Artigo

Pedro Leonel Pinto de Carvalho

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24

Eu e Pedro Leonel somos de uma mesma geração e estudamos na mesma instituição de nível superior: a Faculdade de Direito de São Luís, onde recebemos, em datas diferenciadas, o diploma de Bacharéis em Ciências Jurídicas e Sociais, após o que percorremos caminhos profissionais que não se cruzavam.

Enquanto eu optei pela atividade jornalística e pelo serviço público, ele, aluno brilhante, abraçou de corpo e alma o exercício da advocacia, à qual se dedicou e pontificou com profissional competente, correto, honesto e sério.

Paralelamente à advocacia, Pedro Leonel devotava ao jornalismo uma atenção toda especial, daí porque, ao longo de sua ativa vida profissional, escrevia artigos, quase sempre polêmicos, nos jornais da cidade, nos quais expunha corajosa e brilhantemente o que pensava sobre atos, episódios e acontecimentos locais, nacionais e internacionais, em que registrava de modo lúcido a sua destemida posição política, assumidamente de direita, mas sem temer a censura ou se preocupar com o julgamento de setores vinculados à esquerda.

Nesse particular, como eu esposava sentimentos e posições políticas contrárias a de Pedro Leonel, nem por isso deixei de manter com ele uma relação amistosa e de respeito, a partir da década de 1960, quando publicava os seus ruidosos artigos ou crônicas de críticas aos costumes sociais e ao comportamento humano, no Jornal do Maranhão, vinculado à Arquidiocese, e dirigido pelo seu primo, o padre Leonel Carvalho, que anos mais tarde, abandonou a batina.

Com o fechamento do Jornal do Maranhão, passou a publicar os seus trabalhos jornalísticos, sempre coerentes com o seu pensamento político, em outros jornais, dentre os quais O Imparcial e mais recentemente O Estado do Maranhão.

Da personalidade desse notável mestre da Ciência do Direito, merece também ser ressaltada a sua implacável vigilância com vistas às notícias veiculadas pelos meios de comunicação, que revelavam práticas desonestas de agentes públicos, contra os quais ele espontaneamente movia ações para a reparação de danos causados à sociedade.

Num dos últimos encontros que tive com Pedro Leonel, lembrei o quanto seria de bom tom que reunisse as suas melhores crônicas em um livro, a fim de a posteridade lembrar sempre de seu talento e de sua versatilidade intelectual.

Não me disse sim e não, mas no dia seguinte mandou-me um livro de sua autoria, intitulado “Crônicas entre aprazíveis e desprezíveis” e com um oferecimento, que mostrava em toda a plenitude o seu espírito criativo: “Ao emérito historiador Benedito Buzar, para que talvez encontre nestas crônicas alguma que lhe sirva de contraponto à História”.

Para atender o que o ilustre advogado e valoroso escritor, sugere no seu livro, encontrei em uma de suas crônicas, intitulada “Sarney, um quase estadista da República” o assunto que me serve de contraponto à História.

Ei-lo: “No Maranhão falta a Sarney oposição sincera e autêntica. Adoram chamá-lo de oligarca, mas estão desavisados esses opositores que não existe oligarquia quando um grupo político, de parentes ou sócios, é guindado ou mantido no poder pela legitimação que lhe outorga o voto popular”.

Continua: “Em episódio bem recente, viu-se que um grupo político de esquerda, adversário do velho oligarca, como o chamam, chegou a empolgar o governo estadual por curto período, dele defenestrado pela Justiça Eleitoral”.

BENEDITO BUZAR

Presidente da Academia Maranhense de Letras

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