Governo

Debate nacional expõe contradições do governador Flávio Dino

Opiniões do chefe do Executivo maranhense sobre rumos da gestão federal não se lastreiam em ações em âmbito estadual

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
(Flávio Dino)

As recentes críticas diretas do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), a Flávio Dino (PCdoB) acabaram inserindo definitivamente o governador do Maranhão no debate nacional.

Mas a entrada do comunista nessa arena – nitidamente de olho numa possível candidatura a presidente em 2022 – também exacerbou as contradições do seu governo em nível local.

Dino, por exemplo, tem feito reiteradas críticas à Reforma da Previdência.

Já neste fim de semana, por exemplo, voltou a tratar do tema, em entrevista à Veja. Disse que não apoiou o texto apresentado pelo governo Bolsonaro, mas ponderou que a versão aprovada em primeiro turno pela Câmara já era melhor que a inicial.

Enquanto opina sobre a Previdência nacional, no entanto, Dino acumula déficits seguidos na Previdência estadual.

Nos últimos exercícios financeiros, os gastos do Governo do Estado com pensões e aposentadorias têm sido, em média, entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões a mais do que o arrecadado.

Além disso, no final do mês de março deste ano, a Secretaria de Estado do Planejamento e Orçamento (Seplan) publicou um “Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Próprio de Previdência dos Servidores” no qual admite que – se mantidas as regras atuais - já em 2022, último ano do governo Flávio Dino, o déficit acumulado da Previdência estadual será de R$ 3,1 bilhões.

Economia - Durante a semana, o deputado estadual Adriano Sarney (PV) tocou em outro ponto sensível ao governador maranhense: a economia.

Ao comentar medidas do governo Bolsonaro para contornar a crise – sobretudo a liberação de saques do FGTS -, Dino acabou confrontado com o resultado da economia maranhense no seu próprio governo.

“Liberação de pequena parcela do FGTS é muito pouco diante de uma economia paralisada e com 13 milhões de desempregados. É urgente a ampliação de obras públicas. E um programa emergencial de socorro a famílias endividadas, para melhorar demanda. Há caminhos. Mas é preciso ter foco no Brasil”, propôs Flávio Dino.
Adriano destacou que, com resultados econômicos tão ruins no Maranhão, o comunista não tem autoridade para criticar o governo federal.

“Quem é Dino para falar em economia nacional? Antes dele o PIB daqui crescia acima da média nacional. Hoje cai mais do que a de outros estados. O número de pobres aumentou em 300 mil, o desemprego disparou, o governo quebrou… Cinismo incontrolável”, completou.

Investigações - As investigações de supostos crimes praticados na administração pública também foi tema de debate.

Na quinta-feira, 25, o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB), liderança mais ligada ao governador Flávio Dino no Maranhão, foi às redes reclamar do fato de que o Ministério da Justiça, via Polícia Federal, é quem está conduzindo investigações no caso dos vazamentos de informações hackeadas do celular de Sergio Moro, atual ministro da Justiça.

Num tuíte, o comunista levanta a questão como uma forma de lançar suspeitas sobre o trabalho investigativo.

“Ministro Sergio Moro conduz investigações sobre informações que revelam crimes praticados por…ele mesmo, Sergio Moro. Só pra lembrar!”, declarou.

A declaração de Jerry fez lembrar situação parecida no governo Dino. Há algumas semanas surgiram no Maranhão denúncias – feitas por dois delegados da Polícia Civil – de que o secretário de Estado da Segurança, Jefferson Portela, estaria espionando irregularmente políticos, magistrados e outras autoridades.

E quem investiga o caso é a Polícia Civil, estadual, comandada pelo próprio Portela.

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