Economia

Coreia do Norte tem maior recessão em 21 anos

Segundo Seul, PIB norte-coreano registrou segunda queda consecutiva em 2018; índice é o pior desde que dados começaram a ser divulgados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
O líder Kim Jong-un assiste lançamento de míssil norte-coreano
O líder Kim Jong-un assiste lançamento de míssil norte-coreano (Reuters)

SEUL - A economia da Coreia do Norte em 2018 registrou a maior queda em 21 anos, afetada por sanções internacionais que buscam reduzir seu programa nuclear e por uma grave seca, informou o banco central da Coreia do Sul na sexta-feira,25. Segundo Seul , o Produto Interno Bruto (PIB) do país vizinho registrou sua segunda recessão consecutiva, retraindo 4,1% em termos reais. Em 2017, o recuo foi de 3,5%.

Pyongyang não divulga suas estatísticas econômicas, mas o governo sul-coreano publica suas estimativas baseadas em informações de fontes diversas, incluindo agências comerciais, desde 1991.

"Sanções que foram adicionadas e endurecidas em 2017 e a seca que atingiu o setor agrícola, que representa mais de 20% do PIB, tiveram impacto severo na economia norte-coreana", disse Park Yung-hwan, do Banco Nacional da Coreia do Sul.

De acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira, as exportações norte-coreanas se retraíram quase 90% em 2018, afetadas pelas restrições econômicas, a pior queda desde que os dados começaram a ser divulgados. Como resultado, as transações comerciais internacionais de Pyongyang registraram queda de 48,4% no ano passado.

Na semana passada, o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e doCrescente Vermelho alertou que os índices de desnutrição no país estavam aumentando devido à seca, que deverá limitar a produção agrícola norte-coreana à metade do esperado. Segundo o Programa Mundial Alimentar da ONU, as produções de trigo e cevada registraram queda de 20%.

Na década de 1990, cerca de um milhão de pessoas morreram na Coreia do Norte durante uma grave crise de fome.

Negociações em xeque

A calamitosa situação econômica tem motivado a Coreia do Norte a negociar uma redução das sanções com os Estados Unidos e com a Coreia do Sul , que buscam a desnuclearização de Pyongyang.

Com mediação de Seul, Donald Trump e Kim Jong-un se encontraram pela primeira vez em junho de 2018 — algo inédito para um presidente americano e um líder norte-coreano — fazendo vagas promessas para um acordo sobre o programa atômico norte-coreano. Em fevereiro, contudo, uma cúpula bastante esperada entre os dois países acabou sem acordo e antes do previsto , interrompendo negociações. Segundo os EUA, as conversas chegaram a um impasse quando os norte-coreanos exigiram a suspensão de todas as sanções em troca de uma desnuclearização parcial, sem abrir mão das armas nucleares.

No final de junho, a possibilidade de novas conversas voltou à cena, quando Trump e Kim se encontraram na Zona Desmilitarizada entre as duas Coreias. Na ocasião, os dois lados se comprometeram a estabelecer novas datas para conversas bilaterais, focando no programa nuclear e de desenvolvimento de mísseis balísticos dos norte-coreanos.

As negociações, contudo, foram colocadas em xeque por Pyongyang na semana passada devido à realização de manobras militares conjuntasentre a Coreia do Sul e os Estados Unidos. Na iminência dos exercícios anuais, o governo norte-coreano testou o lançamento de dois mísseis na quinta-feira. De acordo com Pyongyang, os projéteis representam um "novo tipo" de armamento e são uma "solene advertência" aos setores mais agressivos na Coreia do Sul, lançando dúvidas sobre o papel do Sul como mediador das conversas entre Washington e Pyongyang.

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