Artigo

Alzheimer social - Caso Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Educador na área de idiomas do Maranhão, fui cuidador prático de minha mãe, Conceição Silva da Purificação, 77, pernambucana, comunicadora social aposentada da Sudene e afetada pela Doença de Alzheimer (DA), quando também ingressei no Mestrado da Universidade Católica de Pernambuco com meu Projeto de Linguagem de Alzheimer na Fase Leve em 2014.

A DA provoca perda de memória de eventos imediatos, declínio progressivo das capacidades intelectuais, desatenção, desinteresse por atividades corriqueiras, quebra da linguagem fluente, desconhecimento de parentes e amigos até a completa dependência para hábitos de higiene pessoal. Esse processo é fortalecido pela presença dos radicais livres que aumentam a oxidação neural, quebrando as conexões eletroquímicas entre os neurônios (sinapses) e desativando nossas lembranças.

Contudo, parece até que toda a humanidade, especialmente nossa sociedade maranhense, incorporou os mesmos sintomas degenerativos da maldita demência em seus relacionamentos sociais. São os distúrbios da urbanização mal administrada, funcionando como verdadeiros radicais livres da vida pós-moderna, depredando suas lembranças patrimoniais seja na alimentação, família e/ou educação.

Por exemplo, nas cozinhas dos senhores de engenho de Açailândia, Cedral, Pinheiro, as sinhás comiam e se lambulazam dos quitutes preparados com as riquezas da terra, como relata Josué Montello em Os Tambores de São Luís, 1975. Camarão, ovo, pescada, todos fritos com o azeite de babaçu, sempre presente nas terras maranhenses. As vovós também usavam o azeite produzido nos quintais para tirar piolhos e alisar o brilho dos cabelos das filhonas e das netinhas. Mas, cadê ele, o babaçu? Onde está a abundância do ouro líquido e sua Oleama?

E a Juçara? O caldo divino da juçara, juçara com camarão e peixe, o creme da juçara, o sorvete juçarado. E nossas comodities e patentes? Por que não ganhamos bastante dinheiro e temos fortes empregos com essas riquezas?! Miséria desta corrupção social oxidante que parece radicais empecilhos que desconectam o Nordeste do seu poder de progresso!

Será que o povo herói da Balaiada não sabia que na Canção do Exílio (1847) - “nossas terras tem palmeiras onde canta o sabiá” - Gonçalves Dias estava relatando sobre as riquezas do Maranhão que os Portugueses não tinham e os Brasileiros desconheciam?! Justamente, os babaçuzais e as juçareiras!

Claramente, estamos ignorando nossos livros, história, heróis e patrimônio cultural. Não estamos pesquisando, nem lendo as cartilhas, nem jornais, nem revistas, a não ser as de novela, aventura ou de diversão sexual, preferindo-se a superficialidade da Internet, os papos ou notícias partidas dos aplicativos/zapps e o divertimento dos clipes de funk. Nem a Bíblia nem livros didáticos estão sendo apreciados.

Então, como valorizar o devido respeito à figura dos nossos tão dedicados mestres professores e possuir ideais libertadores para a família, a arte, a cultura, a civilidade, a espiritualidade, grupos sociais, vida pública e pátria?! As novas gerações nem tomam mais a bênção dos pais, símbolo de respeito e honradez e a consciência do amanhã presente nesses mesmos filhos que envelhecerão também. E aí, tome drogas alucinantes e viciosas. Aperriados, epeziados, clonados, clonazepados, rivoltrados, alucinados, seguem os jovens e os adultos sem saber qual o caminho de volta nem como voltar.

Quem sabe, o eterno Deus ouça, da própria natureza surjam tratamentos e curas para a nossa sociedade demente?!

Athon da Purificação

Professor do Estado de Língua Portuguesa e Inglesa, TCC-Redação; revisor, tradutor e está escrevendo sobre Curas Nutricionais para o Alzheimer

E-mail: athonpurificacao@bol.com.br

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