Negociações

Reunião sobre acordo nuclear foi ''construtiva'', diz governo do Irã

Segundo Teerã, o encontro foi construtivo, mas nada concreto foi decidido, como já era esperado; o país persa continuará a violar termos do tratado até que os europeus tomem medidas efetivas para reduzir o impacto das sanções americanas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Representantes de países signatários do acordo nuclear participaram de reunião
Representantes de países signatários do acordo nuclear participaram de reunião (Reuters)

VIENA - Representantes dos países signatários do acordo nuclear iraniano se encontraram ontem,28, em Viena , na Áustria, para uma reunião de emergência em resposta a escalada das tensões entre o Irã e o Ocidente, que se acentuou nos últimos meses. Segundo Teerã, o encontro foi construtivo, mas nada concreto foi decidido, como já era esperado. Após as discussões, o país persa voltou a afirmar que continuará a violar o acordo até que os europeus tomem medidas efetivas para reduzir o impacto das restrições americanas.

Assinado em 2015 por Reino Unido, França Alemanha, Rússia, China, Estados Unidos e Irã, o acordo nuclear, que previa diversos limites ao programa nuclear iraniano em troca da suspensão das sanções , está no centro da crise que atinge o Oriente Médio.

O plano funcionou até 2018, quando Trump — que se refere ao acordo como "o pior da história" — decidiu abandoná-lo, adotando uma estratégia conhecida como "pressão máxima". A ideia é forçar Teerã a aceitar termos mais amplos não apenas sobre o programa nuclear, mas sobre a própria maneira do país agir no Oriente Médio. Para isso, buscalimitar as exportações do petróleo iraniano, a principal fonte de renda do país, a zero.

A estratégia americana vem causando estragos consideráveis à economia de Teerã, afetada também pela falta de produtos de todos os gêneros, inclusive medicamentos. Em resposta, o país deixou de cumprir alguns de seus compromissos relacionados ao acordo, como sobre os estoques de material nuclear, e garante continuar a fazê-lo até que os outros signatários do acordo de 2015, especialmente os europeus, atuem para minimizar os impactos das sanções.

"Todas as medidas que tomamos até o momento são reversíveis caso as outras partes do acordo cumpram com suas obrigações", disse um diplomata iraniano à Reuters antes da reunião, referindo-se a ultrapassagem do limite permitido de estoque de urânio enriquecido e ao enriquecimento de urânio a 4,5%, acima dos 3,67% previstos no pacto.

Crise marítima

A reunião em Viena foi convocada após o acirramento da crise marítima nas últimas semanas. O principal negociador nuclear iraniano, Abbas Araqchi, disse que o impasse naval não foi resolvido durante o encontro deste final de semana, mas que uma série de compromissos foram acordados para aliviar as tensões.

A crise naval se intensificou no final de junho, quando forças britânicas capturarem um navio iraniano , o Grace 1, nas proximidades do enclave em Gibraltar. Segundo Londres, o navio levava combustível para a Síria, violando restrições do bloco europeu a Damasco. As sanções da UE, entretanto, só devem ser respeitadas por seus membros, não sendo obrigatórias para outros países, como o Irã.

Em resposta, o país persa tentou apreender o navio britânico British Heritage , mas o petroleiro conseguiu seguir viagem graças à intervenção de uma fragata britânica que realizava sua escolta. Em seguida, entretanto, conseguiu confiscar o panamenho MT Riah e a embarcação inglesa Stena Impero .

Nesta semana, após os confiscos realizados por Teerã, o Reino Unido divulgou um plano para a criação de uma coalizão naval europeia para garantir a segurança das embarcações que cruzam o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% de todo o petróleo comercializado no mundo. França, Itália e Dinamarca demonstraram apoio inicial ao projeto.

Teerã, contudo, afirma que a segurança da região é de responsabilidade dos governos do Irã e de Omã e que a presença estrangeira só trará mais conflitos: "A presença de forças estrangeiras não vai ajudar na segurança da região e vai acabar se transformando no principal foco de tensão", disse o presidente iraniano Hassan Rouhani.

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