

Ontem, 8, foi lembrado o Dia Internacional do Pedestre; segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), 35 óbitos relacionados a acidentes de trânsito ocorreram no primeiro semestre deste ano, na Região Metropolitana de SL

Ismael Araújo / O Estado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

[e-s001]Os números relacionados a acidentes de trânsito ocorridos na Grande Ilha, inclusive com mortes, continuam altos. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostram que, durante o primeiro semestre deste ano, ocorreram 35 mortes no trânsito na Região Metropolitana de São Luís. No mesmo período do ano passado, ocorreram 47 óbitos e 50 em 2017. Há uma queda contínua, mas os números ainda são altos. No mês passado, aconteceram sete mortes desta natureza. No decorrer deste mês, já foi registrada uma morte. A vítima foi Ivan Pereira dos Santos, de 44 anos, no último dia 4, no bairro Maracanã.

A Seguradora Líder informou que, em nível nacional, os pedestres estão em segundo lugar em número de indenizações por morte, relativas ao seguro por Danos Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT). Ontem, a Organização Não Governamental SOS Vida realizou a 111ª ação educativa em faixa de pedestre, em comemoração ao Dia Internacional do Pedestre.

O evento teve como ponto base a Avenida Jaime Tavares, nas proximidades do Ceprama, no Anel Viário. Panfletos educativos foram distribuídos para os transeuntes e mo­toristas. Também foram dispostos cartazes e faixas, com mensagens de orientações sobre trânsito seguro. O presidente da ONG, Lourival Cunha, disse que esse tipo de trabalho vem sendo realizado com apoio de parceiros desde 2011, ten­do como foco salvar vidas. “Realizamos esta atividade duas vezes por mês, e esta faz alusão ao Dia Internacional do Pedestre”, explicou Lourival Cunha.

Ele ainda informou que a ONG também vai participar da Semana Nacional do Trânsito, prevista para ocorrer durante os dias de 18 a 25 de setembro deste ano. “A nossa principal luta é salvar vidas e garantir que os óbitos em acidente de trânsito possam diminuir no estado”, disse Lourival Cunha.

O vice-presidente dos clubes de motociclistas Lobos SLZ, Wudson Moraes, de 27 anos, declarou que a instituição vem apoiando o trabalho feito pela SOS Vida, na Grande Ilha, e afirmou que campanhas de cunho educativo sempre resultam positivamente, principalmente quan­do o assunto é trânsito.

O estudante Hemerson Durans, de 26 anos, aprovou a ação e frisou que o pedestre e os motoristas de­vem receber informações sobre o trânsito de forma contínua, para que possa evitar ocorrências com mortes nas vias da cidade. “Campanhas educativas possuem a sua contribuição ímpar e a população somente vem a ganhar”, concluiu.

Local de serviço
As faixas de pedestre e os semáforos são os locais de serviço para os artistas de rua e os vendedores ambulantes. Wellington Quares­ma, de 58 anos, trabalha como ven­dedor de jornais desde os 10 anos e há sete adotou como local de serviço o retorno do São Francisco. Quando o semáforo fica vermelho, ele caminha entre os veículos, inclusive caminhões e ôni­bus, para oferecer o seu material de trabalho.

Ele contou que nos últimos anos vem redobrando a atenção, porque os motoristas, mesmo com o sinal fechado, não param, principalmente os motoqueiros. “Há casos em que, mesmo com sinal fechado, condutores não param o carro, e devemos estar de olho aberto”, disse o vendedor de jornais.

Sidney Cardoso, de 22 anos, é natural do Amapá e está há seis meses morando na capital maranhense. Ele é artista de rua e trabalha utilizando facões, em plena faixa de pedestres, no retorno do São Francisco. “Tenho de aproveitar o momento em que o sinal fecha para mostrar o meu trabalho aos motoristas, e também corro contra o tempo. O meu palco é justamente a faixa de pedestre”, disse o artista de rua.

