Perda

Yukiya Amano, chefe de agência nuclear da ONU, morre aos 72 anos

Diplomata japonês estava à frente da AIEA desde 2009, dirigindo o órgão durante uma série de crises diplomáticas; argentino é um dos favoritos à sucessão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Yukiya Amano, chefe da AIEA, faleceu ontem, aos 72 anos
Yukiya Amano, chefe da AIEA, faleceu ontem, aos 72 anos (Reuters)

VIENA - A Agência Internacional de Energia Atômica ( AIEA ) anunciou ontem, 22, a morte de seu diretor-geral, o japonês Yukiya Amano , aos 72 anos. Já estava previsto que o diplomata abandonasse seu posto em março de 2020, em razão de uma doença não especificada que o debilitou durante o último ano.

Amano atuava como diretor-geral da AIEA desde 2009, sucedendo Mohamed El Baradei e comandando a agência durante uma série de crises diplomáticas relacionadas aos programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte .

O diplomata japonês insistia em que seu papel era de natureza técnica, e não política, indo na contramão de ElBaradei, que entrou em choque com os Estados Unidos em relação ao programa nuclear do Irã e demonstrava menos cautela ao abordar assuntos polêmicos.

Em setembro do ano passado, a agência havia anunciado que seu diretor-geral fora submetido a uma cirurgia, mas a razão dos problemas de saúde foi mantida em sigilo. Desde então, a cada aparição pública, Amano parecia mais frágil. Ele estava em seu terceiro mandato à frente da agência e anunciaria sua renúncia ontem,22.

"Um homem de extraordinária dedicação e profissionalismo, sempre a serviço da comunidade global da maneira mais imparcial possível. Eu nunca vou esquecer o trabalho que nós realizamos juntos. Para mim, foi um grande prazer e privilégio trabalhar com ele", tuitou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini .

A morte do diplomata coincide com a escalada das tensões entre o Irã e os Estados Unidos e seus aliados, resultado da saída americana do acordo nuclear de 2015. Pelo tratado, os iranianos se comprometiam a limitar seu programa atômico em troca do alívio das sanções americanas.

Após Trump sair do acordo, entretanto, os EUA voltaram a impor restrições econômicas que buscam reduzir a zero as exportações iranianas de petróleo, principal fonte de renda do país persa. No último mês, o Irã anunciou que romperia vários limites de produção de urânio enriquecido estabelecidos pelo pacto, que é fiscalizado pela AIEA, e ameaça continuar a fazê-lo até que os países europeus signatários se mobilizem para reduzir o impacto das sanções.

Argentino é favorito

Ainda não está claro quem sucederá Amano na liderança do principal organismo de fiscalização nuclear do mundo, mas as discussões sobre possíveis nomes começaram na semana passada, quando ficou claro que o japonês não terminaria seu mandato.

Um porta-voz da AIEA disse à Reuters que o Secretariado das Nações Unidas está em contato com conselheiros da agência para discutir os próximos passos. Mary Alice Hayward , vice-chefe do órgão, assumirá o posto interinamente até que um novo nome seja anunciado.

Entre os favoritos na disputa estão Rafael Grossi , diplomata veterano que representa a Argentina na AIEA, e o romeno Cornel Feruta , chefe de Gabinete de Amano.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.