Bloqueios

Assessor de Trump pede ação mais incisiva contra Maduro

Bolton diz que EUA podem sancionar qualquer um que faça negócios com governo venezuelano; Casa Branca diz que governo usará todas as ferramentas para acabar com ditadura

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, durante discurso em cúpula do Grupo de Lima
O conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, durante discurso em cúpula do Grupo de Lima (Reuters)

WASHINGTON/LIMA — Um dia depois de o presidente americano, Donald Trump, ter bloqueado todos os bens do governo venezuelano , o conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton , usou uma reunião sobre a Venezuela na capital peruana para pedir uma ação internacional mais dura contra o presidente Nicolás Maduro e ressaltou que as autoridades americanas podem agora sancionar qualquer pessoa ou empresa, inclusive estrangeiros, que façam negócios com o governo.

"Estamos enviando um sinal a terceiros que querem fazer negócios com o regime de Maduro: ajam com extrema cautela", afirmou Bolton alertando a Rússia e China para não lhe darem mais apoio. "O tempo para o diálogo acabou. Agora é a hora da ação. Maduro está no fim da linha".

Em uma forte escalada da pressão americana sobre o país, Bolton disse ainda que as sanções são semelhantes às impostas a Irã, Coreia do Norte e Síria e que a Venezuela agora faz parte do “clube muito exclusivo de Estados párias”. Segundo especialistas as punições não podem ser comparadas às impostas a Cuba, já que excluem o setor privado, ainda considerável, da Venezuela.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA ainda advertiu a Rússia de sua “má aposta” ao apoiar Maduro e pediu à China que reconheça o líder da oposição Juan Guaidó como o líder legítimo do país.

No início da reunião, que foi convocada pelo Grupo de Lima e conta com representantes de 60 países e organizações, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a União Europeia, Bolton alertou que um “novo governo venezuelano pode não querer honrar os acordos feitos com países que ajudaram Maduro a se manter no poder”.

Saída pacífica

O Grupo de Lima foi criado em 2017 por países latino-americanos para buscar uma saída pacífica para a crise venezuelana, mas desde 2018 se aproximou da oposição venezuelana e, em janeiro, todos os seus integrantes reconheceram o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Países aliados de Maduro, como Rússia, China, Cuba, Bolívia e Turquia, foram convidados para a reunião em Lima, mas se recusaram a participar do encontro, alegando que o dirigente venezuelano não foi convidado. Após as declarações, a chancelaria russa afirmou que o congelamento de ativos dos EUA é um “terrorismo econômico”.

Na abertura do encontro, nesta terça-feira, o chanceler peruano, por sua vez, disse que é urgente encontrar uma solução para a crise econômica e humanitária na Venezuela, que gerou uma migração sem precedentes na região.

"Esse êxodo está perto de 14% da população venezuelana e é um fenômeno sem precedentes na história do nosso continente. A solução para a crise é urgente", afirmou Néstor Popolizio. "Não são as sanções impostas à ditadura que são responsáveis por esta situação, é a absoluta incapacidade do regime ilegítimo de Maduro liderar o país".

Diálogo continua

De Caracas , o ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, denunciou em comunicado ontem, 6, que a nova medida executiva de Trump busca formalizar um “terrorismo econômico” contra o povo venezuelano, e chamou Trump de um “magnata supremacista em campanha eleitoral”.

“A Casa Branca e seus aliados buscam novas oportunidades e recursos para usurpar e saquear o que pertence aos mais de 30 milhões de venezuelanos e venezuelanas”, disse um comunicado do governo publicado por Arreaza em sua conta no Twitter.

O chanceler afirmou ainda que o governo de Maduro não permitirá que essa “agressão” dos Estados Unidos afete o diálogo com a oposição que ocorre em Barbados. Na mesma linha, o líder opositor Juan Guaió garantiu que as negociações continuarão após as sanções.

Em comunicado, ontem, 6, a Casa Branca disse que os Estados Unidos usarão de todas as ferramentas necessárias para propiciar o fim da ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.

"Como o governo Trump deixou claro: todas as opções estão na mesa. Os Estados Unidos usarão de todas as ferramentas apropriadas para acabar com o controle de Maduro sobre a Venezuela, apoiar o acesso do povo venezuelano à assistência humanitária e assegurar uma transição democracia na Venezuela", afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham, em comunicado.

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