Vida Educação

Evasão do ensino superior: entenda quais são as causas e como evitá-las

Problema atinge cerca de 30% das matrículas nas instituições de ensino superior privada; vários fatores contribuem para a evasão do ensino superior no Brasil, como falta de identificação com o curso e dificuldade para conciliar trabalho e estudos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Jean Pablo conseguiu voltar à graduação, mas nem todos voltam, conforme Rebeca Murad
Jean Pablo conseguiu voltar à graduação, mas nem todos voltam, conforme Rebeca Murad

Jean Pablo conseguiu voltar à graduação[/fotolegenda]As instituições de ensino superior, públicas e privadas perdem anualmente 25,9% dos jovens que ingressam nos cursos presenciais, segundo levantamento feito pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). Nas instituições privadas, essa taxa é ainda maior, 28,5%.

O jovem Christian Figueredo faz parte desta estatística. Em 2016, ele abandonou o curso de Eletroeletrônica, após conseguir um emprego. “Eu não tinha como conciliar os dois e como precisava mais do emprego, deixei os estudos”, lembra.

De acordo com a subdiretora do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Maranhão (Sinepe-MA), Rebeca Rodrigues Murad, assim como a dificuldade enfrentada por Christian Figueredo, há vários outros fatores que contribuem para a evasão do ensino superior no Brasil. “Muitos fatores podem ser atribuídos à evasão no ensino superior, que representa cerca de 30% das matrículas nas instituições privadas de ensino superior”, frisa.

As questões acadêmicas, por exemplo, contribuem para a situação. “Dificuldade para acompanhar o conteúdo, falta de identificação com o curso, incerteza de que o que está aprendendo será útil para sua carreira profissional ou mesmo conciliar trabalho e estudos levam o aluno a desistir da formatura”, explica.

Sem identificação
Falta de identificação com o curso foi a dificuldade encontrada pelo estudante Jean Pablo, há seis anos, quando entrou no curso de Engenharia de Controle e Automação, e não se identificou. “Havia acabado de sair do ensino médio e queria entrar logo em uma faculdade, mas não sabia exatamente qual engenharia queria seguir. Foi então que comecei o curso e não me identifiquei, sabe? Não era aquilo que queria seguir como profissão. Ainda consegui permanecer por um ano no curso, saí, e fui para o curso que realmente queria”, conta, a poucos meses de concluir a graduação em Engenharia Mecânica.

Ao contrário de Jean Pablo, muitos não voltam para a graduação, seja por falta de identificação com o curso ou por dificuldades financeiras. “Questões financeiras são apontadas como a principal razão para o abandono dos estudos. Para se ter uma ideia, em alguns cursos a taxa de evasão ultrapassa os 50%”, relata Rebeca Murad.

Apesar de parecer ser a saída para reduzir a evasão, as diversas formas de financiamento não têm solucionado o problema. De acordo com a subdiretora do Sinepe-MA, a crise econômica que vive o Brasil e a reformulação dos programas de financiamento estudantil, refletem diretamente no número de alunos matriculados. E a perspectiva não é nada animadora. “A principal forma de ingresso para o ensino superior - o Enem - vem decrescendo vertiginosamente. Em 2017, foi registrada queda de 29,1% em comparação ao ano anterior e, em 2018, esse número foi 9,8% menor. Nos últimos anos, instituições de ensino privadas têm buscado novas formas de viabilizar o acesso a estudantes com baixa capacidade de pagamento, especialmente por meio de financiamentos próprios ou com bancos privados”, destaca Rebeca Murad.

[e-s001]Solução
“Para atrair e manter os estudantes, o ensino superior privado brasileiro deve investir em qualidade do ensino. A criação de programas de nivelamento, tutoria e acompanhamento do desempenho do estudante podem favorecer a maior retenção e garantir que o aluno conclua a graduação”, defende Rebeca Murad.

Investir em tecnologia
“Em uma época em que todos estamos conectados o tempo inteiro em nossos dispositivos móveis, não convém ensinar usando somente quadro-lousa e pincel, não é mesmo? O investimento em tecnologia nas salas de aula é tão necessário. E não apenas para as disciplinas que requerem computadores conectados à internet, mas também tantas outras, cujos conteúdos serão melhor transmitidos ao contar com esse suporte tecnológico”, orienta.

Formas de pagamentos flexíveis
“Como dito anteriormente, a dificuldade financeira é um impeditivo comum na vida do universitário que tranca ou mesmo abandona o curso. Logo, é fundamental que ele tenha a seu dispor formas de negociar esses pagamentos, principalmente se esse for o único empecilho para ele continuar estudando”.

Para finalizar, Rebeca Murad lembra que a evasão escolar é um problema que pode prejudicar as faculdades particulares em vários sentidos. “Além de sofrer danos na parte financeira, a credibilidade da organização também pode ser colocada em dúvida. Portanto, reunir os responsáveis pela organização de ensino e apresentar as soluções para melhorar, ao máximo, a retenção de alunos é o melhor caminho a seguir”, finaliza.

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