[e-s001]No fim da década de 1960 e início dos anos 1970, São Luís recebeu uma série de intervenções urbanas para o seu desenvolvimento. Com isso, o poder público demonstrava a intenção de transformar São Luís em referência não somente no eixo Norte-Nordeste, como em todo o país. Dentre tantas obras recentemente entregues ou prestes a serem concluídas – em especial a Barragem do Bacanga e a Ponte do São Francisco –, o governo maranhense à época entregou o então batizado de Parque da Cidade, que, após decisão do Poder Executivo maranhense, virou Parque do Bom Menino. O espaço – situado na região central de São Luís - completará, em 2020, 50 anos de história.

A entrega oficial do Parque do Bom Menino – já com este nome – aconteceu (de acordo com pesquisa feita por O Estado com base em artigos e jornais da época) no dia 31 de janeiro de 1970. Segundo pesquisadores, a construção da área ocorreu durante a administração do então governador do Maranhão, José Sarney, e os serviços foram tocados pela Secretaria de Viação e Obras Públicas, às margens da Avenida Kennedy, feita por intermédio do gestor e cujo nome fora inspirado no ex-presidente norte-americano.

Exemplar do Jornal do Dia de 6 de outubro de 1968, na reportagem com a manchete“Avançam rapidamente os trabalhos do Parque da Cidade na Kennedy”, aponta o então Parque da Cidade situado em uma área de aproximadamente 120 mil metros quadrados, com uma extensão de 650 metros. Nesta data, segundo as informações do periódico, “os trabalhos de concretagem já haviam sido terminados, passando-se nos próximos dias para as obras de ajardinamento e outras complementares”.

Além disso, o espaço também incluiu, na inauguração, “pistas para aeromodelismo”, quadras de esportes para a prática de modalidades como vôlei, basquete e futebol de salão, além de tênis. A praça também ofereceu aos cidadãos uma pista de patinação, dois campos de “pelada”, concha acústica, teatro de arena, escolinha de arte, salão de exposição, passarela para evolução de danças folclóricas, entre outras opções.

Um fato curioso relatado à época da entrega do Parque do Bom Menino foi a entrega de uma fonte luminosa com “dispositivo para chuva artificial”, que foi instalada para manter a “área verde do parque”. O projeto do parque fora elaborado pelo por Wit-Olaf Prochnik, conhecido em especial no Rio de Janeiro e executor do projeto da Barragem de Boa Esperança.

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Outras opções
Antes da entrega, em 22 de outubro de 1968, o Jornal do Dia trouxe a seguinte manchete: “Avançam as obras: Parque da Cidade”. No terceiro parágrafo, havia a informação de que no espaço “foi construída uma pista motor para demonstrações de aeromodelismo”, um esporte apontado como em potencial crescimento na capital maranhense.

Para testar o espaço, nesta data – um sábado –, durante a tarde ensolarada na Ilha, foi feita uma “demonstração de aeromodelismo” promovida como parte do programa comemorativo da “Semana da Asa”. Na ocasião, estiveram presentes Antônio Lucena, secretário de Governo, e Haroldo Tavares, então secretário de Viação e Obras Públicas. Participaram ainda das demonstrações, no que seria futuramente o Parque do Bom Menino, o tenente Gerard, comandante do Destacamento da Força Aérea Brasileira (FAB), e outros dirigentes.

Antes do parque, o córrego
De acordo com o pesquisador Ramssés Silva, colaborador de O Estado, a região onde fora construído o Parque do Bom Menino fazia parte da antiga área do chamado Baixo Apicum (devido à proximidade com a maré). Esta região abrangia a Quinta das Laranjeiras, cuja grande propriedade era do senhor José Gonçalves da Silva, conhecido como “Barateiro”.
Até em meados da década de 1950 e início dos anos 1960, na atual Avenida Alexandre de Moura (fixada ao lado do Parque do Bom Menino), passava um córrego contíguo à Quinta das Laranjeiras e utilizado pela população para banho, pesca e lavagem de roupa.

Quem usufruiu da fonte de água recorda-se de como era a área do Parque do Bom Menino. “Havia algumas árvores, uma juçareira bem às margens do córrego, que a gente usava para pular na água. Enfim, era muito bonito e usado por muita gente”, disse José Albino, preparador físico, de 59 anos, e frequentador do espaço.

Para ele, a transformação proporcionada pelo poder público com a construção do Parque do Bom Menino foi impactante. “Não havia nenhum tipo de espaço assim para brincadeiras, práticas esportivas ou promoção de eventos. Este parque transformou essa região da cidade”, frisou José Albino.

[e-s001]De Parque da Cidade a Parque do Bom Menino
Existiam duas versões para a mudança de nome. A primeira delas, defendida por pesquisadores, é pela intervenção do poeta e escritor maranhense Odylo Costa, filho. Ele teria feito a sugestão em alusão a um parque já existente (em local desconhecido), intitulado “Água dos Meninos”.

Outra versão divulgada pela administração do Parque do Bom Menino dá conta de que o nome se refere ao grande número de meninos pobres que não tinham quadras de esporte e, a partir da entrega do espaço público, puderam ter um local para praticar a tradicional “travinha”.

Mas a versão mais legítima é que o ex-governador José Sarney deu o nome. O próprio Sarney confirmou o fato a O Estado, por telefone. “Foi uma homenagem às crianças que por ali passavam. Inclusive, anos mais tarde, como presidente, lancei um programa para benefícios de estagiários e dei o nome a essa iniciativa de Bom Menino”, contou.

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