Solidariedade

Países europeus aceitam receber imigrantes barrados pela Itália

Pessoas retidas em navio serão redistribuídas por cinco países europeus, na primeira vez que ''mecanismo de solidariedade'' divulgado na semana passada será usado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Centro e trinta e um imigrantes estavam a bordo do navio Gregoretti, da Guarda Costeira italiana
Centro e trinta e um imigrantes estavam a bordo do navio Gregoretti, da Guarda Costeira italiana (Reuters)

ROMA - Vários países europeus chegaram a um acordo para o desembarque e o acolhimento dos 131 imigrantes que se encontram a bordo do navio da Marinha italiana Gregoretti, que o governo de Roma não permitiu que desembarcassem, informou ontem, 31, um porta-voz da Comissão Europeia. A decisão de mantê-los a bordo, enquanto aguardavam a decisão, gerou críticas na Itália.

França, Alemanha, Portugal, Luxemburgo e Irlanda, bem como a Igreja Católica italiana, receberão os imigrantes, que estão desde o final de semana em um porto no Sul do país, disse o porta-voz. A Comissão não especificou a distribuição final dos imigrantes, mas mais da metade deve permanecer na Itália, a cargo da Igreja.

Com este anúncio, se concretiza o acordo divulgado na semana passada para implementar um "mecanismo de solidariedade" entre 14 países da UE, que passa pelo desembarque de imigrantes na Itália e sua posterior distribuição entre os Estados que assinaram o compromisso.

O ministro do Interior, Matteo Salvini, da ultradireita, já havia permitido na segunda-feira o desembarque dos menores a bordo do navio, mas condicionou a saída do resto das pessoas a um acordo de redistribuição entre os países da UE.

A Guarda Costeira italiana ajudou 140 migrantes provenientes da Líbia na última quinta-feira, o mesmo dia em que outros 110 perderam suas vidas ou desapareceram em um naufrágio de um barco vindo do país do Norte da África. Após o resgate, eles foram transferidos para o Gregoretti.

Uma porta-voz da Comissão Europeia disse que o incidente mostrou a necessidade urgente de acordos temporários para assegurar o desembarque de pessoas resgatadas em tempo hábil. A Presidência francesa disse que a França está "fazendo a sua parte".

Credibilidade política

Salvini, que também é vice-primeiro-ministro da Itália, tem apostado grande parte de sua credibilidade política em um esforço para deter os fluxos de imigrantes vindos do Norte da África. Fechar os portos italianos para embarcações de resgate tornou-se uma estratégia frequente do vice-premier para antagonizar a UE e forçar o bloco a lidar com os imigrantes.

Em um comunicado publicado no Facebook nesta quarta-feira, Salvini disse que um barco da ONG alemã Sea Eye que transporta 40 resgatados na costa líbia seria impedido de desembarcá-los na Itália.

"Nos próximos minutos vou assinar uma proibição de admissão e trânsito em águas italianas", disse Salvini.

Em agosto passado, Salvini impediu que outro barco da Guarda Costeira italiana desembarcasse 150 imigrantes por cinco dias, até que a Albânia, a Irlanda e a Igreja Católica da Itália concordassem em assumir a responsabilidade por eles.

"Vamos pedir às autoridades competentes que nos atribuam um porto seguro para o desembarque. Geograficamente, Lampedusa é o mais próximo", disse Gorden Isler, porta-voz da Sea Eye.

A ONG disse ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine que, a bordo, há uma grávida, um bebê recém-nascido e duas crianças. Os imigrantes dizem que deixaram a cidade líbia de Tajura à noite. De acordo com a Sea Eye, eles vêm de Nigéria, Costa do Marfim, Gana, Mali, Congo e Camarões.

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