Editorial

Feminicídio e a falta de evolução do homem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h23

A defesa da honra, como era conhecido um crime no passado, pensariam alguns, não tem mais espaço nesses tempos modernos. Grande engano. O tresloucado ato de um homem matar a esposa, namorada, ex-companheira por simplesmente achar que ela cometeu alguma falha continua a fazer vítimas. A barbárie, que remete aos tempos medievais, choca, revolta e desfaz famílias deixando graves consequências, agora ganhou um nome: feminicídio.

A nova denominação permitiu identificar os crimes e também criar um raio-x do problema, quantificando os dados e revelando percentuais importantes para a definição das raízes do problema. E, como há séculos, as causas são similares. O ciúme e a recusa em aceitar o fim de uma relação continuam como estopim para a maioria de crimes do tipo.

No Maranhão, por exemplo, em 80% dos casos de feminicídios registrados, os autores tinham ou tiveram relação afetiva com a vítima. A exemplo do que ocorria no passado, os homens não aceitam terminar o relacionamento e querem selar com sangue o final da história.

A conclusão a que chega qualquer pessoa, por menos atenta que seja, é a de que no campo dos crimes de honra parece não ter havido evolução da humanidade. Por mais que o tempo passe, os homens mantém a mesma visão atrasada e distorcida em relação à mulher, da qual se consideram donos e, por isso, tudo podem fazer.

Outro detalhe que assusta é que 49% dos casos ocorreram na residência das vítimas, isto é, no local onde deveriam estar mais seguras e no qual só deixam entrar quem é próximo. Em um dos últimos casos, na cidade de Itapecuru-Mirim, segundo a polícia, um homem teria matado a mulher a facadas dentro de casa, depois se suicidou usando uma corda. Os corpos foram encontrados pelo filho do casal.

E esse modus operandi é comum. Em seis casos foi registrado suicídio do autor pós-feminicídio. Na verdade, segundo as autoridades, isso ocorre porque o autor que impõe a pena de morte à vítima não suporta o peso de ter que pagar na cadeia pelo crime que cometeu. E esse crime é ainda mais dilacerante, pois atinge a muitos, destrói a família, corrói o amor, abre espaço para a culpa, levanta a dúvida e muito mais. Os reflexos do crime ficam impressos e marcam todos os que rodeiam o casal.

Só neste ano, já são 28 casos de feminicídio registrados no Maranhão e os números, ao que tudo indica, tendem a crescer. É bom destacar que foram cinco registros só neste mês. Durante todo o ano passado ocorreram 45 crimes do tipo.

Entre tantas notícias ruins uma se destaca como positiva pelo fato de que pode contribuir para a diminuição desses crimes. Este ano, 17 suspeitos de feminicídio foram presos e estão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas; cinco são considerados foragidos da Justiça. A imputação de pena mais pesada é um alento, mas até o momento ainda parece não está surtindo o resultado esperado. A esperança é que essa realidade mude e as mulheres possam viver em paz.

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