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Impacto econômico da atividade portuária

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

Como avaliar o impacto econômico da atividade portuária em uma cidade, um país, uma cadeia logística internacional? Pergunta difícil, mais ainda para quem não é um profissional ou pesquisador da área e para sistemas portuários onde existe um distanciamento na relação porto-cidade. No ano de 2018 o sistema portuário brasileiro movimentou 1.117.311.386 toneladas segundo a ANTAQ. Porém, a análise da simples movimentação em tonelada não reflete todo o impacto portuário.

Existe na literatura científica métodos para se fazer essa medição. Esse método vem da já consagrada metodologia de análise de impacto econômico desenvolvida por Leontief, estratificada em impacto direto, indireto e induzido. Já a metodologia estabelecida pelo BTE (Bureau of Transport Economics) da Austrália analisa o impacto pelas seguintes variáveis: valor dos bens produzidos; valor adicionado bruto - VAB e rendimento das famílias e número de empregos gerados no ano.

Aproximadamente 95% das exportações brasileiras são realizadas por meio dos Portos (ANTAQ). Não é pouca coisa, mas nem todo porto sabe se comunicar e transmitir o real valor econômico que entrega para a sociedade. Os melhores portos do mundo possuem a prática de divulgar os resultados do impacto econômico para seu ecossistema na forma de relatórios anuais (Vide exemplo do Porto de Seattle, Rotterdan, Singapura, etc.).

O investimento portuário se apresenta como importante driver do desenvolvimento econômico local, regional e nacional a partir de efeitos diretos, indiretos e induzidos. Vivemos um momento de expansão e investimentos no sistema portuário do Maranhão. Um complexo formado por três portos e terminais (Porto do Itaqui, Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, VALE, e Terminal da ALUMAR). Mais dois novos portos estão surgindo, o Porto São Luís e o Terminal Portuário de Alcântara.

Os benefícios econômicos dos portos têm relação clara com sua hinterlândia (área de alcance de captação de carga) e resultam de seu papel de catalisadores de atividades econômicas nas cadeias e corredores logísticos aos quais se inserem. Vale detalhar dois novos investimentos, a duplicação do TEGRAM - Terminal de Grãos do Maranhão que somam investimentos da ordem de R$267 milhões e o novo Terminal Portuário de Alcântara. Este novo terminal prevê investimentos direto da ordem de 3 bilhões de reais em quatro anos.

Em uma pesquisa realizada na UFMA pelo Grupo de Pesquisa em Logística, Negócios e Engenharia Portuária - GELNEP, aplicou-se a metodologia de análise de impacto econômico nesse projeto portuário e se chegou as seguintes conclusões: os resultados obtidos mostraram um valor e evolução significativos, sendo que o impacto total do Valor Adicionado Bruto (VAB) se inicia com R$ 6,7 bilhões em 2024, prevendo-se atingir R$ 70,5 bilhões em 2048.

Note-se que o VAB expressa a contribuição de uma atividade econômica para o PIB de sua região. Em relação aos empregos, o impacto total em 2024 foi estimado em 15.159, atingindo 40.424 em 2048, correspondendo ao impacto total de rendimentos das famílias de R$ R$472.098.663 em 2024, alcançando R$ 1,2 bilhões em 2048. Os resultados são muito significativos e fica a lição: os portos e terminais devem investir mais em marketing, melhorar a comunicação com a sociedade e por consequência teremos uma melhor relação porto-cidade.

Prof. Dr. Sérgio Cutrim

Professor e coordenador da Especialização em Logística Portuária da UFMA

E-mail: sscutrim@gmail.com

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