Ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura

Toni Morrison, escritora americana, morre aos 88 anos

''Apesar de sua morte representar uma tremenda perda, estamos gratos por ela ter tido uma vida longa e bem vivida'', afirmou a família em comunicado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Toni Morrison autografa seu livro "Home" durante evento e Nova York, em 2013
Toni Morrison autografa seu livro "Home" durante evento e Nova York, em 2013 (Divulgação)

ESTADOS UNIDOS - A escritora americana Toni Morrison, que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1993, morreu na segunda-feira,5, aos 88 anos. De acordo com a editora Alfred A. Knopf, a autora estava internada no Centro Médico Montefiore, em Nova York. Em comunicado divulgado ontem,6, a família informou que Morrison "morreu após uma breve doença".

"Apesar de sua morte representar uma tremenda perda, estamos gratos por ela ter tido uma vida longa e bem vivida", diz a nota, segundo a agência de notícias France-Presse.

Nascida em 18 de fevereiro de 1931, em Ohio, nos Estados Unidos, Toni Morrison foi a primeira negra a ganhar o Nobel de literatura. Sua obra – composta por 11 romances, textos infantis e ensaios – ficou marcada pelo retrato dos negros em seu país, com foco em personagens femininas.

A escritora teve sucesso de crítica e de público. Frequentou as listas de mais vendidos do jornal "The New York Times" e também teve várias obras indicadas pela apresentadora de TV Oprah Winfrey em seu clube do livro.

A estreia como romancista veio em 1970, com "O olho mais azul". Dentre seus livros mais conhecidos, estão "Sula" (1973), que rendeu indicação ao National Book Award, e "Amada" (1987), com o qual ganhou o Pulitzer, um dos principais prêmios literários dos Estados Unidos.

O filme baseado no livro, que conta a história de uma ex-escrava, foi lançado em 1998 e teve a própria Oprah Winfrey no elenco.

Quando anunciou o Nobel para Toni Morrison, a Academia Sueca, responsável pelo prêmio, destacou os "romances caracterizados pela força visionária e importância poética". Por meio deles, disse a instituição, a escritora deu "vida a um aspecto essencial da realidade americana".

O blog da Companhia das Letras, que edita Toni Morrison no Brasil desde o final dos anos 1990, publicou nesta terça uma nota em que lamenta a morte da autora e cita um trecho do discurso dela ao receber o Nobel:

"Nós morremos. Esse pode ser o significado da vida. Mas nós fazemos linguagem. Essa pode ser a medida de nossas vidas".

A Companhia das Letras já lançou os seguintes volumes de Toni Morrison: "Paraíso", "O olho mais azul"
"Amor", "Amada", "Quem leva a melhor?" (infantil, em coautoria com Slade Morrison), "Jazz"
"Compaixão", "Voltar para casa", "Deus ajude essa criança"

Apoio a Barack Obama

Em 2008, Toni Morrison deu seu apoio ao então senador Barack Obamana disputa pela indicação à presidência pelo Partido Democrata.

Anos antes, em um ensaio publicado em 1998 pela revista The New Yorker, Toni Morrison escreveu que, "apesar da cor branca de sua pele, Bill Clinton é o nosso primeiro presidente negro".

"Mais negro do que qualquer pessoa real que possa ser eleita durante a vida de nossos filhos."

O ex-presidente dos Estados Unidos comentou a morte da escritora. "Toni Morrison era um tesouro nacional, boa como contadora de história e cativante pessoalmente do mesmo jeito que em suas páginas", escreveu em um post nesta terça (6).

Repercussão

Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos:

"Toni Morrison era um tesouro nacional, boa como contadora de história e cativante pessoalmente do mesmo jeito que em suas páginas. Sua escrita foi um belo e significativo desafio à nossa consciência e à nossa imaginação mortal. Que presente respirar o mesmo ar que ela, mesmo que apenas por um tempo."

Prêmio Nobel, via Twitter:

"Toni Morrison, ganhadora de um prêmio Nobel, faleceu aos 88 anos. Ela foi uma das forças literárias mais poderosas e influentes do nosso tempo."

Alfred A. Knopf, editora dos livros de Toni Morrison:

"Estamos profundamente tristes em dizer que Toni Morrison faleceu aos 88 anos.

'Nós morremos. Esse pode ser o significado da vida. Mas nós fazemos linguagem. Essa pode ser a medida de nossas vidas.'"

Shonda Rhimes, produtora de "Scandal" e "How To Get Away With Murder":

"Ela me fez entender que ser 'escritora' era uma ótima profissão. Eu cresci querendo ser apenas ela. O jantar que tivemos foi uma noite que nunca vou esquecer. Descanse, rainha."

Pamela Paul, editora do The New York Times Book Review:

"Toni Morrison cumprimenta todos os visitantes quando eles entram no New York Times Book Review. Uma inspiração. Descanse em paz."

Robin Roberts, apresentadora do programa "Good Morning America":

"'Algo que é amado nunca é perdido'... Palavras encorajadoras da amada autora Tim Morrison que certamente podemos usar hoje. Muito triste ouvir sobre a morte da primeira afro-americana a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Seu legado irá sobreviver através daqueles que foram impactados por sua voz poderosa e única."

D.L Hughley, ator, escritor e comediante americano:

"Descanse, rainha. Vencedora do Pulitzer e do Nobel, lendária autora e contadora de histórias, Toni Morrison fará falta."

Companhia das Letras, editora dos livros de Toni Morrison no Brasil:

"A Companhia das Letras lamenta profundamente a morte de Toni Morrison, aos 88 anos.

A escritora nasceu em 1931, em Ohio, nos Estados Unidos. Formada em letras pela Howard University, estreou como romancista em 1970, com "O olho mais azul". Em 1975, foi indicada para o National Book Award com "Sula", e dois anos depois venceu o National Book Critics Circle com "Song of Solomon". "Amada" lhe valeu o prêmio Pulitzer. Foi a primeira escritora negra a receber o prêmio Nobel de literatura, em 1993. Aposentou-se em 2006 como professora de humanidades na Universidade de Princeton. Seu romance mais recente, "Deus ajude essa criança", foi publicado no Brasil em 2018.⠀

No discurso que proferiu ao receber o Nobel, Morrison disse: "Nós morremos. Esse pode ser o significado da vida. Mas nós fazemos linguagem. Essa pode ser a medida de nossas vidas."⠀

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