Meio ambiente

Bolsonaro: dados do Inpe dificultam negociações comerciais

Presidente voltou a criticar números divulgados pelo Inpe sobre desmatamento no Brasil

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Inpe divulgou dados sobre o desmatamento na Amazônia e contrariou presidente Jair Bolsonaro
Inpe divulgou dados sobre o desmatamento na Amazônia e contrariou presidente Jair Bolsonaro (Bolsonaro)

BRASÍLIA

Após questionar dados de desmatamento na Amazônia, o presidente da República Jair Bolsonaro afirmou ontem que a divulgação de informações ambientais diretamente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) “dificulta” negociações comerciais conduzidas pelo governo brasileiro com outros países e citou o acordo fechado recentemente entre o Mercosul e a União Europeia.
Bolsonaro declarou que, na medida em que, atualmente, o mundo todo "leva em conta" a questão ambiental, não pode ocorrer divulgação de dados sobre desmatamento sem que ele tenha conhecimento previamente para não ser surpreendido e correr o risco de "pego de calças curtas".
Jair Bolsonaro questionou os da­dos divulgados pelo Inpe sobre o aumento do desmatamento na Amazônia na última sexta-feira, 19. Na ocasião, ele afirmou a jornalistas estrangeiros que, se existisse toda a devastação que o mundo acusa o Brasil de estar fazendo e de ter feito no passado, "a Amazônia já teria se extinguido".
Na mesma entrevista, o presidente levantou suspeita de que o diretor do Inpe Ricardo Magnus Osório Galvão estaria "a serviço de al­guma ONG".
O dirigente do instituto respondeu ao presidente no dia seguinte negando as acusações e reafirmando a veracidade dos dados sobre desmatamento divulgados pelo Inpe.
Também no sábado (20), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais afirmou, por meio de nota, que sua política de transparência permite o acesso completo aos dados e acrescentou que a metodologia do instituto é reconhecida internacionalmente.
A declaração de Bolsonaro colocando em dúvida a credibilidade dos dados sobre desmatamento divulgados pelo Inpe motivou uma manifestação pública de apoio ao instituto por parte do Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A entidade divulgou um manifesto em apoio ao instituto no qual destacou que, "em ciência, os dados podem ser questionados, porém, sempre com argumentos científicos sólidos, e não por motivações de caráter ideológico, político ou de qualquer outra natureza".
"Críticas sem fundamento a uma instituição científica, que atua há cerca de 60 anos e com amplo reconhecimento no país e no exterior, são ofensivas, inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico", diz trecho do manifesto divulgado pelo conselho que reúne cientistas brasileiros.
De acordo com números divulgados pelo Inpe no início deste mês, o desmatamento na Amazônia Legal brasileira atingiu 920,4 km² em junho, um aumento de 88% em comparação com o mesmo período do ano passado.

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