Chacina

Acusados de chacina vão ser submetido a júri popular

O soldado Hamilton Caíres e o vigilante Evilásio Lemos, foram pronunciados pela morte de três jovens no povoado Coquilho; julgamento ainda sem data marcada

Ismael Araújo

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Hamilton Caíres e Evilázio Lemos pronunciados a júri popular
Hamilton Caíres e Evilázio Lemos pronunciados a júri popular (Chacina)

SÃO LUÍS - O policial militar Hamilton Caíres Linhares e o vigilante Evilásio Lemos Ribeiro Júnior foram pronunciados a júri popular pelo juiz titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Gilberto de Moura Lima. Eles são acusados da execução dos jovens Gildean Castro Silva, Gustavo Feitosa Monroe e Joanderson da Silva Diniz, no dia 3 de janeiro deste ano, em uma área de construção residencial do programa federal Minha Casa, Minha Vida, no Coquilho, zona rural da capital.

O magistrado manteve, também, a prisão preventiva dos acusados. Ele ainda afirmou que há divergências entre as versões apresentadas pelos acusados e as testemunhas, competindo ao tribunal popular apreciar as versões. O militar e o vigilante estão sendo acusado de homicídio qualificado por motivo fútil, crueldade, à traição, emboscada, ou mediante a dissimulação. “Diante da existência de indícios de autoria e participação, demonstrada a materialidade dos fatos, preenche-se, pois, os requisitos de admissibilidade da acusação em relação a todos os acusados”, disse o juiz.

Audiência

A audiência de custódia ocorreu no dia 14 do mês passado, no Fórum Des. Sarney Costa, no Calhau. Foram ouvidas 21 testemunhas, entre familiares das vítimas, vigilantes e policias militares, que prestavam serviço de segurança para empresa responsável pela obra. Os acusados também foram interrogados pelo magistrado. Atuou na acusação o promotor de Justiça Agamenon Batista de Almeida Júnior, enquanto a defesa do réu Evilásio foi feita pelo advogado Fabiano de Cristo e do militar por Pedro Ribeiro Júnior.

Denúncia

Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), no dia do crime, as vítimas saíram de casa, em duas bicicletas, para a localidade conhecida como "Romão", área de banho e pesca. A estrada de acesso estava localizada dentro da construção do empreendimento do programa do Governo Federal "Minha Casa, Minha Vida". Por volta das 14 h, os jovens foram avistados por um dos seguranças da empresa Ostensiva, que avisou aos seus companheiros de serviço a possível entrada de invasores.

Alguns vigilantes e o policial militar Hamilton Caíres Linhares, contratado extraoficialmente pelo dono da empresa para dar suporte de segurança, foram em direção ao local em que os jovens estariam. Ainda, de acordo com a denúncia, os vigilantes foram se dispersando pelo caminho e, conforme o depoimento dos próprios denunciados, eles dois chegaram à entrada do matagal em que os corpos foram encontrados. Consta nos autos que Hamilton Caires e Evilásio Lemos renderam os jovens, sendo que o militar estava armado.

De acordo com o laudo em Local de morte violenta, pela posição em que os corpos foram encontrados, a primeira vítima estaria em pé ou de joelhos quando o disparo foi efetuado; e a segunda e terceira estavam deitadas com uma das mãos na cabeça quando foram alvejadas, sendo que o projétil atravessou a mão e entrou na cabeça, ficando alojado.

O órgão ministerial acusou Hamilton Caíres de ter efetuado os disparos e Evilásio Lemos, de atuar na rendição dos três rapazes. Os corpos e duas bicicletas somente foram encontrados no dia seguinte, quando os familiares sentiram falta dos jovens e saíram em buscas nas imediações da estrada do "Romão", junto com outros moradores, encontrando um óculos na trilha que dava acesso ao local, depois comprovado que pertencia a Evilásio Lemos.

Interrogado

Ao ser interrogado, o vigilante negou a autoria do crime, confessando em seu primeiro depoimento, que esteve na entrada do matagal com o policial, mas não entrou no local, e ouviu três disparos de arma de fogo. No segundo depoimento, ele disse que entrou depois do militar e, como não mais avistou o PM e as vítimas, voltou para a motocicleta.

Enquanto, Hamilton Caires negou qualquer envolvimento no delito e disse que apenas desferiu um tiro para cima para assustar os supostos invasores, dizendo que nem chegou a vê-los. Quando foi solicitado que entregasse sua arma para realização de exame de comparação balística com os projéteis retirados dos corpos e do local do crime, ele disse que perdera a arma, estojo e carregador, no mês de outubro de 2018, embora não tenha noticiado o fato à corporação policial.

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