Ele ainda frisou que já presenciou casos de atropelamento. Uma das últimas ocorrências foi na semana passada. Um motociclista teria atropelado um estudante, quando tentou atravessar a via e o sinal de trânsito estava fechado.
Outro artista de rua, Maycon Miller, de 32 anos, também disse que já constatou condutores cometendo infrações no trânsito nes­se ponto da cidade. “No período da noite, muitos motoristas costumam não parar quando o sinal fe­cha. A gente ficar bem atento, quan­do partimos para fazer o nosso trabalho na faixa de pedestres”, relatou Maycon Miller.

SAIBA MAIS

Acidentes de trânsito são, na maioria dos casos, considerados homicídios culposos (quando envolvem mais de um veículo). Esse crime está previsto no artigo 121, p. 2-4 do Código Penal Brasileiro (CPB). Conforme o CPB, o homicídio culposo é quando uma pessoa mata outra sem a intenção, quando a culpa é inconsciente. As causas do homicídio culposo são norteadas pela negligência, imprudência ou imperícia. O réu pode ser condenado entre 1 a 3 anos de prisão. Caso o acusado não seja reincidente, o regime pode ser aberto, conforme prevê o artigo 33 do Código Penal.

DICAS DE TRAVESSIA PARA PEDESTRES

1) Segurança na travessia: Atravesse as ruas olhando para ambos os lados; respeite os sinais de trânsito e faixas para pedestres.
2) Comunicação com os motoristas: Antes de atravessar na frente dos veículos, faça contato visual com os motoristas para ter certeza de que eles viram você.
3) Travessia na faixa: Utilize a faixa de pedestres sempre que disponível. Quando não houver, procure outros locais seguros para atravessar, seja na esquina, em passarelas ou próximo a lombadas eletrônicas.
4) Pontos cegos: Não atravesse a rua por trás de carros, ônibus, árvores ou postes, pois a probabilidade de você não ser visto é grande.
5) Na contramão: Em estradas ou vias sem calçadas, caminhe de frente para o tráfego (no sentido contrário aos veículos).

ABRINDO O JOGO

Sílvio de Jesus Silva, de 50 anos, trabalha como mototaxista, e a sua mãe, Apolinária Bispo Barbosa, de 73 anos, foi atropelada e morta por um veículo Corsa Classic, de placas não identificadas, quando tentava atravessar uma das faixas de pedestre da Avenida dos Holandeses, no Calhau, no dia 14 de setembro de 2016.

Como ficou sabendo da morte de sua mãe?
Estava indo buscar o meu filho na escola, na Cohama, e acabei perdendo o chão quando olhei o corpo dela no meio da via. Ela estava vindo da igreja, com o meu padastro Hermínio Marcos Ribeiro, de 71 anos, quando ocorreu essa tragédia. Ele também sofreu ferimentos, mas não foi muito grave.

O condutor do veículo foi identificado e preso?
O motorista do carro foi conduzido para a delegacia, mas não ajudou ninguém da família ou nas despesas da funerária. No ano passado saiu o resultado do laudo da perícia do Icrim e ficou constatado que ele foi o culpado da morte da minha mãe, mas até o momento o caso não foi julgado.

Houve demora ou algum tipo de burocracia para a família receber o seguro DPVAT?
Não houve burocracia e recebemos sem demora o dinheiro desse seguro, mas não vai de forma alguma amenizar a dor da perda da minha mãe. Queria, de fato, que o culpado pagasse de verdade pelo ato criminoso.

FALA, POVO!

Os condutores costumam parar o veículo para as pessoas atravessarem na faixa de pedestre?

[e-s001]“Muitos motoristas não param, e fico esperando horas para atravessar na via”

Margarida Campos, de 68 anos, aposentada

[e-s001]“Os motoristas precisam ter mais consciência e obedecer à lei de trânsito”

Mauro Silva, de 39 anos, pintor

[e-s001]“Não param o carro, principalmente, na faixa do Anel Viário”

Maria das Graças, de 60 anos, marisqueira

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