Conflitos

ONU: governo afegão e aliados foram responsáveis por mortes

No total, 3.812 civis foram mortos ou feridos por forças em conflito no primeiro semestre deste ano; relatório da ONU mostra que a maioria das baixas civis foi causada por ataques e confrontos no solo, seguidos pelos ataques a bomba e ataques aéreos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23
Tropas americanas participam de treinamento em uma base militar afegã na província de Logar
Tropas americanas participam de treinamento em uma base militar afegã na província de Logar (Reuters)

Legenda/Reuters

Tropas americanas participam de treinamento em uma base militar afegã na província de Logar

CABUL - Um relatório da ONU divulgado ontem, 30, mostra que pelo menos 3.812 civis afegãos foram mortos ou feridos no primeiro semestre de 2019. O estudo também alerta para um aumento no número de mortes causadas pelo governo e seus aliados ocidentais na guerra travada pelo país contra grupos irregulares.

Segundo o relatório da Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (UNAMA ), as forças pró-governo mataram 717 civis e feriram 680 nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de 31% em relação ao mesmo período em 2018. Por sua vez, os combatentes da guerrilha Talibãe do Estado Islâmico mataram 531 afegãos, deixando 1.437 feridos.

Além disso, os grupos que combatem as forças do Estado e seus aliados alvejaram deliberadamente 985 civis, incluindo funcionários do governo, líderes comunitários, trabalhadores humanitários e acadêmicos religiosos. No total, pelo menos 144 mulheres e 327 crianças foram mortas e mais de 1.000 ficaram feridas em todo o país.

O relatório da ONU mostra que a maioria das baixas civis foi causada por ataques e confrontos no solo, seguidos pelos ataques a bomba e ataques aéreos. Estes últimos deixaram 519 mortos, 150 dos quais eram crianças.

"s partes em conflito podem dar explicações diferentes para as tendências recentes, cada uma projetada para justificar suas próprias táticas militares. O fato é que apenas um esforço determinado para evitar danos aos civis, não apenas pelo cumprimento do direito internacional humanitário, mas também pela redução da intensidade dos combates, diminuirá o sofrimento dos afegãos", disse o chefe de direitos humanos da UNAMA, Richard Bennett.

Método de aferição

O coronel Sonny Leggett, porta-voz das tropas americanas no Afeganistão, rejeitou o método de aferição de vítimas utilizado pela ONU e disse que números coletados pelas forças dos Estados Unidos eram "mais completos e precisos, e traziam mais evidências" do que aqueles divulgados no relatório de ontem, 30. Leggett, no entanto, não forneceu dados dos EUA para vítimas civis, limitando-se a dizer que as tropas americanas trabalharam de perto com as forças de segurança afegãs para evitá-las.

"Nós seguimos os mais altos padrões de precisão e responsabilidade e sempre trabalhamos para evitar danos as não combatentes", afirmou.

Naquele que é um dos mais longos conflitos no mundo hoje, os Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) invadiram o Afeganistão em 2001 para derrubar o governo da organização fundamentalista Talibã, acusado de dar abrigo a Osama bin Laden, responsável pelos atentados do 11 de Setembro daquele ano.

Hoje, forças da aliança militar ocidental mantêm uma missão no país para treinar e dar suporte militar às forças do governo afegão. Militares americanos também estão envolvidos diretamente em operações contra integrantes do Estado Islâmico baseados no país da Ásia Central.

Garantias

Washington negocia com o Talibã — que tem como base a etnia pashtun, majoritária no país — um acordo sob o qual as forças estrangeira se retirariam em troca de garantias de segurança, incluindo uma promessa de que o Afeganistão não se tornará um refúgio para grupos terroristas. Atualmente, o Talibã controla metade do país, mais do que em qualquer outra época desde 2001. O grupo recusou declarar um cessar-fogo antes da retirada de todas as forças estrangeiras do território afegão. Os negociadores americanos pretendem chegar a um acordo de paz antes de 1º de setembro.

Paralelamente aos esforços diplomáticos, os confrontos no país continuam, forçando civis a viverem sob a constante ameaça de serem alvos de atentados terroristas ou vítimas colaterais de combates em terra e ataques aéreos perpetrados pelo governo afegão e seus aliados ocidentais.

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